O relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, senador Renan Calheiros (MDB-AL), afirmou, no início da tarde desta quinta-feira (26/8), que incluirá o nome de José Ricardo Santana na lista de investigados da comissão. Na quarta-feira (25/8), Calheiros já havia incluído outros três nomes ao rol de investigados pela CPI.
José Ricardo Santana é ex-secretário-executivo da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) e apontado como um dos participantes do jantar em que Roberto Ferreira Dias, ex-diretor do Departamento de Logística (DLog) do Ministério da Saúde, teria pedido propina de US$ 1 a mais no valor das vacinas ofertadas pela Davati Medical Supply.
Santana irritou os senadores ao se recusar a responder perguntas feitas pela comissão alegando não se recordar dos fatos citados.
“Estou indignado, não consigo conter a minha indignação. Estou dizendo isso para pedir desculpas se eu for deselegante. Mas nós, durante esse período todo de funcionamento da Comissão Parlamentar de Inquérito, nos submetemos a isso quase que diariamente. Isso é um escárnio”, disse Calheiros antes de anunciar que Santana seria formalmente integrado à lista de investigados.
“Diante desse escárnio reiterado, repetido, queria dizer que como relator dessa Comissão Parlamentar de Inquérito, gostaria de elevar a testemunha, nesse momento, à condição de investigado”, completou o senador.
A “falta de memória” de Santana já tinha despertado reações indignadas dos senadores. O presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), chegou a afirmar que o depoente não chegaria à Anvisa, onde trabalhou, sendo um “desmemoriado”.
“Meu irmão, vou dizer uma coisa pra ti... Meu amigo, isso é uma conversa pra boi dormir, rapaz. Dizer que não lembra de nada? Você não é tolo, você não chega à Anvisa sendo tolo, você não vai pro Ministério da Saúde sendo tolo e desmemoriado, amigo”, reclamou Aziz.
Santana é apontado como figura próxima de Francisco Maximiano, sócio da Precisa, que firmou contrato de R$ 1,6 bilhão com o Ministério da Saúde para a venda de 20 milhões de doses da vacina indiana Covaxin. O depoente também foi apontado como participante de um jantar em que Roberto Ferreira Dias, ex-diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, teria pedido proprina de US$ 1 por dose de vacina ao cabo da Polícia Militar de Minas Gerais Luiz Paulo Dominghetti, vendedor autônomo de vacina da empresa americana Davati Medical Supply.
O jantar ocorreu em 25 de fevereiro, mesma data de assinatura do contrato do governo com a Precisa. No requerimento de convocação de Santana, o relator afirma que Santana é “ligação direta com Francisco Emerson Maximiano, suas empresas e sócios, mas também com Roberto Ferreira Dias”.