Bolsonaro diz que houve obstrução da justiça no TSE
Adriano Machado/Reuters - 30.07.2021O presidente Jair Bolsonaro voltou a atacar o sistema eleitoral do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) na manhã desta quinta-feira (5) e afirmou que a Justiça Eleitoral apagou os registros da invasão hacker ao sistema da Corte Eleitoral em 2018.
“É a mesma coisa de ter ocorrido um crime. Você ter um corpo no chão e, quando vai colher as digitais, o perito apaga todos os locais que poderiam conter essas digitais. Isso é uma obstrução da justiça. É crime”, avaliou Bolsonaro em entrevista à rádio 93 FM, do Rio de Janeiro.
A ação citada por Bolsonaro é alvo de investigação da PF (Polícia Federal) que apura o acesso e roubo de diversos tipos de informações a partir da invasão de muitos computadores do tribunal. Em nota, o TSE garante que o ocorrido não afetou as eleições daquele ano.
Diante da situação, Bolsonaro afirma que não há mais como acreditar no presidente do TSE, ministro Luis Roberto Barroso quando ele diz que as urnas são invioláveis. “Ele diz que não é possível ter o voto em papel tendo em vista a milícia, o PCC e o crime organizado, que teria acesso às cédulas quando o eleitor terminasse de votar. Ele mente descaradamente, porque o papel não vai para as mãos do eleitor”, enfatizou.
Segundo o presidente, a tecnologia das urnas eletrônicas é de 1996 e nunca foi aperfeiçoada. "Eleições democráticas têm que ser igual aquela história da mulher de César: não basta ser honesta, tem que parecer honesta", pontuou Bolsonaro.
Ele ainda comentou a proposta preparada pelo seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), para a abertura de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para apurar as denúncias em investigação. Para o presidente, o trâmite é longo e precisa de 171 assinaturas.
"Não é fácil colher essas assinaturas, porque muita gente não quer se comprometer com nada. Mas é uma CPI, ao meu entender, vital para uma democracia. O voto é a alma da democracia e a peça chave é esse inquérito da Polícia Federal de 2018”, apontou.
Questionado sobre a possibilidade de a proposta a favor do voto impresso não passar pelo Congresso, Bolsonaro disse acreditar que terá sucesso naquilo que propõe. "A grande maioria do povo já entendeu o que está em jogo", sinalizou ao mencionar as manifestações realizadas no último domingo (1º) e indicar que pode participar de um novo ato na av. Paulista, em São Paulo.
"O povo tem que ser ouvido. Nós queremos eleições limpas no ano que vem, não com a possibilidades de ser um pleito de cartas marcadas para eleger o ídolo do Barroso, que é o senhor Luiz Inácio Lula da Silva", afirmou Bolsonaro. Ele avalia que as manifestações do presidente do TSE contra o voto impresso mostram que ele "deve alguma coisa para o PT".