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Não são nem 8h e a fila em frente à academia de musculação do Sesi Piratininga, em Osasco, Grande São Paulo, já está formada para a aula que começa às 8h. São aproximadamente vinte alunos, entre homens e mulheres — a grande maioria com mais de 60 anos de idade. A professora de educação física Karina Alves, que abre as portas do local, conta que essa é a faixa etária mais assídua nos treinos.
— Eles vêm todos os dias e apresentam mais disciplina que muitos jovens. Grande parte começa a malhar por indicação médica, para driblar problemas de saúde que exercícios aeróbicos como caminhada não combatem completamente -
Graças à rotina de exercícios na academia, as pessoas com mais de 60 anos veem melhoras significativas no quadro de enfermidades como diabetes, doenças ósseas, dores musculares e até hipertensão. O treino de cada um é feito com base em seu histórico de saúde, segundo a professora Karina Alves.
— Pessoas com algum quadro de comprometimento ósseo fazem mais exercícios de impacto, enquanto aquelas com dores nas costas recebem treinos para trabalhar e fortalecer as costas e a lombar, por exemploAna Luísa Vieira Zucchi
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Uma das alunas que desfruta dos benefícios da musculação é Elisa Murro, de 63 anos. Auxiliar de escritório aposentada, ela frequenta a academia desde 2010.
— Comecei depois de me aposentar, para não ter que ficar em casa sem fazer nada. Eu sofria com a osteopenia — perda de massa óssea que pode levar à osteoporose — e tinha muita dor na lombar e no nervo ciáticoAna Luísa Vieira Zucchi
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Um ano depois de começar a malhar, Elisa Murro já não sentia mais dores e tinha deixado de lado os remédios para a osteopenia. “Eu também tinha depressão, e a academia mudou completamente meu modo de enxergar a vida. Com um mês de exercícios eu já estava mais disposta”, diz.
Atualmente, ela faz musculação de duas a três vezes por semana. Os treinos — que incluem principalmente atividades de impacto, por conta da condição óssea da aposentada — são renovados a cada dois meses pela equipe do Sesi. Todos os dias, Elisa ainda caminha aproximadamente oito quilômetros — seis nas ruas de Osasco e mais dois na esteira.
— O foco agora é saúdeAna Luísa Vieira Zucchi
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Anésio Silveira, que também é aposentado, tem diabetes há seis anos. Frequenta a academia por recomendação médica há cinco, e desde então já perdeu 5 kg.
— Meu índice glicêmico, concentração de glicose na corrente sanguínea, antes dos exercícios chegava a 280, 300 miligramas por decilitro. O recomendado pelos médicos são os níveis próximos de 100 mg/dl. Depois da academia, o meu passou a passou a girar em torno de 125 mg/dl. Todos os dias, eu faço meia hora de caminhada e depois vou para a musculaçãoAna Luísa Vieira Zucchi
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Todos os dias, Silveira faz meia hora de esteira e depois vai para a musculação. Segundo ele, a alimentação equilibrada — e bem longe do açúcar — também ajudou na melhora do diabetes.
— Em geral, como de tudo. Só evito mesmo os docesAna Luísa Vieira Zucchi
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José Marques Nunes, de 78 anos, sofria com a hipertensão e já havia inclusive sofrido um AVC antes de se tornar adepto da musculação, há aproximadamente seis anos. Atualmente, ele bate ponto na academia todos os dias. "Isso aqui vira um vício", diz. O treino diário inclui 40 minutos de exercícios aeróbicos, como esteira ou bicicleta, e mais uma hora de saúde ou musculação.
Ana Luísa Vieira Zucchi
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José Marques nunes ainda conta que, atualmente, sua pressão arterial gira em torno de 11 por 6.
— Antes, alguns especialistas me recomendavam fisioterapia, mas não funcionou muito pra mim. Foi só com a academia que minha saúde melhorou mesmo. Hoje em dia, volto ao consultório do cardiologista e do ortopedista a cada seis meses só para fazer um checkup.Ana Luísa Vieira Zucchi