Brasília Depois de reunião, Lula e Zelensky falam em manter 'diálogos abertos para a paz'

Depois de reunião, Lula e Zelensky falam em manter 'diálogos abertos para a paz'

Os dois presidentes se encontraram pela primeira vez; ministro brasileiro disse que o encontro foi amistoso

  • Brasília | Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília

Foi a primeira reunião pessoal entre os dois líderes

Foi a primeira reunião pessoal entre os dois líderes

Ricardo Stuckert/Presidência da República - 20/9/2023

Durante o primeiro encontro entre os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da Ucrânia, Volodmir Zelensky, os líderes concordaram em fortalecer as relações bilaterais. Eles se reuniram nesta quarta-feira (20), em Nova York (EUA), no hotel Lotte Palace, onde o brasileiro está hospedado. "Tivemos uma boa conversa sobre a importância dos caminhos para a construção da paz e de mantermos sempre o diálogo aberto entre nossos países", afirmou Lula. 

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Zelensky classificou o encontro como "importante". "Depois de uma discussão honesta e construtiva, instruímos as nossas equipes diplomáticas a trabalhar nos próximos passos de nossas relações bilaterais e nos esforços de paz. O representante brasileiro continuará participando das reuniões da Fórmula da Paz", declarou.

De acordo com o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, a reunião ocorreu "em um ambiente tranquilo e amigável". Segundo Vieira, Lula ressaltou ao presidente ucraniano que condena a invasão russa da Ucrânia. O conflito teve início em fevereiro do ano passado. 

"O presidente Lula reafirmou a posição clara e constante de que o Brasil condena a invasão territorial, defende os princípios da Carta da ONU [Organização das Nações Unidas] e quer, de todas as formas possíveis, promover diálogos para a paz", destacou Vieira durante uma entrevista após o encontro.

Além do chanceler, participaram da reunião com Zelensky o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta, o assessor especial para assuntos internacionais da Presidência, Celso Amorim, e o senador Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo no Senado.

Questionado sobre discussões a respeito de cessão de território ucraniano à Rússia, como sugerido por Lula em agosto, o ministro brasileiro das Relações Exteriores afirmou que o assunto não foi tratado durante a reunião. "Não se discutiram condições. O presidente Lula não quis entrar, e não teria por que entrar, em detalhes da negociação, que tem relação única e exclusiva com as duas partes envolvidas. O presidente Lula insistiu na importância da predisposição para ouvir o outro lado", destacou.

Na avaliação de Vieira, não havia, antes da reunião, "declarações desencontradas". Depois de emitir diversas opiniões sobre a guerra, Lula chegou a declarar que não quer "se meter" no conflito, porque a principal guerra com a qual está preocupado é a que luta contra a fome no Brasil.

A reunião não tratou apenas de guerra, falamos sobre relações bilaterais e reforma da governança global. Sobre a guerra, o presidente Zelensky explicou todas as suas posições e sua visão da situação. Lula perguntou como ele via e como poderia evoluir. Foi uma troca de informações muito boa e transparente, num clima de entendimento mútuo.

Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores

Segundo o chanceler, as questões sobre o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o Tribunal Penal Internacional (TPI) também não foram tratadas no encontro. Na semana passada, Lula afirmou que o presidente russo não seria preso caso visitasse o Brasil. Putin é alvo de um mandado de prisão emitido pelo TPI por crimes de guerra cometidos na Ucrânia. O Brasil é signatário do estatuto que criou a corte e, portanto, precisa cumprir as ordens expedidas pela instituição.

Vieira destacou, contudo, que Lula e Putin podem voltar a se encontrar pessoalmente. Os dois presidentes conversaram por telefone e por videoconferência duas vezes, desde que o petista foi eleito para o terceiro mandato.

"Já se encontraram inúmeras vezes no passado. Se houver a possibilidade, não tenho dúvidas que se encontrarão novamente. O presidente Lula deixou muito claro que está aberto a discutir e conversar com quem quer que seja, com vistas a promover entendimento entre as duas partes para conversas diretas em busca da paz", afirmou o chanceler.

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