Um estudo publicado nesta segunda-feira (16) na revista científica Science revela que 86% das infecções por coronavírus na China, entre 10 e 23 de janeiro, não foram documentadas, o que teria propiciado a rápida disseminação da doença.
O artigo, assinado por cientistas do Reino Unido, EUA, Hong Kong e China, intitulado "Infecção substancial não documentada facilita a rápida disseminação do novo coronavírus (SARS-CoV2), analisou o cenário de 375 cidades chinesas antes das restrições de viagem impostas em 23 de janeiro.
"Também descobrimos que, de 10 a 23 de janeiro, apenas 14% do total de infecções na China foram relatadas. Essa estimativa revela uma taxa muito alta de infecções não documentadas: 86%", escreveram os pesquisadores.
Segundo o artigo, "essas infecções não documentadas geralmente apresentam sintomas leves, limitados ou inexistentes e, portanto, não são reconhecidas e, dependendo de sua contagiosidade e número, podem expor uma parcela muito maior da população ao vírus do que ocorreria de outra forma".
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Até esta segunda-feira (16), a China havia registrado cerca de 81 mil casos de coronavírus, com 3.217 mortes.
"Nossas descobertas enfatizam a seriedade e o potencial pandêmico da SARS-CoV2", acrescentam os cientistas.
"O vírus da influenza pandêmica H1N1 de 2009 também causou muitos casos leves, espalhou-se rapidamente por todo o mundo e acabou se tornando endêmico. Atualmente, existem quatro cepas endêmicas de coronavírus atualmente circulando em populações humanas (229E, HKU1, NL63, OC43). Se o novo coronavírus seguir o padrão da influenza pandêmica H1N1 de 2009, ele também se espalhará por todo o mundo e se tornará um quinto coronavírus endêmico na população humana."