Por 44 votos a 26, o Senado Federal derrubou decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) nesta terça-feira (17) e determinou o retorno de Aécio Neves às funções parlamentares.
Antes da votação, Eunício orientou que o voto “sim” manteria a decisão da Primeira Turma do STF (Supremo Tribunal Federal), que afastou Aécio das funções parlamentares e determinou seu recolhimento noturno (uma medida cautelar).
Os votos “não” derrubariam as medidas cautelares do Supremo contra Aécio. Por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, a votação foi de forma aberta e nominal.
Dez senadores estavam em missões oficiais fora do País ou de licença-médica e não participariam da sessão. No entanto, parlamentares contrários e favoráveis ao tucano ignoraram atestados médicos e retomaram as atividades parlamentares para poderem participar da votação. Saiba como votou cada senador nesta terça.
Ronaldo Caiado (DEM-GO), por exemplo, caiu de uma mula e fraturou o ombro esquerdoe está afastado do Senado por 15 dias. O senador, que votou “sim”, foi à sessão de cadeira de rodas, “contra indicação médica, contra a vontade da familia e sem qualquer condição física”. O parlamentar compartilhou um texto por meio do Facebook para justificar seu sacrifício de participar da votação.
“Contra indicação médica, contra a vontade de minha familia e sem qualquer condição física, vim em nome de quem me elegeu. Obrigado ao meu amor Gracinha por ter vindo comigo e me ajudado. Votei favorável à manutenção das medidas restritivas impostas pelo STF ao senador Aécio Neves em voto aberto, como sempre defendi desde o caso Delcídio. Levando em consideração o atual momento de grave descrédito com a classe política, sendo eu um homem público, estou abrindo mão de minha privacidade e divulgando imagens que deixam claro a gravidade da lesão. Nunca fui homem de fugir de responsabilidade alguma. Agora, como médico, gostaria de chamar a atenção sobre o respeito à privacidade e ao tratamento do paciente, não importa o momento. Sempre aprendi a respeitar a dor alheia. Aos que tentaram politizar esse momento, só posso manifestar o meu total repúdio”.
O líder do PSDB no Senado, Paulo Bauer (SC), por sua vez, passou mal na tarde desta terça-feira (17) e foi parar no hospital. “O Instituto de Cardiologia do Distrito Federal (ICDF) informa que o senador Paulo Bauer deu entrada no hospital no início da tarde desta terça-feira (17) apresentando quadro de dor torácica. Ele foi inicialmente diagnosticado com crise hipertensiva e está sendo submetido a uma série de exames. O senador, que há dois anos foi submetido à cirurgia de revascularização permanecerá internado no ICDF para observação”.
O senador saiu direto do hospital para a sessão e votou “não”, ou seja, contra o afastamento do parlamentar também tucano.
Quem também fez de tudo para participar da votação foi o senador Romero Jucá (PMDB-RR). Na última sexta-feira (13), o parlamentar de 62 anos foi operado no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, pois apresentava um quadro de diverticulite aguda. Além de votar “não”, ele foi um dos cinco senadores a discursar pelo “não” antes de iniciar a votação.
Durante a sessão desta terça (17), parlamentares até brincaram com o esforço de Jucá para estar presente na votação. Enquanto Eunício anunciava que estava atrasando a sessão para que Bauer pudesse chegar a tempo de votar, Renan Calheiros (PMDB-AL) usou o exemplo de Jucá para apressar o senador.
"É fundamental fazermos um apelo para o senador Paulo Bauer fazer um esforço a mais e venha [...] O João Alberto [Souza] (PMDB-AL) cancelou uma cirurgia e o Jucá teve metade das tripas arrancadas e está aqui firme”, disse.
A fala do senador arrancou gargalhada dos presentes e Eunício ponderou sobre a fala de Calheiros: "Não desconsiderem o linguajar nordestino, por favor".
O senador Walter Pinheiro (sem partido-BA), por sua vez, não estava doente, mas também precisou se movimentar para votar “sim”. Ele pediu exoneração do cargo de secretário de Educação da Bahia para participar da votação.
Seu suplente, o senador Roberto Muniz (PP-BA), ficará de fora do mandato até o secretário retomar o cargo no governo baiano.
Muniz não participaria da votação, pois está em missão oficial em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, desde a última quarta-feira (11) até o próximo sábado (21).