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Game de companhia brasileira inclui missão de assassinar jornalista

No Sniper 3D Assassin, gamer atira em cabeça de repórter. Porta-voz da Federação Nacional dos Jornalistas comenta narrativa 'absurda'

Tecnologia e Ciência|Ana Luísa Vieira, do R7

Jogo de nome Sniper 3D Assassin é gratuito
Jogo de nome Sniper 3D Assassin é gratuito Jogo de nome Sniper 3D Assassin é gratuito

Jamal Jordan, repórter do jornal americano The New York Times, chocou seu seguidores no Twitter neste sábado (18) ao publicar que um jogo disponível nos dispositivos da Apple e na plataforma Steam, de games para computadores, inclui uma missão que pede aos gamers que matem um jornalista. O objetivo seria transformar o repórter em notícia "de um jeito diferente". Veja o tweet abaixo.

O jogo se chama Sniper 3D Assassin e é gratuito, podendo ser acessado também por plataformas como Amazon, Google e lojas de aplicativos para o Windows. Na missão intitulada "Breaking News", o jogador recebe a tarefa de executar um jornalista que teria subornado um policial.

Trechos desta fase do Sniper 3D Assassin podem ser vistos no Youtube. As imagens mostram que a missão "Breaking News" começa com os sons de uma arma sendo carregada e, na mira do rifle, é possível ver um policial segurando uma maleta vermelha e se aproximando de um jornalista com um chapéu amarelo. O jogador atira e balas em câmera lenta atingem a cabeça do repórter, derramando sangue.

O portal americano Huffington Post revelou que o Sniper 3D Assassin foi desenvolvido pela companhia brasileira TFG Co. Em seu site, a empresa diz que o game foi lançado em 2014 e, em 2016, foi o mais baixado da App Store em um determinado período. No primeiro mês em que o game esteve disponível, mais de 10 milhões de downloads foram feitos, segundo a TFG Co. No iPhone, o jogo tem mais de um milhão de avaliações.

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Narrativa 'absurda'

Em entrevista ao R7, Guto Camargo, vice-presidente da Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas), comenta que não viu o jogo, mas acredita que sua narrativa seria "absurda em qualquer circunstância, fosse o alvo qualquer profissional".

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"Não é só o fato como se trata a imprensa, mas essa pauta mínima de empatia, de solidariedade, esse traço doentio que muitos jogos criaram com essa violência absurda", diz.

Para Camargo, a pouca repercussão em torno da missão de um game já disponível há um tempo considerável pode ser considerada uma "patologia social": "Eu não saberia analisar isso do ponto de vista mais científico, mas entendo que o videogame tem uma penetração muito grande na infância e na juventude. Me impressiona que ninguém tenha feito uma crítica. Ninguém mais tem senso crítico — quem divulga, cria, vende esses jogos, as famílias que compram?", questiona.

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O vice-presidente da Fenaj ainda considera que a missão que tem um repórter como alvo — "e não um dentista" — acontece porque jornalistas desempenham funções neste mundo do entretenimento e acabam também sendo associados ao universo dos jogos, da televisão e do cinema. "O jornalista faz parte desta indústria moderna da informação. Que o desenvolvedor do game seja brasileiro também é lamentável sob todos os aspectos, demonstra quanto a nossa sociedade tem essa questão patológica da violência", completa.

O R7 não conseguiu contato com os representantes da TFG Co. 

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