O setor automobilístico sempre investiu pesado no desenvolvimento de novas tecnologias que possam reduzir o peso dos veículos. De olho nisso, a indústria de veículos apostou nas fibras naturais para fabricar peças com melhor absorção de impacto e, ao mesmo tempo, capazes de deixar o carro mais leve. Isso significa, portanto, distância do posto de gasolina.
O Grupo de Excelência Merge, da Universidade Técnica de Chemnitz, na Alemanha, começou a confeccionar peças de plástico combinadas com fibras de linho, cânhamo, coco, bambu e sisal.
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O resultado foi a descoberta de partes rígidas o bastante para resistir ao impacto em caso de colisão e deixar o carro mais leve, explica o diretor administrativo do Merge, Jürgen Tröltzsch.
— Ao usar fibras mais longas ou fibras infinitas, portanto têxteis, aumentamos a resistência ao impacto. Essas partes têxteis adaptadas como fitas de fibras a tecidos não-frisados são diretamente integradas a um molde para a incorporação de um material termoplástico. A redução de peso é de algo entre 10% e 30%.
Tröltzsch explica que “as fibras naturais são processadas como outras fibras para tecidos têxteis, dependendo da preparação”.
— Normalmente, as fibras naturais servem para compor tecidos, não-tecidos e fitas unidirecionais. Depois, elas são processadas como fibras sintéticas normais. Devido às propriedades mecânicas, fibras naturais reforçadas com plástico serão usadas em partes estruturais com uma melhor performance, sendo usadas para fazer o assoalho e o teto do carro.
Outra alternativa para reduzir impactos, já conhecida do mercado, é a fibra de vidro, detalha o CEO do Merge e professor da Faculdade de Engenharia Mecânica da Universidade Técnica de Chemnitz, Lothar Kroll.
— Desenvolvemos uma máquina que produz peças de plástico resistentes e mais leves. Estamos trabalhando em novas tecnologias para conseguir uma maior absorção de impacto em caso de acidentes. Para isso, apostamos em tecnologias têxteis. Essas peças de plástico, combinadas com fibra de vidro, podem ser até 20% mais leves que o ferro.
Apesar do avanço tecnológico, porém, Tröltzsch, diretor do grupo de excelência da Universidade de Chemnitz, avisa que o objetivo não é baratear os veículos, mas torna-los mais eficientes.
— No momento, nós não vemos a menor chance de os carros ficarem mais baratos por causa dessa tecnologia. O objetivo é manter o preço atual dos carros, mas com um menor consumo de combustível e maior eficiência.
O Merge conta com um orçamento de 34 milhões de euros (R$ 136 milhões), para ser usado nos próximos 5 anos a contar a partir de 2012. O CEO do grupo de excelência explica que “a Europa hoje emite 133 g de CO² por km e a meta para 2020 é de 95 g de CO² por km”.
— O objetivo do Merge é reduzir as estruturas a fim de reduzir seu peso e, assim, reduzir o consumo de combustível e, portanto, as emissões de CO².
*O jornalista viajou a convite do Daad (Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico)