Nutricionista defende "mudança gradual nos hábitos da população"
Getty ImagesEmbora produtos industrializados estejam no centro da discussão sobre o consumo de açúcar, é importante ficar atento ao consumo "in natura", pois o excesso pode estar no cafezinho e no bolo feito em casa. Para a nutricionista e professora do Departamento de Nutrição da Universidade de Brasília (UnB) Raquel Botelho, a redução do açúcar não pode ser feita apenas a partir de pactos com a indústria, como o acordo sobre o sódio feito entre o Ministério da Saúde e fabricantes de alimentos e bebidas.
— As pessoas precisam entender que, mesmo não consumindo alimentos industrializados, outros hábitos ainda trazem um consumo alto de açúcar, como o café adoçado.
Raquel recomenda uma redução gradual do consumo de açúcar em receitas do dia a dia para não provocar impactos drásticos no paladar, como o uso de uma xícara e meia de açúcar em vez de três em uma receita de bolo, por exemplo.
— Normalmente, para adoçar uma xícara de café de 50ml, as pessoas usam uma ou duas colheres de chá, com cinco gramas de açúcar cada. Se a pessoa toma cinco cafés durante o dia usando essa quantidade, já chega aos 50g recomendados pela Organização Mundial de Saúde.
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A nutricionista defende "uma mudança gradual nos hábitos da população", sobretudo a partir da informação, como o registro em embalagens da quantidade de açúcar que existe em cada produto a fim de facilitar o controle.
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Segundo Raquel, embora nem todos os países da América do Sul tenham desenvolvido historicamente o cultivo de cana de açúcar, a cultura local é forte e por isso o consumo de doces na região está acima da média mundial. A especialista explica que o açúcar conserva bem os alimentos e foi muito usado dessa forma nos países sul-americanos, o que abriu espaço para uma gastronomia repleta de doces.
— A partir do momento em que o açúcar é percebido como um conservante, assim como o sal, é desenvolvida na região uma culinária que utiliza muito esse nutriente para que frutas e outros alimentos durem mais.