Brasil e Rússia avançam em acordo para produção de vacina contra covid-19
THE RUSSIAN DIRECT INVESTMENT FU/ReutersA assinatura de um memorando de entendimento entre representantes dos governos do Paraná e da Rússia, ocorrida na tarde desta quarta-feira (12), conforme anunciou o presidente do Tecpar (Instituto de Tecnologia do Paraná), Jorge Callado, marcou o início da parceria entre os países nas pesquisas e futura produção da vacina Sputnik V para o combate ao novo coronavírus. No entanto, o acordo deverá ser confirmado em decreto do governador paranaense, Ratinho Júnior (PSD), nos próximos dias.
Após a consolidação do convênio, uma força tarefa será criada para debater questões técnico-científicas e elaborar um documento que deverá ser analisado pela Anvisa e demais autoridades sanitárias do Brasil em um prazo de 30 a 40 dias.
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"Obviamente, não faremos nada sem estar devidamente ajustado com os orgãos federais, dentro dos principios de cautela e da segurança", afirmou Jorge Callado, em resposta ao questionamento de parte da comunidade internacional sobre a credibilidade da vacina em função de um possível aceleração das fases de testes.
"Se existem incertezas, as análises dirão. O nosso momento agora é de realizar os debates para chegar a uma decisão precisa. Não podemos nos paultar por alguns comentários ou citações", complementou o executivo.
O presidente do Tecpar explicou que o órgão deverá estabelecer um protocolo de validação do produto com base nas informações sobre as fases 1 e 2 de testes da vacina. No entanto, ainda não há uma data estabelecida para o início e os critérios para a escolha dos voluntários nos testes que serão realizados no Brasil.
"Inicialmente, a nossa intenção é trabalhar com os profissionais da área de saúde que estão na ponta da linha do atendimento à pandemia. Vamos trabalhar com alguns grupos de risco, mas isso está sendo desenhado. Em um primeiro momento, [serão] esses dois grupos", revelou.
Segundo Jorge Callado, a expectativa é que a fabricação da imunização no país tenha início no segundo semestre de 2021, com produção terceirizada e investimentos de aproximadamente R$ 80 milhões — recursos que deverão vir de parceiros internacionais.
"Todas as etapas devem ser vencidas dentro do seu tempo e com segurança. [A produção] é um segundo passo. De forma muito conservadora, prudente, pelo segundo semestre de 2021. Mas não impede que o governo faça importações. Pode chegar antes, se aprovada e registrada no Brasil".
Jorge Callado revelou ainda que o acordo entre os pesquisadores russos e as autoridades brasileiras garante a transferência de tecnologia para a fabricação da vacina. "A transferência é fundamental. É uma condicionante [da parceria]", completou o presidente do Tecpar.
Entendimento entre governos
A reunião que resultou na assinatura do acordo entre as autoridades brasileiras e a federação russa contou com a presença de representantes de setores da saúde e tecnologia dos governos estadual e federal. De acordo com o presidente do Tecpar, o Ministério da Saúde tem se posicionado favoravelmente à atuação do instituto.
"[A comunicação com o governo federal] está bastante ampla, republicana. Existe um canal muito importante. Quanto mais alternativas em relação à imunização, melhor para o país. Digo a vocês que o canal de comunicação é amplo e o entendimento bem pertinente nesta área", finalizou Jorge Callado.