Amadeu: "É em um cenário de mudanças comportamentais e de certezas provisórias que o R7 conseguiu dar um salto"
Reprodução/Facebook
Em fevereiro deste ano, a comScore mais uma vez analisou a navegação dos brasileiros conectados com idade igual ou superior a 15 anos, que acessam à internet a partir de suas casas ou do seu local de trabalho. A pesquisa mostrou que o portal R7 era visitado por cerca de 50 milhões de pessoas, ocupando a sexta posição entre os sites mais acessados do País. A posição conquistada pelo R7 pode ser considerada uma façanha, uma vez que o portal foi lançado no dia 27 de setembro de 2009.
Portais são agregadores de sites e plataformas que deram muito certo no Brasil. Nos Estados Unidos e Europa, a era dos portais se encerrou há muito tempo, talvez com o fracasso das velhas tentativas de aprisionamento de usuários e do sonho de engolir a web.
Aqui, no ciberespaço brasileiro, os portais conseguiram se manter e crescer. O portal R7 surpreendentemente ultrapassou em menos de cinco anos de vida algumas estruturas de internet que existiam desde o início do século 21. No ecossistema das redes digitais, o difícil não é falar, mas ser ouvido. Em uma rede extremamente dinâmica, onde uma nova tecnologia ou uma nova plataforma pode atrair em poucas horas milhões de pessoas, desenvolver um site ou um portal não é uma tarefa das mais complexas.
O grande desafio é conseguir crescer em meio às turbulências e a velocidade da sociedade da informação. O R7 tem uma trajetória de sucesso impressionante nesse mundo cuja dinâmica é ditada pelas plataformas de língua inglesa. Entre seus grandes feitos, o R7 atraiu o público da TV Record que habita as redes digitais, avançou nas redes sociais liberando o seu conteúdo sem a síndrome de Murdoch, ou seja, compreendendo que o importante é deixar seu conteúdo circular o mais amplamente nas redes. Assim, bateu a poderosa Rede Globo em número de fãs no Facebook, a maior rede de relacionamento social do momento. Enquanto a Rede Globo (TV) possui 8.099.686 curtidas, o G1 alcançou 4.047.422 e o R7 atingiu 8.551.784 de fãs em sua página no Facebook (dados do dia 23/09/2014).
Os brasileiros que acessam a internet já ultrapassaram a metade da população com idade superior a dez anos de idade (58%, em 2013), segundo o Cetic.br (Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação). Repare que temos ainda que incluir a outra metade mais pauperizada da população, com idade mais avançada e residente em regiões onde a banda larga ainda é inexistente, muito cara ou de baixíssima qualidade. O segredo do crescimento dos empreendimentos comunicacionais da rede se encontra em saber se comunicar com esse novo segmento que vai aderindo gradativamente às redes digitais.
É muito interessante perceber que os brasileiros conectados mais jovens e os mais pobres têm práticas de uso da internet muito semelhantes. Em 2009, quando surgiu o R7, 45% da população brasileira já havia acessado a Internet pelo menos uma vez. É notável que naquele ano 64% das pessoas conectadas entre 10 e 15 anos utilizavam e-mail e 74% participavam de redes sociais online. No ano de 2009, apenas 20% dos que ganhavam até 1 salário mínimo já tinham acessado a Internet. O mais curioso é que desse grupo de menor renda 64% utilizavam e-mail enquanto que 70% possuíam perfis em redes de relacionamento, principalmente o Orkut.
A mesma pesquisa mostra que em 2013, as redes sociais avançaram na preferência dos mais jovens e dos mais pobres. Enquanto 78% das pessoas com idade entre 10 e 15 anos acessavam redes sociais, 49% também utilizavam e-mails para se comunicar. Entre os conectados com renda até 1 salário mínimo, 74% utilizavam redes sociais e só 47% tinham e-mail. Poderia parecer razoável que os mais pobres usassem mais o correio eletrônico do que os sites multimídia. Poderia, mas não é. Dos internautas mais pobres, 52% assistem vídeos online e 56% participam de jogos online (games).
É nesse cenário de mudanças comportamentais e de certezas provisórias que o portal R7 conseguiu dar um salto. Os próximos passos serão dados em um período em que ocorrerá a inclusão digital de 68% das pessoas que ganham até um salário mínimo. As tecnologias móveis avançarão, a chamada Internet das coisas trará novas possibilidades de serviços e as técnicas de Big Data serão cada vez mais corriqueiras para formar estratégias de modulação dos comportamentos das pessoas conectadas.
Por fim, é preciso dizer que graças à neutralidade da rede, o R7 pode chegar crescer de modo consistente e veloz sem depender de nenhum acordo com corporações de telecom. Espero que nesse quinto ano de sua existência, seus gestores continuem apoiando a luta pela Internet livre, neutra e diversificada. Vida longa ao R7.