"Se eu fosse parlamentar, eu saberia como votar", disse Bolsonaro sobre proposta
REUTERS/Adriano Machado/20.05.2019O presidente Jair Bolsonaro criticou neste sábado (22) indiretamente, a articulação que surgiu, por iniciativa de um grupo de parlamentares, para apresentar uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que permita reeleições nas presidências da Câmara e do Senado, sem qualquer limitação. A articulação foi noticiada pelo Estadão/Broadcast neste fim de semana.
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Atualmente, a Constituição proíbe que os presidentes das Casas sejam reconduzidos aos cargos na mesma legislatura. Na prática, isso significa que, em 2021, o presidente da Câmara, o deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), não poderão concorrer à reeleição. A PEC mudaria isso.
"Veja, por exemplo, a Câmara Municipal do Rio de Janeiro. O cara fica eternamente lá", criticou Bolsonaro, ao falar da articulação que surgiu no Congresso Nacional. "Qualquer eleição de quem já tem mandato, ele o candidato já sai com a máquina na mão. Ele tem um orçamento grande lá dentro. Isso aí é um atrativo para ganhar simpatizantes", acrescentou.
Bolsonaro afirmou, porém, que a decisão sobre permitir ou não reeleição cabe ao próprio Parlamento. "No meu entender, a Câmara que vai decidir, é coisa interna deles. Se eu fosse parlamentar, eu saberia como votar...", acrescentou Bolsonaro.
O presidente falou neste sábado a jornalistas, na saída da Coordenadoria de Saúde do Palácio do Planalto, em Brasília, onde esteve para exames de rotina.
"Estão vendo que um presidente está honrando o que prometeu"
O presidente Jair Bolsonaro também afirmou que "pela primeira vez na vida estão vendo que um presidente está honrando o que prometeu durante a campanha". Bolsonaro também fez uma defesa dos nomes escolhidos para compor os ministérios e as empresas públicas.
"Você não vê briga por ministério, por estatais, por bancos oficiais. Olha a Caixa Econômica: o presidente era de um partido os vices, de outro, a superintendência, de outros", comentou Bolsonaro. "Ali, cada um tinha um nicho. E o que eu mais ouço falar, de pessoal mais tranquilo, parlamentar antigo, é que hoje tem acesso a todos os ministérios", acrescentou.
Bolsonaro disse ainda que, em outros governos, os parlamentares tinham acesso apenas a ministérios ligados ao seu próprio partido. O presidente também citou a "diferença absurda" entre seus ministros e os ocupantes de ministérios em outras administrações. Ele citou, para ilustrar a ideia, os ministros da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, de Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, e da Agricultura, Tereza Cristina.
"Se eu ligar pra qualquer um deles agora, logicamente que todos eles me atendem, a não ser que não seja possível, e até de cabeça eles respondem as dúvidas que eu tenho, que são muitas", disse Bolsonaro. "E isso me dá tranquilidade. Tenho que confiar no meu ministério."
Bolsonaro afirmou que, no passado, havia até mesmo uma "lista de fidelidade" de parlamentares, em que o governo sabia se determinado parlamentar estava ou não votando com a situação. "É isso o que a gente quer mudar. O Brasil é para todos nós. Não é nenhuma maldade. Tem muito deputado e senador competente, mas essa maneira de fazer política não deu certo", afirmou.