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Ex-representante de empresa holandesa fica em silêncio na CPI da Petrobras

Executivo da SBM Offshore é acusado de pagar propina a funcionários da estatal

Brasil|

Júlio Faerman participou da CPI da Petrobras nesta terça (9)
Júlio Faerman participou da CPI da Petrobras nesta terça (9) Júlio Faerman participou da CPI da Petrobras nesta terça (9)

Beneficiado por um habeas corpus do STF (Supremo Tribunal Federal), o ex-representante da SBM Offshore no Brasil Júlio Faerman ficou em silêncio diante dos membros da CPI da Petrobras, na manhã desta terça-feira (9). A ministra Rosa Weber autorizou ontem Faerman a exercer o direito de ficar calado, de não ser obrigado a falar a verdade aos parlamentares e de não sofrer constrangimentos. O ex-representante da companhia holandesa é acusado de pagar propina a funcionários da Petrobras. Ele fechou acordo de delação premiada com o MPF (Ministério Público Federal) e isso foi levado em consideração pela ministra.

O acordo foi firmado em 12 de maio deste ano e ainda aguarda homologação. Os integrantes da CPI afirmaram que Faerman será novamente convocado assim que o acordo for homologado. Não convencido de que ele voltará, o presidente da comissão, deputado Hugo Motta (PMDB-PB), anunciou que pedirá à Justiça Federal que retenha o passaporte do executivo aposentado.

A preocupação da comissão é que, com o passaporte em mãos, Faerman saia do País e não possa ser mais localizado, uma vez que mora em Londres. A CPI da Petrobras já teve dificuldades para localizá-lo anteriormente. O ex-representante da empresa holandesa, que não tem cidadania europeia, explicou que assim que for homologada a delação, seu passaporte será retido de qualquer maneira.

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O deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) chegou a sugerir que a decisão do STF não fosse acatada porque o nome do presidente da comissão, Hugo Motta (PMDB-PB), estava grafado incorretamente (Hugo Horta) no habeas corpus. "O pedido é feito em desfavor de Hugo Horta. Hugo Horta não existe", observou Onyx, reclamando dos "erros formais" da notificação. Motta disse que a decisão judicial era endereçada à CPI da Petrobras e que por isso não haveria razão para desobedecer a decisão da ministra. Em represália ao silêncio, os deputados pediram que fosse agendado logo os depoimentos de Marcello e Eline Faerman e Luiz Eduardo Barbosa, respectivamente filhos e sócio de Júlio Faerman.

Após horas de críticas e manifestações dos deputados contra a postura de Faerman, o ex-representante da SBM fez um breve discurso, lembrando que foi funcionário da Petrobras na década de 60, que deixou a empresa por problemas de saúde do filho e que criou uma empresa na qual, durante mais de uma década, foi representante da SBM no Brasil. "O trabalho por mim desenvolvido resultou em ganhos expressivos para a Petrobras", destacou Faerman, negando que seja lobista.

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Morando em Londres, o executivo hoje aposentado disse que vem contribuindo com o Ministério Público e que temia que a repercussão na imprensa de seu depoimento à comissão fosse prejudicial à sua defesa e ao acordo de delação premiada. "Em razão de minha avançada idade, estado emocional e saúde abalada, exercerei nessa ocasião o direito constitucional ao silêncio", declarou o executivo de 77 anos.

Em depoimento a procuradores federais, no fim do ano passado, o ex-gerente executivo da Diretoria de Serviços da Petrobras Pedro Barusco, investigado pela Operação Lava Jato, falou sobre denúncias pagamento de propinas a funcionários da estatal brasileira pela SBM Offshore. Os investigadores suspeitam que ele seria o repassador de propinas para ex-funcionários da Petrobras. Faerman teria recebido, no período de 2005 a 2011, R$ 393 milhões (cerca de US$ 127 milhões) em comissões da empresa holandesa e repassado parte a funcionários da Petrobras em troca de contratos de aluguel de plataformas flutuantes. Na época, a defesa de Faerman negou que seu cliente tenha feito pagamentos de propinas e afirmou que ele é apenas representante comercial da empresa no Brasil.

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