Cunha Lima e Jereissati apoiam saída de Aécio da presidência
Adriano Machado/ReutersO vice-presidente do Senado, Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), disse nesta quarta-feira (18) que há um "sentimento" no PSDB para que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) deixe a presidência do partido.
— É um ato unilateral. Mas existe um sentimento no partido de que ele deve formalizar a saída. isso é inegável. Acho que a manifestação pública que eu fiz e que o senador Tasso fez vai ter algum efeito na reflexão de Aécio Neves, mas isso não retira o caráter unilateral da decisão.
Cunha Lima rechaçou a tese de que a parceria entre PSDB e PMDB para barrar as medidas cautelares contra Aécio vá se converter em votos favoráveis ao presidente Michel Temer na Câmara dos Deputados, que analisa a segunda denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República contra o peemedebista.
— A imprensa faz uma leitura, e os fatos vão desmentir, de que houve um acordo entre PSDB e PMDB. Semana que vem vai ter painel na Câmara e vocês vão observar que não haverá mudança substancial na posição do PSDB. Não há nenhuma correlação entre o que houve ontem aqui no Senado e o que acontecerá na Câmara.
Jereissati defendeu a renúncia do senador Aécio da presidência do partido. A declaração ocorre um dia após o Senado barrar, por 44 votos a 26, a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que impôs o afastamento do mandato e o recolhimento noturno ao senador mineiro.
— Eu acho que é (caso de renúncia). Porque agora ele não tem condições, dentro das circunstâncias que está, de ficar como presidente do partido. E nós precisamos ter uma solução definitiva e não provisória.
Aécio está afastado do cargo desde maio, após a divulgação da delação da JBS, que o implica diretamente. Em conversa gravada pelo empresário Joesley Batista, o tucano pede R$ 2 milhões. Ele nega que o dinheiro seja propina e diz que foi um pedido de empréstimo para pagar sua defesa na Operação Lava Jato.
Mesmo afastado da presidência do partido, Aécio continuou a ter influência e conseguiu manter o PSDB na base aliada de Michel Temer. O senador é um dos principais fiadores da sigla do apoio ao peemedebista.
Já Tasso tem dado sinais de que pode ceder à ala que defende a ruptura com Temer, encabeçada pelos autointitulados cabeças-preta, ala mais jovem de deputados tucanos.
Tasso disse que não havia conversado com Aécio ainda sobre o assunto. Após chegar ao Senado, ele se reuniria com Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), também defensor da saída do PSDB da base.
Supremo
Apesar de pregar a renúncia de Aécio do comando tucano, Tasso defendeu a votação que derrubou as medidas cautelares contra o colega de partido. Segundo ele, porém, a decisão foi mal interpretada.
— A decisão da maioria foi mal interpretada. Ao meu entender, ela dá ao senador Aécio o que ele não teve até agora, que foi o direito de defesa.
Para Tasso, porém, apesar de poder retomar o mandato parlamentar os problemas de Aécio ainda não acabaram.
— Agora, aqui no próprio Senado ele vai ter o Conselho de Ética e vai ter que se defender. Ao mesmo tempo, o julgamento no STF continua. No STF, ele também vai ter o direito de apresentar a sua defesa.