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Quem deve continuar usando máscara mesmo após o fim da obrigatoriedade? 

Com transmissão do vírus da Covid ativa, especialistas reforçam que o risco para os mais vulneráveis ainda é alto sem a proteção

Saúde|Carla Canteras, do R7

Idosos, imunossuprimidos, crianças e não vacinados devem manter uso de máscara
Idosos, imunossuprimidos, crianças e não vacinados devem manter uso de máscara Idosos, imunossuprimidos, crianças e não vacinados devem manter uso de máscara

Os números mais baixos de novos casos e mortes por Covid-19 associados ao aumento de pessoas vacinadas levam muitos governos estaduais a flexibilizar o uso obrigatório de máscaras.

A maioria das liberações se restringe aos espaços abertos, onde a transmissão do Sars-CoV-2 é mais difícil. Especialistas ouvidos pelo R7 sugerem, porém, que ainda é cedo para essa decisão e, independentemente da obrigatoriedade, determinados grupos devem seguir com a proteção. 

O infectologista Matias Salomão, do Hospital Nove de Julho, em São Paulo, explica que a transmissão continua ativa. "No momento epidêmico em que vemos a diminuição dos casos, pegando São Paulo como exemplo com uma média aproximada de 1.000 casos por dia, a gente ainda tem um número razoável de casos novos por dia, havendo risco de transmissão de Covid-19 ao não usar máscara", diz ele.

"Vemos uma tendência de diminuição da pandemia e até de relaxamento da população. Há decisões a serem tomadas e é preciso cautela, mesmo que a gente saiba que não vai haver uma necessidade infinita do uso de máscara", complementa o médico. 

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Soraya Smaili, professora de farmacologia da Unifesp (Universidade Federal do Estado de São Paulo), acrescenta que o número de indivíduos sem a dose de reforço ainda é alto.

"Não temos um percentual elevado da população com a dose de reforço, além de ter gente que ainda também não recebeu a segunda dose. O ciclo completo da vacinação é com a terceira dose, porque o reforço protege mais contra a Ômicron, por exemplo. Sabemos também que garante um percentual mais alto de pessoas que podem ter a proteção contra a doença grave", alerta a reitora da Unifesp de 2013 a 2021 e coordenadora do Centro SOU_Ciência. 

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De acordo com o Portal Covid-19, 67,8 milhões de brasileiros receberam a terceira dose da vacina contra a Covid, o que representa 31,81% da população imunizada. 

Mesmo com o ciclo vacinal completo e com a liberação da máscara nos espaços abertos, os grupos mais vulneráveis devem manter a proteção. Entre eles estão os imunossuprimidos, os idosos, as pessoas com comorbidades, as crianças e os não vacinados. 

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"Alguns grupos da sociedade continuarão vulneráveis, como os imunossuprimidos, as crianças que não receberam a vacina, pois ainda estamos com um percentual muito baixo de crianças vacinadas, e os idosos, porque, embora estejam com maior cobertura, a maioria já está com cinco meses da terceira dose. Ainda não sabem quão vulneráveis eles estão", ressalta Smaili.

Vale lembrar que entre os imunossuprimidos estão transplantados, pacientes oncológicos, diabéticos, portadores de HIV e pessoas com doenças autoimunes, como lúpus, artrite reumatoide e esclerose múltipla. 

No caso das crianças, é importante salientar a dificuldade no uso correto da máscara. "As crianças mais novas têm dificuldade para o uso correto da máscara, que também pode atrapalhar no seu desenvolvimento da fala e no ensino. Levando em consideração que crianças mais jovens têm risco menor de desenvolver Covid-19 grave, assim que houver o avanço da vacinação eu diria que crianças mais jovens em ambientes abertos, e talvez até na escola, não precisariam mais de máscara. Porém temos de considerar vários pontos, como número de crianças na sala, se ela é arejada, se professores ou funcionários têm alguma doença ou risco etc.", afirma Matias Salomão. 

As pessoas que optaram por não se vacinar não devem abrir mão da máscara como forma de proteger a si próprias e os outros. "Mesmo que num possível contexto futuro de baixa transmissão, os não vacinados deveriam continuar usando máscara. O risco é mais alto. Não estamos mais vendo tantos casos graves de Covid-19, mas os casos mais graves geralmente são de pessoas não vacinadas", orienta o infectologista. 

"Os não vacinados estão ajudando a disseminar e continuar a pandemia. Quanto mais o vírus se espalhar e as pessoas seguirem ficando doentes, com cargas virais maiores, mais difícil será controlar a pandemia. Eles têm de usar máscara", diz Soraya Smaili. 

Por enquanto, apenas o Rio de Janeiro dispensou a proteção também em lugares fechados, fato que os especialistas não indicam neste momento. "Em ambiente fechado eu recomendaria a todos usar a máscara, mesmo as pessoas que não têm maior risco de ter complicações fora desses grupos", reforça Salomão. 

A professora da Unifesp conclui: "É até aceitável ao ar livre, mas se houver aglomerações, por exemplo um parque lotado, um show, uma atividade ao ar livre que envolva muitas pessoas, aí estamos sujeitos à doença e é bom usar a máscara. Espero que outros estados e cidades não caminhem na direção da abertura em espaços fechados. Esse dia vai chegar, mas ainda não chegou".

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