Logo R7.com
Logo do PlayPlus
Publicidade

Projeto faz reconstrução mamária em mulheres que tiveram câncer

Cirurgiã plástica devolve autoestima a mulheres sem condições financeiras que perderam a mama no tratamento de tumores 

Saúde|Lucas Pimentel*, do R7

Projeto Ser auxilia mulheres desde antes da cirurgia até o pós-operatório
Projeto Ser auxilia mulheres desde antes da cirurgia até o pós-operatório Projeto Ser auxilia mulheres desde antes da cirurgia até o pós-operatório

O câncer de mama é o tipo mais comum da doença e representa 11,7% dos casos no mundo, segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde). Na maioria dos quadros, é necessária a cirurgia de remoção da mama para o tratamento do tumor.

Com o objetivo de auxiliar as mulheres que passam por esse processo, a cirurgiã plástica Cláudia Francisco Oliveira, membro da SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica), criou em São José dos Campos, cidade do interior de São Paulo, o projeto Ser. A finalidade do projeto, gratuito, é restaurar a autoestima de mulheres que tiveram a mama removida em decorrência do tratamento do câncer.

“As mamas representam para as mulheres não só um órgão para a amamentação, são uma parte importante de sua visão corporal e de sua sensualidade”, explica Cláudia.

Segundo a médica, mais de 40 mulheres se cadastraram no projeto, das quais oito já foram operadas. Cláudia conta que a ideia de criar a associação surgiu após ela perceber que poderia ajudar mulheres que não têm como arcar com as despesas de uma cirurgia, que pode custar de R$ 20 mil a R$ 55 mil.

Publicidade

“Trabalhando com reconstrução mamária há mais de 20 anos em clínicas privadas, e sabendo que nem sempre essas cirurgias são possíveis em hospitais públicos, por falta de profissionais habilitados e que vivenciam a especialidade da reconstrução, percebi que poderia haver muitas mulheres vivendo silenciosamente o sonho de realizar a reconstrução, mas sem ter condições de arcar com os custos”, conta.

Para se inscrever no projeto Ser, diz Cláudia, a mulher deve comprovar que não tem condições financeiras de pagar a cirurgia e ter sido liberada por um oncologista para a realização do procedimento.

Publicidade

A estimativa do Inca (Instituto Nacional do Câncer) é que mais de 66 mil novos casos de câncer de mama sejam diagnosticados no Brasil apenas em 2021. Grande parte deles já está em estado avançado, sendo necessária a remoção da mama.

A especialista explica que as formas de reconstrução mamária dependem de como foi feita a mastectomia, cirurgia de remoção da mama.

Publicidade

“Se houver preservação da pele, aréola e mamilo, poderão ser usados implantes mamários como próteses e expansores de pele. Mas, se foi feita a remoção de parte ou de toda a pele, pode-se indicar a utilização de retalhos miocutâneos [músculo com pele], que vão substituir a pele removida. Todas as técnicas necessitam de implante mamário, exceto quando se usa o excedente de pele e gordura da região abdominal, pois o próprio volume de gordura é suficiente para que a mama retome seu formato.”

Segundo a SBM (Sociedade Brasileira de Mastologia), apenas 20% das mulheres que passam pela mastectomia conseguem fazer a cirurgia reparadora. Atualmente, a cirurgia faz parte dos procedimentos oferecidos pelo SUS (Sistema Único de Saúde), mas, segundo a especialista, em muitos casos a falta de estrutura e de médicos especialistas impossibilita a realização do procedimento. Com isso, o tempo de espera para fazer a reconstrução é longo, principalmente se ela não ocorre no momento da retirada da mama. 

O projeto também auxilia as mulheres no pós-operatório. Uma equipe ajuda com curativos e drenagens, importantes nessa fase, que têm alto custo.

Cláudia conta que a pandemia afetou o projeto Ser devido à menor disponibilidade de médicos e de hospitais que possam contribuir com a associação.

“Inicialmente, teríamos o apoio de mais dez cirurgiões plásticos, que viriam nos ajudar nos procedimentos cirúrgicos. Esse modelo não pôde ser praticado por causa da pandemia. Também contávamos com a ajuda do hospital público para retaguarda, mas entendemos que profissionais e hospitais não puderam se comprometer nesse momento”, conclui.

*Estagiário do R7 sob supervisão de Carla Canteras

Últimas

Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.