Lula deixa sede do Sindicato dos Metalúrgicos, em São Bernardo do Campo
Leonardo Benassatto/ Reuters 07.04.2018As últimas 24 horas de liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que terminaram às 18h40 deste sábado (7), quando ele deixou a sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, e entrou no carro da Polícia Federal, alternaram tensão, negociações, um grande evento público e algumas confusões.
Após deixar expirar o prazo dado pelo juiz Sérgio Moro para que ele se entregasse em Curitiba, às 17h de sexta, Lula permaneceu dentro do sindicato, onde já estava desde a véspera.
Ele permaneceu reunido com seus advogados e inúmeros apoiadores, para definir os passos que seriam tomados em seguida. As negociações para que Lula se entregasse à PF foram lideradas pelo ex-ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.
Missa pela manhã
Lula decidiu dormir no sindicato para participar de uma missa em homenagem a sua esposa, Marisa Letícia da Silva, que morreu em fevereiro do ano passado e faria 68 anos neste sábado.
A cerimônia começou por volta das 10h30 e teve a participação de diversas lideranças políticas do PT, como a presidente do partido, Gleisi Hoffmann, a ex-presidente Dilma Rousseff e de pré-candidatos à presidência, como Manuela D'Ávila (PC do B) e Guilherme Boulos (PSOL). Uma banda de artistas escolhidos por Lula também tocou durante o evento.
Por volta do meio-dia, o ex-presidente tomou a palavra e fez um discurso em que relembrou sua trajetória política, que começou no próprio Sindicato dos Metalúrgicos, no fim da década de 1970.
Lula também criticou as decisões do juiz Sérgio Moro e falou que vai combater a sentença. No fim do discurso, ele desceu do carro de som e foi carregado pelos manifestantes. Se acolheu no Sindicato, onde almoçou, e se preparava para se entregar.
Tarde tensa
Durante a tarde, a tensão. Com o sindicato cercado por manifestantes desde a tarde de quinta-feira (5), muitos deles exaltados, Lula tentou sair do prédio e se entregar à Polícia Federal. Por volta das 17h, muitas pessoas se amontoaram diante do portão do estacionamento e o carro do ex-presidente não conseguiu sair.
Uma hora e quarenta minutos depois, ele saiu por uma porta de acesso ao estacionamento. Cercado por seguranças, ele saiu a pé do local, atravessando a multidão que tomou uma rua atrás do sindicato, e entrou no prédio da TV dos Trabalhadores (TVT). Entrou pelo portão traseiro e saiu pela frente do prédio, já escoltado pela Polícia Federal.
Os manifestantes ficaram do lado de fora, muitos deles exaltados e se empurrando. Um homem alegava ter sido atingido no rosto por um segurança.
Saída de São Paulo
Lula foi levado de São Bernardo até a sede da PF em São Paulo, na Lapa. Após fazer um rápido exame de corpo de delito, ele foi levado de helicóptero até o aeroporto de Congonhas, onde pegou um avião da Polícia Federal rumo a Curitiba, onde chegou às 22h09.
Por volta das 22h27, Lula chegou de helicóptero à sede da Polícia Federal em Curitiba, onde começou a cumprir a pena de 12 anos e um mês a que foi condenado por corrupção e lavagem de dinheiro.