Filhos de mulheres portadoras do vírus HIV necessitam de acompanhamento do desenvolvimento físico e psíquico, indica pesquisa realizada na Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). O trabalho coordenado pela professora do curso de fisioterapia Cristina Cardoso de Sá acompanhou 54 bebês de soropositivas na Seção Núcleo Integrado de Atendimento à Criança de Santos, no litoral paulista.
Cristina explica que essas crianças podem ter problemas no desenvolvimento das habilidades devido a complicações causadas pelo vírus ou até pelos medicamentos contra a infecção.
— Muitas vezes, o vírus mais o antirretroviral causaram um dano cerebral. Aí, uma intervenção mais direcionada a essa criança é necessária. Isso vai acontecer em um período mais precoce, pensando que é nesse período que a gente tem uma plasticidade cerebral maior.
Cristina destacou a importância de um acompanhamento diferenciado nas primeiras semanas de vida. Os testes que mediam o desempenho das crianças nos primeiros dias de vida (de 15 dias a dois meses e meio) indicaram resultados inferiores aos esperados nessa fase. Os bebês foram avaliados quanto a desenvoltura cognitiva, de linguagem e motora.
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Nas avaliações posteriores, no entanto, o desenvolvimento do grupo estudado se aproximou do esperado para a idade.
— A maioria delas não manteve isso [baixo desempenho], apresentando um desempenho de médio a médio-baixo ou até mesmo médio-superior.
A especialista acompanhou as crianças até os 18 meses de vida. Apesar de a maior parte das crianças avaliadas apresentarem melhorias, uma parte dos bebês continuou abaixo do esperado.
— São crianças que a gente precisa ficar de olho, porque várias delas apresentaram desempenho inferior em relação à parte cognitiva e de linguagem. Em relação à parte motora se resolvia.
Entre os fatores que interferem na avaliação dos bebês está o ambiente em que eles vivem.
— Estudos já estão sendo desenvolvidos analisando os outros fatores que interferem nesse desenvolvimento das crianças.
O estudo avaliou ainda as impressões da equipe do núcleo sobre o trabalho desenvolvido pelos pesquisadores da Unifesp. De acordo com Cristina, as entrevistas indicaram que os trabalhadores do equipamento público acreditam que “o acompanhamento do desenvolvimento neuropsicomotor é fundamental”. Na avaliação dela, isso indica que há “uma demanda para o acompanhamento do desenvolvimento neuropsicomotor dessa população”.