João de Deus segue foragido neste domingo (16)
Marcelo Camargo/Agência Brasil - 12.12.2018À espera da possível prisão do médium João Teixeira de Faria, o João de Deus, acusado de uma série de abusos sexuais contra mulheres, a cidade de Abadiânia (GO) vive um domingo (16) calmo, sem grandes movimentações.
Apesar de toda a polêmica envolvendo o líder espiritual, a Casa Dom Inácio de Loyola, onde João de Deus fazia os atendimentos normalmente, permaneceu aberta até o horário do almoço e encerrou as atividades em seguida. Agora será reaberta ao público apenas nesta segunda-feira (17).
Durante a manhã, aproximadamente uma dezena de pessoas permanecia no local, a maioria estrangeiros vestidos de branco. Enquanto alguns faziam orações, outros permaneciam em locais de meditação da Casa. Quem circula pela cidade encontra poucos pontos de comércio abertos e moradores receosos de falar sobre as denúncias que pesam contra João de Deus.
Em condição de anonimato, algumas pessoas arriscam opinar sobre o assunto. Dizem, por exemplo, que o médium não era "flor que se cheire", mas evitam as entrevistas. Além disso, costumam mostrar preocupação sobre como a prisão dele deve afetar a economia do município.
João de Deus é considerado foragido da Justiça e seu nome foi incluído na lista da Interpol. A prisão preventiva dele foi decretada no fim da manhã de sexta-feira (14) e o prazo para que se entregue terminou às 14 horas do sábado (15). João de Deus deve se entregar neste domingo (16). O Estado apurou que a data foi definida em uma negociação entre a polícia e a defesa do médium.
A reportagem ainda não conseguiu contato, neste domingo, com os defensores do líder espiritual para saber quando e onde, de fato, ele irá se entregar. O advogado de defesa de João de Deus, Alberto Zacharias Toron, havia afirmado em entrevista que seu cliente vai se entregar antes da apresentação do habeas corpus. A ação será proposta na segunda.
Uma vez preso, João de Deus seria levado para Goiânia, onde deve ocorrer o interrogatório. O MP de Goiás também investiga eventual movimentação suspeita de recursos financeiros, como transferência de dinheiro das contas de João de Deus. O médium teria feito retiradas de R$ 35 milhões desde que as primeiras acusações vieram à tona.
Entenda o caso
Na noite desta quarta (12), a Promotoria de Justiça de Goiás solicitou a prisão preventiva do médium, cinco dias depois de as primeiras denúncias de abusos sexuais começarem a aparecer.
Uma força-tarefa foi criada pelo MP para ouvir as vítimas do médium. Até a noite desta quinta-feira (13), 330 mulheres, só em Goiás, foram atendidas pela equipe criada especialmente para atender o caso.
Em sua primeira aparição pública após as denúncias, na manhã desta quarta-feira (12), João de Deus ficou cerca de 10 minutos na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia, interior de Goiás. O médium e se disse inocente e declarou ainda que estava à disposição da Justiça.
Outro lado
O advogado criminalista Alberto Toron, que representa João de Deus, se posicionou sobre as acusações de abuso sexual contra o médium em entrevista ao programa Fantástico, da Rede Globo. Ele afirmou que o médium “nega e recebe com indignação a existência dessas declarações”.
“O que eu quero esclarecer, que me parece importante que se esclareça ao grande público, é que ele tem um trabalho de mais de 40 anos naquela comunidade, atendendo a todos os brasileiros, atendendo gente de fora do país, sem nunca receber esse tipo de acusação”, disse o advogado.
Ainda segundo Toron, João de Deus vai se apresentar à Justiça nos próximos dias para colaborar no que for necessário.
O R7 tenta desde segunda-feira (10) ouvir o advogado, mas ainda não obteve resposta. Um novo contato foi realizado nesta quarta-feira (12), após o pedido de prisão. Uma entrevista com o médium também foi solicitada, também sem posicionamento do acusado.