O consultor William Santana
Edilson Rodrigues/Agência Senado - 09.07.2021O consultor do Ministério da Saúde Willian Amorim Santana afirmou na CPI da Covid, nesta sexta-feira (9), que a Precisa Medicamentos, representante do laboratório indiano Bharat Biotech, desenvolvedor da vacina Covaxin, contatou o Ministério da Saúde após fechamento de contrato de fornecimento de 20 milhões de doses adotando um procedimento atípico.
Segundo o consultor, que atuava como técnico da divisão de Importação do ministério, a empresa citou em seu primeiro e-mail ao ministério para pedir licença de importação que havia "anuência da Secretaria-Executiva" na solicitação. O órgão estava a cargo do coronel Elcio Franco, personagem que vem se tornando central na investigação desenvolvida pela CPI sobre supostas irregularidades no contrato de R$ 1,6 bilhão de compra da Covaxin.
A vacina é a mais cara entre as negociadas pelo governo e, após o contrato se tornar alvo de diferentes órgãos, entre eles o MPF (Ministério Público Federal), acabou suspenso pelo Ministério da Saúde. Elcio Franco já foi exonerado e nega irregularidades na compra da vacina.
Questionado nesta sexta pelo vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), sobre a citação à "anuência da Secretaria-Executiva", William Santana respondeu que não se tratava de um procedimento normal. "“Não [é normal]. Nunca recebi um e-mail de um fornecedor nesses termos”, disse.
Ele explica que, "normalmente o fornecedor encaminha um e-mail com a documentação pedindo providências quanto a abertura da licença de importação”, mas sem citar outros departamentos do ministério.
Em seu depoimento, Willian Santana também apontou inúmeras falhas nas invoices (documento fiscal de importação) em relação ao contrato de aquisição das vacinas Covaxin. O depoente foi o responsável por avisar a Precisa que as invoices estavam com irregularidades.
Willian Santana é subordinado a Luís Ricardo Miranda, que denunciou ter sofrido pressão "anormal" para liberar a compra da Covaxin.