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“Eu não tinha esperança de viver tanto tempo”, diz mulher que contraiu Aids do namorado há 27 anos

Autora do livro Depois Daquela Viagem, Valéria Polizzi conta como convive com a doença

Saúde|fgrillo

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Uma viagem de navio para a Argentina com a família mudou para sempre a vida da paulistana Valéria Polizzi. Nas férias de dezembro, ela — na época com 16 anos — conheceu um garoto com quem começou a namorar. Seis meses depois, teve sua primeira relação sexual sem camisinha. Resultado? Foi infectada pelo vírus HIV. Desde então, seus planos de vida precisaram ser repensados, especialmente porque “os médicos ainda estavam aprendendo a lidar com a doença e o remédio fazia efeito por no máximo um ano”.  Superando todas as expectativas, Valéria completou 43 anos, sendo 27 deles com Aids, fez faculdade de jornalismo, escreveu sua biografia, se casou e continua amando viajar. No Dia Mundial de Luta Contra a Aids, lembrado nesta segunda-feira (1º), ela abre o coração ao R7. Confira!   Texto e entrevista: Fabiana Grillo, do R7
R7: Você disse que contraiu o vírus HIV do seu namorado. Como foi seu contato com ele depois disso?   Valéria Polizzi: Na época que transei com ele tinha 16 anos, mas só descobri a doença dois anos mais tarde por causa de uma dor no estômago. A gente já havia terminado o relacionamento há mais de um ano e nunca pensei em tirar satisfação. Acho que a decisão de não usar camisinha tem que ser compartilhada, a irresponsabilidade é 50% de cada um. Na época, também se falava pouco de camisinha Quer saber mais detalhes da vida de Valéria? Assista ao vídeo
R7: Embora você tenha tido uma experiência que mudou o rumo de sua vida em uma viagem, essa continua sendo uma das suas maiores paixões?   Valéria Polizzi: Várias viagens mudaram a minha vida. Conheci meu namorado em uma viagem de navio e me infectei com o vírus HIV. Já infectada, fui estudar inglês em San Diego, nos Estados Unidos, e mudei a minha visão da doença. Enquanto no Brasil se dizia que a Aids matava, lá vi a expressão “vivendo com HIV e Aids”. Nos EUA, também conheci outras pessoas soropositivas, participei de grupos de apoio e pude ter mais esperança no tratamento. A terceira viagem que marcou a minha vida foi quando conheci meu ex-marido. Como ele também fiz várias viagens que vão ficar para sempre na memória Quer saber mais detalhes da vida de Valéria? Assista ao vídeo
R7: Você recebeu o diagnóstico da Aids em uma época que a doença era associada a gays e à morte. Por algum instante passou pela sua cabeça que conviveria com o vírus por 27 anos?  Valéria Polizzi: Eu não tinha nenhuma esperança de viver tanto tempo, até porque os próprios médicos diziam que a expectativa de vida era de, no máximo, dez anos. Por outro lado, não tinha medo da morte. Na época, a única medicação para a Aids era o AZT, que fazia efeito por oito a 12 meses. Então, como eu poderia planejar o futuro? Entrei na faculdade com 20 anos e larguei em três meses porque fiz as contas e percebi que não daria tempo de terminar. Em 1997, com a chegada do coquetel, tudo mudou Quer saber mais detalhes da vida de Valéria? Assista ao vídeo
R7: O que mudou depois do coquetel?  Valéria Polizzi: O coquetel mudou a visão de dez anos de vida. A Aids passou a ser encarada como uma doença crônica. O AZT ainda faz parte do coquetel, mas ele não é consumido sozinho. O remédio pode ser usado com várias combinações, de acordo com cada caso. O tratamento não só aumentou meu tempo de vida, mas também a qualidade. Dessa forma, pude voltar a estudar, me formei em jornalismo com 33 anos, viajei muito, escrevi meu livro, namorei, casei e reaprendi a fazer planos Quer saber mais detalhes da vida de Valéria? Assista ao vídeo
R7: Depois de 27 anos convivendo com a Aids, você acredita que mudou alguma coisa em relação ao preconceito?  Valéria Polizzi: Antigamente, a Aids era tão assustadora quanto o ebola é hoje. Nem os médicos estavam acostumados a ver mulher com HIV. Apesar de o preconceito ter melhorado muito, ainda é uma doença que as pessoas têm vergonha de falar ou, pior, nem sabem que são soropositivos porque não fazem o exame. Quando descobri, os próprios médicos orientavam a gente a não contar para ninguém, porque crianças eram expulsas de escolas, se perdia o emprego e assim vai. Tanto é que demorei anos para contar para a família e os amigos Quer saber mais detalhes da vida de Valéria? Assista ao vídeo
R7: Descobrir uma doença sem cura gera muito estresse e geralmente é importante e indicado o acompanhamento psicológico. Quanto você ficou abalada emocionalmente?  Valéria Polizzi: Qualquer pessoa que tem uma doença crônica tem 50% a mais de chance de ter depressão. É muito estresse ter que lidar com tantos medicamentos, pensar que você pode desenvolver complicações, visitar o médico com frequência etc. Já tive depressão, recaídas e tomo antidepressivo. Por muito tempo fiz acompanhamento psicológico e quando não me sinto bem volto a fazer. Além disso, faço ioga e meditação que também me ajudam nessa questão Quer saber mais detalhes da vida de Valéria? Assista ao vídeo
R7: A publicação do livro Depois Daquela Viagem ocorreu quase dez anos após o seu diagnóstico. Você tinha medo de mostrar para o Brasil que é portadora do vírus HIV?   Valéria Polizzi: Meu maior medo era que a mídia me colocasse como vítima e esse não era meu objetivo. Meu pai foi resistente, pois tinha medo de eu fechar as portas profissionais. Conversamos muito e ele acabou aceitando. Passei três anos escrevendo e consegui colocar o livro dentro das escolas, inclusive na América Latina. Durante meses e meses, ele ficou na lista dos mais vendidos, foi traduzido para várias línguas e abriu portas para outros trabalhos de educação sexual. Comecei a ser chamada para dar palestras e durante oito anos tinha uma coluna na revista Atrevida, que abordava questões da adolescência. Fizemos uma coletânea desses textos para transformar no livro Papo de Garota Quer saber mais detalhes da vida de Valéria? Assista ao vídeo
R7: Como foi ter a primeira relação sexual após o diagnóstico?  Valéria Polizzi: Demorou muito e isso é comum. Quando a gente descobre a Aids, temos medo de nos relacionar novamente, já que o parceiro pode não aceitar e sempre há dúvida de como e quando contar sobre a doença para o outro. A Aids tem um lado social muito complicado. Mais tarde, você entende que o tratamento com a medicação reduz a quase zero o risco de você infectar o parceiro e isso nos dá um alívio enorme para iniciar um relacionamento. Mesmo assim, é imprescindível usar a camisinha Quer saber mais detalhes da vida de Valéria? Assista ao vídeo
R7: Quando você conseguiu se apaixonar novamente?   Valéria Polizzi: Conheci meu ex-marido em uma viagem para a Nova Zelândia logo após o lançamento do livro, em 1997. Resolvi fazer um mochilão para saber como os jovens de outras partes do mundo encaravam a Aids. No grupo, eu era a única brasileira e percebi que havia um austríaco me paquerando. Na primeira oportunidade, já contei que sou soropositivo. Ele aceitou e, entre namoro e casamento, ficamos juntos por 12 anos. Mas, no ano passado, nos separamos  Quer saber mais detalhes da vida de Valéria? Assista ao vídeo
R7: Você tinha vontade de ter filhos?  Valéria Polizzi: O HIV nunca foi um impedimento. Com o decorrer do tempo, ficou claro que uma mulher com o vírus pode engravidar, já que o risco de contaminação do bebê é menor que 1%. No entanto, nossa vida sempre foi baseada em viagens, éramos mochileiros de carteirinha. Dessa forma, nossa prioridade nunca foi ter filhos Quer saber mais detalhes da vida de Valéria? Assista ao vídeo
R7: Como vive a Valéria aos 43 anos, sendo 27 deles com Aids?  Valéria Polizzi: A Valéria continua apaixonada por viagens, tem vários amigos, trabalha levando educação sexual para os adolescentes e tem o vírus HIV. Por conta disso, tomo cerca de 10 medicamentos por dia, não só para o HIV, mas também para controlar o colesterol, a depressão e proteger os rins [efeitos colaterais da doença]. Não fumo e nem sou muito fã de bebida alcoólica, o que melhora ainda mais minha qualidade de vida. Faço exercício físico porque é muito importante para o tratamento e sigo dieta para controlar o colesterol Quer saber mais detalhes da vida de Valéria? Assista ao vídeo
R7 — Seu livro foi traduzido para várias línguas e muito usado nas escolas. A educação sexual no Brasil ainda apresenta muitas falhas?  Valéria Polizzi — Melhorou, mas continuo defendendo educação sexual contínua nas escolas. Na minha época de escola, havia apenas uma página do livro de biologia sobre as DST´s (Doenças Sexualmente Transmissíveis), parecendo algo muito distante da gente. Acho que o aluno precisa ter a oportunidade de falar sobre sexo e camisinha abertamente e os professores terem treinamento para abordar o tema. A educação sexual deve fazer parte do currículo escolar. Como a Aids é uma doença que se comenta pouco, as pessoas acabam achando que há menos gente infectada e isso atrapalha Quer saber mais detalhes da vida de Valéria? Assista ao vídeo
R7: Como o tratamento avançou e hoje não é mais uma sentença de morte, você acha que os adolescentes relaxaram em relação ao uso de camisinha?  Valéria Polizzi: Os adolescentes acham que como a Aids tem tratamento, não precisa se cuidar. Além disso, temos a sorte de viver em um País que oferece a medicação pela rede pública. É verdade que o coquetel melhorou muito a nossa qualidade de vida, mas qualquer remédio traz efeito colateral e não é legal viver com doença crônica. Isso traz um estresse grande para a vida porque é uma rotina intensa de cuidados Quer saber mais detalhes da vida de Valéria? Assista ao vídeo
R7: Como você enxerga as campanhas de alerta da Aids feitas no País?  Valéria Polizzi: Acho que as campanhas melhoraram muito, mas se concentram em época de Carnaval e no Dia Mundial de Luta contra a Aids, quando as ações deveriam ser feitas durante o todo o ano. E não digo que só o governo deve fazer campanhas, acho que empresas e a própria mídia têm força para mostrar a importância de diagnosticar a Aids precocemente e reforçar o uso da camisinha em qualquer relação sexual. Eu peguei a doença do meu namorado e isso pode acontecer com qualquer um Quer saber mais detalhes da vida de Valéria? Assista ao vídeo

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Uma viagem de navio para a Argentina com a família mudou para sempre a vida da paulistana Valéria Polizzi. Nas férias de dezembro, ela — na época com 16 anos — conheceu um garoto com quem começou a namorar. Seis meses depois, teve sua primeira relação sexual sem camisinha. Resultado? Foi infectada pelo vírus HIV. Desde então, seus planos de vida precisaram ser repensados, especialmente porque “os médicos ainda estavam aprendendo a lidar com a doença e o remédio fazia efeito por no máximo um ano”.  Superando todas as expectativas, Valéria completou 43 anos, sendo 27 deles com Aids, fez faculdade de jornalismo, escreveu sua biografia, se casou e continua amando viajar. No Dia Mundial de Luta Contra a Aids, lembrado nesta segunda-feira (1º), ela abre o coração ao R7. Confira!   Texto e entrevista: Fabiana Grillo, do R7
R7: Você disse que contraiu o vírus HIV do seu namorado. Como foi seu contato com ele depois disso?   Valéria Polizzi: Na época que transei com ele tinha 16 anos, mas só descobri a doença dois anos mais tarde por causa de uma dor no estômago. A gente já havia terminado o relacionamento há mais de um ano e nunca pensei em tirar satisfação. Acho que a decisão de não usar camisinha tem que ser compartilhada, a irresponsabilidade é 50% de cada um. Na época, também se falava pouco de camisinha Quer saber mais detalhes da vida de Valéria? Assista ao vídeo
R7: Embora você tenha tido uma experiência que mudou o rumo de sua vida em uma viagem, essa continua sendo uma das suas maiores paixões?   Valéria Polizzi: Várias viagens mudaram a minha vida. Conheci meu namorado em uma viagem de navio e me infectei com o vírus HIV. Já infectada, fui estudar inglês em San Diego, nos Estados Unidos, e mudei a minha visão da doença. Enquanto no Brasil se dizia que a Aids matava, lá vi a expressão “vivendo com HIV e Aids”. Nos EUA, também conheci outras pessoas soropositivas, participei de grupos de apoio e pude ter mais esperança no tratamento. A terceira viagem que marcou a minha vida foi quando conheci meu ex-marido. Como ele também fiz várias viagens que vão ficar para sempre na memória Quer saber mais detalhes da vida de Valéria? Assista ao vídeo
R7: Você recebeu o diagnóstico da Aids em uma época que a doença era associada a gays e à morte. Por algum instante passou pela sua cabeça que conviveria com o vírus por 27 anos?  Valéria Polizzi: Eu não tinha nenhuma esperança de viver tanto tempo, até porque os próprios médicos diziam que a expectativa de vida era de, no máximo, dez anos. Por outro lado, não tinha medo da morte. Na época, a única medicação para a Aids era o AZT, que fazia efeito por oito a 12 meses. Então, como eu poderia planejar o futuro? Entrei na faculdade com 20 anos e larguei em três meses porque fiz as contas e percebi que não daria tempo de terminar. Em 1997, com a chegada do coquetel, tudo mudou Quer saber mais detalhes da vida de Valéria? Assista ao vídeo
R7: O que mudou depois do coquetel?  Valéria Polizzi: O coquetel mudou a visão de dez anos de vida. A Aids passou a ser encarada como uma doença crônica. O AZT ainda faz parte do coquetel, mas ele não é consumido sozinho. O remédio pode ser usado com várias combinações, de acordo com cada caso. O tratamento não só aumentou meu tempo de vida, mas também a qualidade. Dessa forma, pude voltar a estudar, me formei em jornalismo com 33 anos, viajei muito, escrevi meu livro, namorei, casei e reaprendi a fazer planos Quer saber mais detalhes da vida de Valéria? Assista ao vídeo
R7: Depois de 27 anos convivendo com a Aids, você acredita que mudou alguma coisa em relação ao preconceito?  Valéria Polizzi: Antigamente, a Aids era tão assustadora quanto o ebola é hoje. Nem os médicos estavam acostumados a ver mulher com HIV. Apesar de o preconceito ter melhorado muito, ainda é uma doença que as pessoas têm vergonha de falar ou, pior, nem sabem que são soropositivos porque não fazem o exame. Quando descobri, os próprios médicos orientavam a gente a não contar para ninguém, porque crianças eram expulsas de escolas, se perdia o emprego e assim vai. Tanto é que demorei anos para contar para a família e os amigos Quer saber mais detalhes da vida de Valéria? Assista ao vídeo
R7: Descobrir uma doença sem cura gera muito estresse e geralmente é importante e indicado o acompanhamento psicológico. Quanto você ficou abalada emocionalmente?  Valéria Polizzi: Qualquer pessoa que tem uma doença crônica tem 50% a mais de chance de ter depressão. É muito estresse ter que lidar com tantos medicamentos, pensar que você pode desenvolver complicações, visitar o médico com frequência etc. Já tive depressão, recaídas e tomo antidepressivo. Por muito tempo fiz acompanhamento psicológico e quando não me sinto bem volto a fazer. Além disso, faço ioga e meditação que também me ajudam nessa questão Quer saber mais detalhes da vida de Valéria? Assista ao vídeo
R7: A publicação do livro Depois Daquela Viagem ocorreu quase dez anos após o seu diagnóstico. Você tinha medo de mostrar para o Brasil que é portadora do vírus HIV?   Valéria Polizzi: Meu maior medo era que a mídia me colocasse como vítima e esse não era meu objetivo. Meu pai foi resistente, pois tinha medo de eu fechar as portas profissionais. Conversamos muito e ele acabou aceitando. Passei três anos escrevendo e consegui colocar o livro dentro das escolas, inclusive na América Latina. Durante meses e meses, ele ficou na lista dos mais vendidos, foi traduzido para várias línguas e abriu portas para outros trabalhos de educação sexual. Comecei a ser chamada para dar palestras e durante oito anos tinha uma coluna na revista Atrevida, que abordava questões da adolescência. Fizemos uma coletânea desses textos para transformar no livro Papo de Garota Quer saber mais detalhes da vida de Valéria? Assista ao vídeo
R7: Como foi ter a primeira relação sexual após o diagnóstico?  Valéria Polizzi: Demorou muito e isso é comum. Quando a gente descobre a Aids, temos medo de nos relacionar novamente, já que o parceiro pode não aceitar e sempre há dúvida de como e quando contar sobre a doença para o outro. A Aids tem um lado social muito complicado. Mais tarde, você entende que o tratamento com a medicação reduz a quase zero o risco de você infectar o parceiro e isso nos dá um alívio enorme para iniciar um relacionamento. Mesmo assim, é imprescindível usar a camisinha Quer saber mais detalhes da vida de Valéria? Assista ao vídeo
R7: Quando você conseguiu se apaixonar novamente?   Valéria Polizzi: Conheci meu ex-marido em uma viagem para a Nova Zelândia logo após o lançamento do livro, em 1997. Resolvi fazer um mochilão para saber como os jovens de outras partes do mundo encaravam a Aids. No grupo, eu era a única brasileira e percebi que havia um austríaco me paquerando. Na primeira oportunidade, já contei que sou soropositivo. Ele aceitou e, entre namoro e casamento, ficamos juntos por 12 anos. Mas, no ano passado, nos separamos  Quer saber mais detalhes da vida de Valéria? Assista ao vídeo
R7: Você tinha vontade de ter filhos?  Valéria Polizzi: O HIV nunca foi um impedimento. Com o decorrer do tempo, ficou claro que uma mulher com o vírus pode engravidar, já que o risco de contaminação do bebê é menor que 1%. No entanto, nossa vida sempre foi baseada em viagens, éramos mochileiros de carteirinha. Dessa forma, nossa prioridade nunca foi ter filhos Quer saber mais detalhes da vida de Valéria? Assista ao vídeo
R7: Como vive a Valéria aos 43 anos, sendo 27 deles com Aids?  Valéria Polizzi: A Valéria continua apaixonada por viagens, tem vários amigos, trabalha levando educação sexual para os adolescentes e tem o vírus HIV. Por conta disso, tomo cerca de 10 medicamentos por dia, não só para o HIV, mas também para controlar o colesterol, a depressão e proteger os rins [efeitos colaterais da doença]. Não fumo e nem sou muito fã de bebida alcoólica, o que melhora ainda mais minha qualidade de vida. Faço exercício físico porque é muito importante para o tratamento e sigo dieta para controlar o colesterol Quer saber mais detalhes da vida de Valéria? Assista ao vídeo
R7 — Seu livro foi traduzido para várias línguas e muito usado nas escolas. A educação sexual no Brasil ainda apresenta muitas falhas?  Valéria Polizzi — Melhorou, mas continuo defendendo educação sexual contínua nas escolas. Na minha época de escola, havia apenas uma página do livro de biologia sobre as DST´s (Doenças Sexualmente Transmissíveis), parecendo algo muito distante da gente. Acho que o aluno precisa ter a oportunidade de falar sobre sexo e camisinha abertamente e os professores terem treinamento para abordar o tema. A educação sexual deve fazer parte do currículo escolar. Como a Aids é uma doença que se comenta pouco, as pessoas acabam achando que há menos gente infectada e isso atrapalha Quer saber mais detalhes da vida de Valéria? Assista ao vídeo
R7: Como o tratamento avançou e hoje não é mais uma sentença de morte, você acha que os adolescentes relaxaram em relação ao uso de camisinha?  Valéria Polizzi: Os adolescentes acham que como a Aids tem tratamento, não precisa se cuidar. Além disso, temos a sorte de viver em um País que oferece a medicação pela rede pública. É verdade que o coquetel melhorou muito a nossa qualidade de vida, mas qualquer remédio traz efeito colateral e não é legal viver com doença crônica. Isso traz um estresse grande para a vida porque é uma rotina intensa de cuidados Quer saber mais detalhes da vida de Valéria? Assista ao vídeo
R7: Como você enxerga as campanhas de alerta da Aids feitas no País?  Valéria Polizzi: Acho que as campanhas melhoraram muito, mas se concentram em época de Carnaval e no Dia Mundial de Luta contra a Aids, quando as ações deveriam ser feitas durante o todo o ano. E não digo que só o governo deve fazer campanhas, acho que empresas e a própria mídia têm força para mostrar a importância de diagnosticar a Aids precocemente e reforçar o uso da camisinha em qualquer relação sexual. Eu peguei a doença do meu namorado e isso pode acontecer com qualquer um Quer saber mais detalhes da vida de Valéria? Assista ao vídeo

Uma viagem de navio para a Argentina com a família mudou para sempre a vida da paulistana Valéria Polizzi. Nas férias de dezembro, ela — na época com 16 anos — conheceu um garoto com quem começou a namorar. Seis meses depois, teve sua primeira relação sexual sem camisinha. Resultado? Foi infectada pelo vírus HIV. Desde então, seus planos de vida precisaram ser repensados, especialmente porque “os médicos ainda estavam aprendendo a lidar com a doença e o remédio fazia efeito por no máximo um ano”.  Superando todas as expectativas, Valéria completou 43 anos, sendo 27 deles com Aids, fez faculdade de jornalismo, escreveu sua biografia, se casou e continua amando viajar. No Dia Mundial de Luta Contra a Aids, lembrado nesta segunda-feira (1º), ela abre o coração ao R7. Confira!   Texto e entrevista: Fabiana Grillo, do R7

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