Lucio Funaro disse que Odebrecht repassou dinheiro para Michel Temer
28.04.2010/Lula Marques/FolhapressO ex-presidente Michel Temer (MDB) foi preso, na manhã desta quinta-feira (21), em São Paulo, pela força-tarefa da Lava Jato.
O dolerio Lucio Funaro prestou declarações de negociação para o MPF (Ministério Público Federal), no dia 23 de agosto de 2017, envolvendo o ex-presidente. Na ocasião, o doleiro movimentou o Congresso Nacional ao expor Temer e supostos pagamentos de propina para o partido do ex-presidente.
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Durante a campanha presidencial de 2014, Funaro disse que ocorreu um repasse de caixa 2 que foi “acertado entre Temer e Odebrecht”. No ano passado, Funaro entregou à Procuradoria-Geral da República informações complementares do seu acordo de colaboração premiada. Segundo o delator, documentos apresentados estão planilhas que revelam o caminho de parte dos R$ 10 milhões repassados pela Odebrecht ao MDB, na campanha de 2014.
O doleiro disse que Temer dividiu com Geddel Vieira Lima, ex-homem forte de seu governo, a proprina da Odebrechet. Nos anexos de sua colaboração, já homologada pelo Supremo, ele afirmou ter buscado R$ 1 milhão em espécie, supostamente pagos pela empreiteira, no escritório do advogado e ex-deputado José Yunes, amigo de Temer. Conforme Funaro, dirigentes da Odebrecht usaram o doleiro Álvaro Novis para fazer com que os valores destinados a Temer chegassem a Yunes.
MPF
No depoimento ao MPF em 2017, por sua vez, Funaro contou que conhece Temer desde o início dos anos 1990, pois “eram sócios do mesmo clube, Alto de Pinheiros, e que moravam no mesmo bairro”. Depois, quando Funaro entrou para a política, lembrou que encontrou o ex-presidente uma vez na sala de embarque do Aeroporto de Congonhas (SP), em uma igreja, e em um comício de apoio ao deputado Paulo Piau (PP), sendo que dessas três vezes Temer estava com Eduardo Cunha.
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O depoimento segue com Funaro contando que Temer “sempre teve a par de todas as indicações que foram feitas de senadores e deputados através dos líderes das casas, pois, se ele acompanhasse e se certificasse que essas indicações contemplassem o desejo dos deputados e senadores, isso seria o motivo de atrito dentro do partido”. Em seguida, contou que Cunha, amigo de Temer, “tinha a presidência de Furnas” – empresa brasileira de economia mista subsidiária da Eletrobras, vinculada ao Ministério de Minas e Energia, e sediada em Botafogo, no Rio de Janeiro.
Funaro também falou que Cunha e Temer possuíam uma relação boa, “mas flutuante”, isso porque havia momentos com mais ou menos contato. Dessa forma, o doleiro disse que quando Cunha assumiu a presidência da Câmara, Temer, “enciumado pelo poder do deputado”, diminuíra o contato com ele. Segundo o doleiro, Henrique Eduardo Alves, ex-ministro de Turismo nos governos Dilma Rousseff e Michel Temer, tinha boa relação com Temer e Cunha. Por esse jeito, “funcionava como uma esponja para evitar o atrito entre a dupla, e que Moreira Franco ajudou nessa interlocução entre os dois.
Na ocasião das delações, o então presidente Temer afirmou que "não tem relação pessoal com Lúcio Funaro" e, "se esteve com ele, foi de maneira ocasional e, se o cumprimentou, foi como cumprimenta milhares de pessoas". A Odebrecht disse, na época, colaborar com as investigações. A reportagem do R7 procurou novamente a defesa do ex-presidente, que disse que "não está emitindo nota no momento".
Hoje, o partido se manifestou com a prisão de Temer. "O MDB lamenta a postura açodada da Justiça à revelia do andamento de um inquérito em que foi demonstrado que não há irregularidade por parte do ex-presidente da República, Michel Temer e do ex-ministro Moreira Franco. O MDB espera que a Justiça restabeleça as liberdades individuais, a presunção de inocência, o direito ao contraditório e o direito de defesa.", afirma a nota.
*Com informações da Agência Estado