Funaro seria o operador de propinas no PMDB
31.07.2014/HÉLVIO ROMERO/ESTADÃO CONTEÚDONa delação homologada nesta semana pelo STF (Supremo Tribunal Federal), o empresário e doleiro Lúcio Funaro, apontado como operador de propinas dentro do PMDB, acusa o presidente Michel Temer de ter conhecimento sobre o esquema de pagamento de vantagens indevidas dentro do partido. A informação foi publicada pelo repórter Robson Bonin na revista Veja desta semana.
A publicação afirma ter tido acesso ao “roteiro” da delação, que revela “subornos a parlamentares, venda de legislação e grandes esquemas de corrupção”.
“A parte mais delicada envolve o presidente Michel Temer. São relatos em que o presidente aparece fazendo lobby para políticos, cobrando repasses de caixa dois e, também, como destinatário de propina”, descreve a reportagem.
Muito próximo do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Funaro teria afirmado que o presidente da República “sempre soube” dos esquemas operados pelo parlamentar.
Segundo o delator, Temer teria recebido ou intermediado o pagamento de propina em três ocasiões, totalizando R$ 13,5 milhões.
Funaro também acusa o empresário Joesley Batista de tentar comprar o seu silêncio, pela quantia de R$ 100 milhões, dos quais R$ 4,6 milhões foram efetivamente pagos, até o dono da JBS se tornar um delator e revelar o esquema.
Testemunha-chave
Funaro é processado pela Justiça Federal em Brasília em três investigações da Polícia Federal (PF) — Greenfield, Sépsis e a Cui Bono? — que envolvem suspeitas de desvios de recursos públicos e fraudes na administração de quatro dos maiores fundos de pensão de empresas públicas do país: Funcef (Caixa), Petros (Petrobras), Previ (Banco do Brasil) e Postalis (Correios).
O empresário também foi citado nas delações da JBS. Joesley narrou em sua delação pagamentos por negócios relacionados ao Ministério de Agricultura. O primeiro pagamento na Agricultura ocorreu quando houve a liberação para a exportação de despojos animais. De acordo com Joesley, a JBS nem havia pleiteado a medida, mas foi cobrada em R$ 2 milhões por Funaro.
Funaro é testemunha-chave em processos que envolvem o deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e os ex-ministros Henrique Eduardo Alves e Geddel Vieira Lima.
O doleiro está há mais de um ano preso no Complexo Penitenciário da Papuda, no Distrito Federal.