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Médico de Maguila alerta: "Não podemos subestimar uma simples batida na cabeça"

Ele é um dos autores de livro sobre concussão a ser lançado nesta quinta (23) em São Paulo

Saúde|Eugenio Goussinsky, do R7

Pancadas na cabeça podem levar a danos irreversíveis
Pancadas na cabeça podem levar a danos irreversíveis Pancadas na cabeça podem levar a danos irreversíveis

Uma simples batida na cabeça pode causar danos neurológicos que costumam ser inicialmente imperceptíveis. Se ela for repitida devido à atividade da pessoa, os danos podem ser ainda maiores. O neurologista Renato Anghinah, professor livre docente da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), entre outras instituições, é um dos que buscam difundir a ideia de que batidas na cabeça no dia a dia e na atividade esportiva merecem atenção especial, por mais simples que aparentem ser. Anghinah é o atual médico do ex-pugilista, peso-pesado, José Adílson Rodrigues dos Santos, o Maguila.

— Às vezes uma simples batida pode causar uma hemorragia, um trauma. Se for um tipo de pancada que ocorre seguidamente, como com lutadores de boxe, futebol americano e futebol pode, em consequência disso, no decorrer da vida, fazer a pessoa apresentar quadros, por exemplo, de demência, que parece doença de Alzheimer, mas não é, sendo na verdade uma doença chamada encefalopatia traumática crônica, que o Éder Jofre (ex-pugilista brasileiro) e o Maguila têm.

Anghinah destaca que o caso de Maguila simboliza muitos outros que poderiam ter uma evolução satisfatória com um tratamento adequado. Tendo sido diagnosticado com o Mal de Alzheimer em 2010, Maguila passou por problemas sérios que o levaram a ser internado em 2014 e só se recuperou de uma intensa dificuldade de raciocínio e de se movimentar quando, tempos depois, segundo o médico, foi feito um diagnóstico mais preciso de seu caso.

— Na verdade tomamos uma série de medidas, e a primeira foi a mudança de diagnóstico. Ele chegou com o diagnóstico de Alzheimer, e concluímos que ele tinha encefalopatia traumática crônica. Com isso mudamos a abordagem terapêutica, medicamentos e outros procedimentos. Quem viu como ele estava e como está hoje percebe uma melhora bastante grande.

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A melhora de Maguila

O neurologista conta que Maguila, de 58 anos, se alimentava apenas por sonda e tinha muito mais dificuldade para andar e para realizar certos movimentos.

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— Hoje ele já voltou até a socar o saco de areia. Cognitivamente está muito mais atento, conversa de maneira coerente, com humor pespicaz e aguçado, além de agora estar voltando a comer (sem sonda).

Para o médico, o caso de Maguila pode servir de estímulo para outras situações semelhantes. O ex-pugilista Éder Jofre, 80 anos, campeão mundial de peso-galo, em 1960, e do peso-pena, em 1973, teve o mesmo problema de Maguila. O médico admite que o lendário peso-pesado americano, Muhammad Ali, morto no último dia 3, aos 74 anos, pode ter tido essa encefalopatia, mas isso não é possível saber porque a família não permitiu que o cérebro de Ali fosse doado para pesquisas. Ele revela, no entanto, que casos deste tipo podem ocorrer também em outras profissões.

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— Alguém que exerce uma atividade com traumas de repetição pode também ter a encefalopatia traumática crônica. Não precisa ser apenas ligada aos esportes. Por exemplo, quem fica mexendo o dia inteiro com britadeira, no asfalto da rua, no decorer dos anos tem uma chance razoável de ter essa doença. Um militar que partipa de guerra e sofre com delocamento de ar de bombas, também, por exemplo, pode desenvolver essa doença.

Livro orienta sobre graus de concussão
Livro orienta sobre graus de concussão Livro orienta sobre graus de concussão

Lançamento de livro

A experiência acumulada ao longo dos anos fez Anghinah, juntamente com o neurologista Jorge Pagura, professor titular de Neurologia e Neurocirurgia da Faculdade de Medicina da Fundação do ABC, entre outras instituições, elaborar um livro que realça todas as características e consequências de vários tipos de concussão. Com o título - Concussão cerebral - mais do que uma simples batida na cabeça, a obra será lançada nesta quinta-feira (23), na Livraria Cultura do Shopping Iguatemi, em São Paulo.

— O livro inclui a parte esportiva mas é voltado a todas as pessoas, inclusive para médicos que não são neurologistas e que querem saber um pouco mais sobre concussão. E também para os jornalistas que cobrem esportes, para que eles entendam melhor o que ocorre quando jogadores batem cabeça e caem desacordados.

Neste verdadeiro compêndio sobre o assunto, a mãe cujo filho bateu a cabeça no recreio e outros tipos de pacientes também estão contemplados.

— Vale para o o professor de Educação Física, para os treinadores, para o professor que está tomando conta das crianças no recreio e todos que interagem com situações em que alguém pode bater a cabeça, para que saibam o que fazer naquele momento.

Sintomas e consequências

Há casos em que é urgente a ida ao hospital. Em outros, ela não se faz necessária, como diz Anghinah.

— Destacamos vários graus de concussão, desde quando a criança bate a cabeça e só fez um galo até quando ficou meio tonta. Orientamos sobre quando levar ao hospital. Inclusive com adultos, em caso de acidente de automóvel, por exemplo, mesmo sem pancada na cabeça. Para haver concussão não precisa necessariamente tal pancada, uma desaceleração brusca em que o cérebero chacoalha dentro da caixa craniana pode causar uma concussão.

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Ele conta que uma concussão costuma gerar uma reação inflamatória geralmente pequena, na região onde se concentrou a energia da pancada. E que, cerca de duas horas depois, já se forma um inchaço bem pequeno, que desaparece entre cerca de 10 e 20 dias, numa situação que pode ser enganosa.

— Uma parte das pessoas pode ter uma síndrome pós-traumática ou pós-concussional, e começar, por exemplo, a ter dores de cabeça, tontura, perda de rendimento no trabalho ou na escola. Nem todo mundo tem uma recuperação 100% completa. Por isso colocamos no livro a frase "mais do que uma batida". Há muita coisa que pode acontecer em decorrência desta batidinha que às vezes as pessoas subestimam e não podemos subestimar.

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