Wajngarten defende falas de Bolsonaro
Edilson Rodrigues/Agência Senado - 12.05.2021O ex-secretário da Comunicação Fabio Wajngarten desmentiu nesta quarta-feira (12), na CPI da Covid, que tenha guardado em sua propriedade documentos que comprovariam a responsabilidade do ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, no atraso de entrega de vacinas para o país.
"Estão todos guardados, mas nos computadores da Secom (Secretaria de Comunicação). Eu não tenho, mas se alguém logar com meu login e senha, terá acesso", afirmou Wajngarten.
Tais documentos mostrariam a falta de ação de Pazuello em um momento crítico para o país durante a pandemia. Ele mencionou especificamente a falta de respostas a uma carta de intenções enviada pela farmacêutica Pfizer ao governo brasileiro em 12 de setembro.
Leia na íntegra a carta enviada pela Pfizer ao governo Bolsonaro
O ex-secretário, no início de seu depoimento, declarou que teve papel importante nas primeiras conversas com o laboratório Pfizer, em 2020, mas negou que a primeira remessa de imunizantes seria de 70 milhões de doses. Citou que seriam por volta de 500 mil.
Ele explicou também que seu papel, no caso dessa negociação, foi aproximar a companhia do Ministério da Saúde com o objetivo de ajudar o país no combate à pandemia.
De acordo com o ex-secretário, o presidente da Pfizer afirmou em uma reunião na Secom, em novembro, que queria que o Brasil fosse a principal vitrine do imunizante na América Latina.
Wajngarten deixou claro que não tinha certeza do cronograma de entrega de vacinas da Pfizer. "Existia uma demanda mundial e o produto era escasso."
"Havia uma promessa da Pfizer que, se o Brasil se manifestasse no tempo adequado, ela se esforçaria para atender aos prazos acertados", lembrou.
Ele completou dizendo que a carta de intenções do laboratório não foi respondida pelo Ministério da Saúde.
Em todas as suas primeiras declarações, Wajngarten se negou a atribuir peso negativo a declarações do presidente Jair Bolsonaro que minimizaram a importância de vacinas e da imunização da população.
"O impacto de uma mensagem é composto pelas várias formas de emissão de comunicação...", disse, e foi interrompido pelo relator Renan Calheiros (MDB-AL). O senador exigiu objetividade na resposta ao questionamento se as falas de Bolsonaro iriam contra a campanha de imunização contra a covid.
"A gente faz campanhas para contrapor, para complementar informações. A mensagem do presidente tem impacto negativo em cada tipo de pessoa", desconversou.
Wajngarten disse ainda que concordava com uma das declarações do presidente, de que seria o último brasileiro a se vacinar. "Eu também faria isso. Ele está dizendo que não vai tomar vacina porque vai aguardar o último brasileiro ser vacinado."
O depoente também comentou, em defesa das afirmações do presidente contrárias à vacina do instituto chinês Sinovac em parceria com o Butantan, que, na época das aspas de Bolsonaro, "a Coronavac teve seus resultados adiados por quatro ou cinco vezes".
O ex-secretário de Comunicação relatou ainda que sua área fez campanhas relacionadas à pandemia desde fevereiro de 2020. "Foram 11, estivemos no ar todos os meses até o presente momento." Foram gastos pela secretaria e pelo Ministério da Saúde em verbas publicitárias específicas para a pandemia R$ 285 milhões.
Ele assegurou que jamais ocorreu qualquer interferência do presidente da República em campanhas relacionadas à covid.
Wajngarten afirmou também que defende os protocolos de segurança para evitar as infecções pelo novo coronavírus, como uso de máscaras, isolamento social e distanciamento.
O nome do ex-secretário apareceu ligado de forma mais direta à pandemia em abril, quando ele concedeu entrevista à revista Veja e afirmou que o Ministério da Saúde teria sido o responsável “pelo atraso das vacinas”. Segundo a reportagem, Wajngarten guarda e-mails, registros telefônicos, cópias de minutas do contrato e ainda afirma ter um rol de testemunhas que podem comprovar suas afirmações.