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Veja as fake news sobre coronavírus que circulam nas redes sociais 

Infectologista comenta as principais afirmações feitas por internautas em publicações a respeito da epidemia que teve inicio na China

Saúde|Aline Chalet, do R7*

Brasil recebia, antes da epidemia, cerca de 250 pessoas vindas da China por dia
Brasil recebia, antes da epidemia, cerca de 250 pessoas vindas da China por dia Brasil recebia, antes da epidemia, cerca de 250 pessoas vindas da China por dia

A epidemia de um novo tipo de coronavírus que atinge principalmente a China tem provocado a disseminação de uma série de fake news sobre o tema nas redes sociais. 

Apesar da preocupação, especialistas garantem que não há motivo para pânico no Brasil. Nesta quarta-feira (29), o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Wanderson de Oliveira, acalmou a população. 

"Temos que lembrar que o Brasil, nós estamos no verão, os casos de doenças respiratórias são mais comuns no inverno. A probabilidade de circulação tão intensa [do vírus] como aconteceu na China é muito pouco provável."

De qualquer forma, nas redes sociais surgem infinitas teorias e projeções, que na verdade não se confirmam. 

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O R7 selecionou comentários feitos no Facebook sobre a epidemia e conversou com o infectologista Carlos Magno Castelo Branco Fortaleza, professor da Faculdade de Medicina da Unesp (Universidade Estadual Paulista), para esclarecer as afirmações dos internautas.

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Comentário: "O coronavírus foi espalhado propositalmente pela indústria farmacêutica ou para controle populacional".

Falso. Segundo o médico, esse tipo de teoria da conspiração não faz sentido, uma vez que é um vírus incontrolável, e a própria indústria farmacêutica ainda não tem medicação ou vacina contra ele.

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Além disso, ele explica que o coronavírus é amplamente espalhado na natureza e que, na maior parte das vezes, não causa preocupação, já que é responsável causar por doenças respiratórias leves em humanos e outros animais.

Saiba mais: Epidemia deve ser contida em até 6 meses, avalia médico chinês

Fortaleza afirma que já tivemos outras duas epidemias conhecidas de variações do coronavírus. A SARS (síndrome respiratória aguda grave), que surgiu em 2002, era um vírus proveniente do morcego, que passou a infectar o gato de algália e depois humanos.

A MERS (Síndrome respiratória do Oriente Médio), que surgiu em 2012, também era causada por um vírus proveniente do morcego, que passou a infectar camelos e dromedários e depois humanos.

Ainda não se sabe a origem exata do novo vírus, porém existem hipóteses.

“O vírus foi encontrado em frutos do mar vendidos em um mercado de Wuhan e um outro estudo verificou que é muito parecido com um coronavírus presente em cobras, mas ainda precisa de confirmação.”

Mercadorias vindas da China não oferecem risco
Mercadorias vindas da China não oferecem risco Mercadorias vindas da China não oferecem risco

Comentário: "Objetos comprados na China pela internet podem estar contaminados com o novo vírus."

Improvável. "Não existe nenhuma possibilidade de transmissão do vírus por mercadoria", afirmou nesta quarta-feira (29), Júlio Croda, da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde.

O governo também garante que "não há nenhuma medida de restrição ao comércio internacional de qualquer produto, de origem animal ou sob fiscalização da Vigilância Sanitária.

O médico explica que ainda não sabemos quanto tempo o novo vírus permanece ativo fora de um organismo vivo, mas que as outras variações aguentam apenas algumas horas. A única possibilidade de contaminação por exportação seria por meio de alimentos congelados, ainda assim, ele acredita ser muito improvável.

A China não exporta gêneros alimentícios em larga escala para o Brasil.

Comentário: "A epidemia vai provocar milhares de mortes se chegar ao Brasil. O SUS não teria condições de atender a todos."

Falso. Segundo Fortaleza, não é possível garantir que nenhum caso chegue ao Brasil, porém já está instalada umavigilância epidemiológica extremamente sensível.

“O Brasil deu conta da gripe suína em 2009 e temos dado conta da epidemia de dengue e outras.”

Ele reforça que a transmissibilidade é bem menor do que outros vírus como o sarampo. O médico avalia que a taxa de mortalidade vai se aproximar da SARS, de quase 10% (por enquanto está em torno de 2,5%), mas é muito cedo para definir.

“Quando tivemos o ebola, achamos que a letalidade era de 70%, depois vimos que estava entre 30% e 40%. ”

Comentário: "Ontem fiquei 40 minutos no aeroporto. A quantidade de pessoas chegando da China no Brasil é absurda."

Impreciso. O governo afirma que chegaram 15 mil pessoas vindas da China no Brasil em novembro e dezembro do ano passado — uma média de 250 por dia. Dados do Ministério do Turismo mostram que turistas chineses representam menos de 1% do total de estrangeiros que visitam o país. 

Segundo o infectologista, o Brasil é um destino frequente de alunos e professores universitários vindo da China, além de viajantes de negócios. 

No entanto, o país asiático já restringiu viagens de pessoas que estão nas áreas mais críticas da epidemia. O governo brasileiro também está desaconselhando que seus cidadãos viajem à China. 

Fortaleza enfatiza que diante disso o país deve tomar as medidas de vigilância de portos, aeroportos e fronteiras, que já estão em prática. “Esse tipo de medida foi extremamente eficaz contra a SARS, que é identificar passageiros sintomáticos oriundos das áreas afetadas.”

Mais de 98% dos casos estão concentrados na China
Mais de 98% dos casos estão concentrados na China Mais de 98% dos casos estão concentrados na China

Comentário: "A gripe mata mais do que o coronavírus."

Depende. O médico explica que a gripe é um termo guarda-chuva para várias doenças causadas pelo vírus influenza. Em números absolutos a gripe matou mais pessoas que o novo coronavírus.

Leia também: China espera testar vacina contra o coronavírus em 40 dias

Porém, quando consideramos a quantidade de morte diante do número de casos, a taxa de letalidade, o coronavírus supera a da gripe.

A taxa de letalidade da gripe suína, epidemia mais recente de influenza, varia entre 0,02% e 0,1% — ante menos de 2,5% do novo coronavírus. Ainda assim, devido à alta transmissibilidade do H1N1, foram mais de 200 mil mortes.

Calculando com os números mais recentes a taxa de letalidade do coronavírus é 2,2%.

*Estagiária do R7 sob supervisão de Fernando Mellis

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