Cunha foi alvo de duras críticas de Ivan Valente (PSOL) na reunião
Marcelo Camargo/16.02.2016/Agência BrasilA primeira reunião do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, que analisa processo contra o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), terminou sem avançar na pauta nesta terça-feira (16).
Depois de cerca de 2 horas e meia, o presidente do Conselho, deputado José Carlos Araújo (PSD-BA), informou que o relatório do deputado Marcos Rogério (PDT-RO) sobre Cunha seria lido na quarta-feira (17).
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Antes da decisão de Araújo de adiar leitura de relatório contra Cunha, o deputado Ivan Valente (PSOL-SP) fez duras críticas ao colegiado: "O jogo que está sendo jogado nessa Casa é muito bruto porque não se importa mais com a opinião pública e com o desgaste político".
— O senhor Eduardo Cunha é correntista na Suíça, mentiu na CPI da Petrobras, o senhor Eduardo Cunha é culpado, sim, mas nós vamos garantir o direiro de defesa. Mas parece é que ele não quer o direito de defesa. [...] Quer impedir que a gente nomeie os presidentes das comissões. Quem é que deu esse poder ao senhor Eduardo Cunha? [...] Vergonha, escárnio. Essa comissão tem que votar.
Araújo disse que não quis ler o relatório sobre Cunha na primeira reunião do colegiado após o recesso parlamentar porque prefere aguardar a decisão da Mesa Diretora sobre a questão de ordem contestando a decisão do 1º vice-presidente da Câmara, deputado Waldir Maranhão (PP-MA), de determinar que a análise do processo relativo a Cunha fosse retomada do início.
Araújo reafirmou que sua decisão de não conceder vista do relatório é baseada na questão de ordem, respondida pelo próprio Eduardo Cunha, segundo a qual, quando se muda o relator, não se alteram os prazos de tramitação do processo. A questão foi respondida pelo presidente Eduardo Cunha ao deputado Felipe Maia (DEM-RN).
Surpresa
O presidente do Conselho de Ética disse ter sido pego de surpresa com a decisão do dia 2 de fevereiro, quando o primeiro vice-presidente da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), aceitou recurso do deputado Carlos Marum (PMDB-MS).
Araújo reclamou que, para tudo "tem que ter recurso, tem que ter uma instância superior". Segundo Araújo, a consultoria da Câmara não pode fazer um mandado de segurança para defender os interesses do Conselho de Ética.
O presidente do Conselho de Ética reclamou sobre o direito de Cunha ter um advogado: “Para o presidente tudo, para seus súditos, nada. [...] se o presidente pode tudo, nós deputados e os senhores deputados, nada? Então, esse é que é o problema. Vamos recorrer a quem?”