Rose Oliveira ficou internada uma semana por causa da dengue
Arquivo Pessoal'Peguei dengue duas vezes e a segunda foi pior', relata a professora aposentada Rose Oliveira. Ela é moradora de Birigui, cidade localizada no Noroeste paulista, uma das regiões com maior número de casos de dengue em todo o país (veja mapa abaixo), segundo o Ministério da Saúde.
A cidade de Birigui teve aumento de quase 22.000% de diagnósticos confirmados entre janeiro e maio deste ano, na comparação com o mesmo período de 2018.
O município de 122 mil habitantes, teve 6.830 casos de dengue confirmados nos cinco primeiros meses deste ano, segundo a Secretaria Estadual de Saúde.
Para efeito de comparação, enquanto o Estado de São Paulo inteiro registrou 808,5 casos de dengue por 100 mil habitantes, Birigui teve 5.582 casos por 100 mil habitantes.
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Rose foi uma das vítimas do Aedes aegypti há cerca de um mês. Trata-se da segunda vez que ela contraiu a dengue. A primeira havia sido na outra epidemia que o país enfrentou, em 2015.
"Comecei a ter vômito, diarreia, dores no corpo. Achei que fosse alguma outra coisa, porque eu estava me cuidando muito, passando repelente. Mas quando fui no pronto-atendimento, fizeram o exame e disseram que eu estava com dengue."
Rose conta ainda que essa segunda vez que teve a doença foi "muito pior".
"Eu fui medicada, voltei para casa, mas piorei. Quando voltei para o hospital, minhas plaquetas estavam em 18 mil, quando o normal é 230 mil. O branco do meu olho ficou vermelho, minha mão ficou roxa. Eu estava muito fraca, tive que ficar internada por sete dias, com dengue hemorrágica."
Ainda segundo a professora, a recuperação no hospital foi difícil. "A primeira coisa que perdi foi o apetite, tanto que passei o tempo todo tomando soro enquanto estava internada."
A preocupação com o surto da doença na cidade continua, principalmente porque o tempo continua quente, propício para a proliferação do Aedes aegypti.
"Hoje passou o agente comunitário e disse que em Birigui o surto não diminuiu, estão passando nas casas olhando o quintal", diz Rose.
O médico e doutor em microbiologia Maurício Nogueira, presidente da Sociedade Brasileira de Virologia (SBV), explica que há uma maior frequência de casos graves na segunda vez que a doença é contraída. "Isso ocorre devido a um fenômeno imunológico complexo no qual os anticorpos da primeira infecção, em vez de protegerem da segunda, acabam facilitando a multiplicação do vírus".
Segundo ele, a maioria das pessoas está tendo a segunda infecção por dengue, por essa razão, a maior incidência de casos graves. "Teoricamente, uma pessoa pode contrair dengue quatro vezes, já que há quatro sorotipos do vírus. Mas a terceira e a quatra infecção costumam ser assintomáticas", afirma.
O pico de atividade do Aedes aegypti é entre 9h e 13h e ele voa em torno de 1,50 m de altura, picando principalmente braços, colo e pescoço.