Em evento da Força Sindical na zona norte de São Paulo nesta sexta-feira (1º), o candidato do PSDB à Presidência derrotado nas Eleições 2014, senador Aécio Neves (PSDB-MG), disse que os brasileiros não têm o que comemorar neste Dia do Trabalhador. Ele disse que a data é o "dia da vergonha".
— A irresponsabilidade do governo do PT faz com que, neste 1º de Maio, os trabalhadores não tenham absolutamente nada a celebrar.
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A declaração do tucano é uma referência aos cortes de despesas nas contas públicas. Uma das formas que o Palácio do Planalto encontrou para economizar é fazer mudanças no seguro-desemprego e no abono salarial, medidas provisórias que serão votadas na semana que vem.
— Os trabalhadores brasileiros vão pagar o preço mais duro desse ajuste. [...] Esse é o legado que o Partido dos Trabalhadores tem a entregar para os trabalhadores brasileiros.
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O evento desta sexta-feira teve como foco a crítica às MPs 664 e 665 — as propostas que mudam as regras de benefícios como o seguro-desemprego, auxílio-doença, seguro-defeso, abono salarial e pensão por morte.
O deputado federal Paulo Pereira da Silva (SD-SP) disse que vai mobilizar aliados para tentar derrubar as mudanças nos direitos trabalhistas.
Junto com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Paulinho anunciou que será apresentado na semana que vem um projeto de lei que altera o rendimento do FGTS. O parlamentar avalia a proposta como um ganho aos trabalhadores.
— Esse projeto corrige uma injustiça muito grande. O Fundo de Garantia é corrigido pela TR + 3%. Há pelo menos 20 anos, a TR é zero. Ou seja, o Fundo de Garantia é corrigido por apenas 3%. Nós estamos corrigindo essa distorção e fazendo o Fundo de Garantia pela poupança: terá todos os meses uma correção de 0,5%. Isso daria pelo menos o dobro ou um pouco mais.
O presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha, disse que o projeto não vai impactar nas contas do governo.
— Não vai afetar o saldo existente até hoje. O FGTS foi criado para ser uma poupança do trabalhador e o trabalhador não está recebendo o equivalente a uma poupança. Como a gente não quer retroagir para não dar impacto nas contas públicas, vamos fazer [as mudanças] para os novos depósitos.
O projeto da terceirização, que agora foi enviado ao Senado, também foi alvo de comentários dos políticos que estiveram no evento. Aécio Neves afirmou que vai discutir o tema "com responsabilidade". Para o deputado Paulo Pereira da Silva, é natural que haja ajustes.
— A força dos trabalhadores dentro da Câmara Federal é de 52 deputados. Então, nós não temos força para fazer um projeto do jeito que nós gostaríamos. Espero que o Senado, com a pressão da sociedade, faça os ajustes.
Lula e Petrobras
Aécio aproveitou o encontro de trabalhadores para comentar a investigação do Ministério Público sobre um suposto tráfico de influência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em favor da Odebrecht. A reportagem está na revista Época desta semana.
— É muito grave aquilo que hoje a revista Época publica, de que há uma investigação do Ministério Público, relacionada a tráfico de influência cometido pelo ex-presidente da República.
Em seguida, Aécio se referiu à suposta destruição de provas na Petrobras, fato que o tucano classificou como "algo extremamente grave".
— A CPI solicitou à Petrobras os áudios das reuniões do conselho de administração para que se possa entender quem foram realmente os responsáveis pelo crime cometido contra a companhia em uma operação que lesou a Petrobras em mais de US$ 1 bilhão. [...] Realmente, nós teremos que proceder com medida judicial contra aqueles que cometeram esse delito.
Aécio informou que, na próxima semana, a CPI da Petrobras deverá convocar o presidente da empresa, Aldemir Bendine, "para que ele diga de forma clara se que houve realmente a inutilização de provas e quem são os responsáveis por isso".