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Salles defende uso de retardante de fogo para conter queimadas

Ministro do Meio Ambiente foi ouvido em comissão do Senado que trata dos incêndios no Pantanal; documento do Ibama aponta riscos no produto

Brasil|Marcos Rogério Lopes, do R7

Ricardo Salles fala sobre combate ao fogo no Pantanal
Ricardo Salles fala sobre combate ao fogo no Pantanal

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, defendeu nesta terça-feira (13) o uso de um produto químico, o retardante de fogo, para conter as queimadas nos biomas nacionais.

O produto foi usado nos últimos dias na Chapada dos Veadeiros, em Goiás, região que vinha sendo consumida pelo fogo nos últimos dias.

"Nós tivemos durante muito tempo uma discussão inócua sobre se deveria ou não utilizar o retardante do fogo quando todos os países, EUA, Canadá, Europa, Japão, utilizam essa tecnologia para melhorar o combate às queimadas. O Estado do Mato Grosso já começou a usar, usamos na Chapada dos Veadeiros e foi um sucesso", afirmou Salles no Senado.

Salles anuncia que fogo na Chapada dos Veadeiros foi controlado


Segundo Salles, o uso do retardante de fogo aumenta em cinco vezes a capacidade de contenção do fogo das aernoves que fazem esse trabalho. "Essa visão de que o emprego de tecnologia não é salutar é uma visão equivocada."

Em sua análise, ele criticou as políticas ambientais recentes e cientistas que se posicionam contra a atividade econômica na região pantaneira. "Se tivéssemos tido o manejo do fogo frio [queimadas controladas] no tempo adequado, se tivéssemos mantido a agropecuária e o emprego certo do retardante de fogo, não teríamos a situação atual."


"Você tem de ouvir diversas vozes da ciência, mas o que se tem visto é que há uma seleção dos que se dizem porta-vozes da ciência", disse Salles. "O que não pode haver é uma visão unilateral, em geral uma opinião que é pela proibição de tudo a qualquer momento. Isso não é prevenção, é exagero. Muitos estudos que vêm de fora desconhecem a realidade local."

O ministro também afirmou que o problema que vive o Pantanal ocorre em razão da estiagem na região. "Excesso de calor, tempo seco e ventos fortes trouxeram essas queimadas no patamar que assistimos este ano e que, por sua vez, trouxe os danos ambientais à fauna e a flora que temos visto."


Ele afirmou concordar com a sugestão da ministra da Agricultura, de se estimular a criação de gado na região do Pantanal, porque os animais ajudam a reduzir o pasto. O capim ajudaria a propagar os incêndios.

Salles também comentou algumas vezes que o percentual do Pantanal que está sob a competência do governo federal é pequena.

A senadora Simone Tebet (MDB-MS) reclamou que o Ibama multa mal, punindo o agronegócio muitas vezes sem ir atrás dos responsáveis por crimes ambientais. Ela também afirmou que falta uma palavra mais firme do governo federal contra os grupos que queimam os biomas nacionais. "Nós do agronegócio éramos vistos como vilões, mas não somos. Nós cuidamos da terra até porque sabemos que se não fizermos isso teremos problema em nossas atividades."

"A área relativa à competência fiscalizatória dos órgãos federais correspondem a 6% do bioma. Num volume total de 902 mil hectares, que correponde a 6% dos 15 milhões de hectares. Portanto é importante que a gente tenha os Estados envolvidos nisso."

O senador Wellington Fagundes (PL-MT), presidente da comissão montada para acompanhar as queimadas no Pantanal. anunciou no início da conversa que melhorou o estado de saúde dos três ocupantes do helicóptero da Força Nacional que caiu no Mato Grosso no dia 8 durante os trabalhos de combate aos incêndios no bioma. 

Riscos no uso dos retardantes

Um documento de 20 de julho de 2018 do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais), disponível na internet, alerta para os riscos do uso de retardantes de fogo nitrogenados, como o utilizado e defendido por Salles.

De acordo com o órgão, o produto pode ser nocivos à população local se não seguir algumas regras, tanto que aconselha que água e alimentos que tiveram contato com o retardante de fogo não podem ser consumidos por 40 dias.

No documento, o Ibama orienta o responsável pela aplicação do produto a:

"Realizar o georreferenciamento de todos os locais onde o retardante de chama for

aplicado, registrando a respecva data da aplicação, quandade de produto ulizada, tamanho da área aplicada (em hectares), e instuir a suspensão do consumo de água, pesca, caça e consumo de frutas e vegetais na região exposta ao produto pelo prazo de 40 dias, considerando que os produtos se degradam em cerca de 80-90% em 28

dias."

O órgão também pede o monitoramento da região por 6 meses, "de forma a idenficar algum dano ambiental decorrente da aplicação do retardante de chama", e para que a população local seja informada sobre os "possíveis riscos do consumo de água e alimentos provenientes do local nos 40 dias seguintes à aplicação".

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