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Mãe de servidor esfaqueado pede que o filho vá morar no Rio

Idosa de 77 anos mora em Niterói (RJ). O filho, servidor aposentado do Banco Central, estaria sofrendo maus tratos

Brasília|Luiz Calcagno, do R7, em Brasília

Marca de ferimento que enteados e uma ex-funcionária dizem ser uma facada no braço do servidor
Marca de ferimento que enteados e uma ex-funcionária dizem ser uma facada no braço do servidor Marca de ferimento que enteados e uma ex-funcionária dizem ser uma facada no braço do servidor

Em vídeo, a mãe do analista aposentado do Banco Central de 49 anos que estaria sendo dopado pela esposa desabafou e pediu que ele vá morar com ela. A filmagem foi feita em Niteroi (RJ), onde mora a família do servidor. A história foi parar na imprensa depois que os enteados da vítima denunciaram a própria mãe à Polícia Civil do Distrito Federal por maus tratos, por excesso de medicamentos e por castrá-lo quimicamente. Ele também teria levado uma facada no braço. O casal, que tem endereço fixo em Portugal, está residindo em Águas Claras, e o homem continua com a mulher.

O juiz de direito Gilmar Rodrigues da Silva pediu provas que justifiquem a interdição do analista aposentado, mas ordenou que a Polícia Federal seja oficiada para recolher o passaporte do homem e impedir que ele seja levado de volta para a Europa. Mas, de acordo com os enteados, o casal tem passaportes europeus. Eles temem que, com o documento expedido na Europa, a mulher suspeita das agressões tente fugir com o servidor.

No vídeo gravado pela mãe da vítima, de 77 anos, ela conta sobre a vida da família no Rio de Janeiro e como era a relação com a suspeita, Maruzia das Graças Brum Rodrigues, 53 anos, e como o filho se afastou dela depois. A mãe do servidor afirma, ainda, que tem condições de cuidar dele. “Minha vida é equilibrada, calma, e eu posso e desejo reatar e entregar meu amor de mãe para o meu filho. Eu preciso do meu filho agora. Preciso muito do meu filho. Se ele precisa de mim, eu também preciso dele”, desabafa a mulher no fim da filmagem.

O servidor foi aposentado por problemas psiquiátricos e, de acordo com os enteados, Maruzia estaria interessada na pensão dele. A mãe da vítima diz, na gravação, que o filho sempre foi estudioso, que era uma criança levada, que não apresentou problemas de saúde na infância ou adolescência, e que nunca reparou nada de diferente nele ou nos dois irmãos mais velhos. “Nenhum dos meus três filhos me deu trabalho para estudar. Ele (o servidor) adorava ler e estudar”, narra.

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“Na idade de decidir a carreira, ele decidiu fazer economia. Passou no vestibular, entrou na faculdade, sem problema nenhum, e se formou. Tinha um objetivo, fazer concurso público. Ele passou em várias opções e o objetivo dele era maior. Ele queria algo melhor e lutou para passar no Banco Central. E passou. Ele poderia escolher Brasília e Belo Horizonte (MG). Ele me perguntou e eu disse que Brasília era uma boa. Eu já conhecia, e a gente ia se visitar sempre que pudesse”, explicou a mãe da vítima.

A mudança para Brasília

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A mulher conta, então, que veio para Brasília com o filho e o ajudou a encontrar uma pensão. “Era o primeiro filho que ia se afastar de mim. Tinha o cuidado de levá-lo, ver onde ele ia ficar. Ele fixou a residência. Eu ia lá periodicamente, até que ele me apresentou a Maruzia. Ela era mais velha, uma pequena diferença, tinha três filhos. Mas eu não tinha problema. Eu também era separada e tinha três filhos. Eu aceitei”, afirma na filmagem.

Posteriormente, ela conta que se assustou, pois a mulher engravidou e o servidor se casou com a companheira sem avisá-la ou convidá-la. “Quando fui ver, ela estava grávida. Ele disse ‘vou morar com ela, sair da pensão, ir para o apartamento’. Os filhos dela foram morar lá. Brigavam muito. Ela brigava muito com o ex-marido por causa de pensão, era agressiva com os filhos, com o neto... Eu ficava muito triste e com medo. Em uma dessas que eu vim embora, eles casaram, não me comunicaram, não me deram satisfação, só disseram que se casaram de papel passado. Não tinha mais nada para fazer. Não reclamei, aceitei”, confessa a mulher.

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Agressões à sogra

Depos que o bebê nasceu, a idosa passou a vir para o DF ajudar a nora. “Ela teve o filho, meu neto, eu fui lá, fiquei com ela, ajudei no resguardo, fiquei feliz com meu neto. Via as meninas. Me fazia mal ir para o apartamento dela. Ela era agressiva com os filhos, reclamava do bebê e de tudo. Um belo dia ela me chamou e disse que o Eduardo tinha surtado, que estava no psiquiatra e teve uma crise. Quando cheguei (em Brasília) ela me levou ao psiquiatra. Ele falou que ele estava com problemas e eu fui saber que ela instigava ele para brigar com o pai das filhas dela por causa de dinheiro. Foi uma coisa que não me aprofundei, mas ela instigou ele a brigar”, revela a mulher.

A mulher conta, nas filmagens, também, que a suspeita se trancava com ela em um quarto para reclamar do companheiro e que a agredia com palavras e a impedia de sair. “Sempre que eu ia lá, ela me trancava em um quarto e me falava muitas coisas, falava mal do meu filho, mas eu via mais agressividade da parte dela que dele. Eu chorava, dizia que queria sair, que estava me sentindo mal, ela dizia que não, que eu era mãe dele e ia ter que aguentar. Eu chorava muito e quanto mais eu me incomodava, mais ela me torturava com palavras e atitudes. Acho que ela só queria de mim era dinheiro”, conta a mulher.

De acordo com a mãe do servidor, ao contar para o filho o que ocorria, ele dizia que a esposa ia melhorar. O casal passou a pedir dinheiro para a idosa. Ela também diz ter suspeitado da quantidade de remédios que o servidor tomava, mas se resignava, pois ele tinha acompanhamento médico. “Ele foi tolerando, eu fui me afastando. Mas, o objetivo dela era só dinheiro. Vira e mexe pedia dinheiro. Eu mandava. quando eu não podia, eu não mandava e ela ficava agressiva com ele. Eu achei muito excesso de remédio. Mas estava com o médico. Eu não podia suspeitar, mas suspeitava de alguma coisa”, diz a mulher no vídeo.

Estoque de remédios encontrado pelos enteados da vítima
Estoque de remédios encontrado pelos enteados da vítima Estoque de remédios encontrado pelos enteados da vítima

Falta de dinheiro

A mulher conta, ainda, que quando o filho ia passar férias com ela, a nora não o acompanhava, e ele chegava com poucos pertences e sem dinheiro. Ela chamava o filho para morar no Rio, mas ele dizia que queria morar com o filho. Depois, o casal fez faculdade de direito e, em seguida, a nora se mudou para Portugal para, supostamente, fazer um mestrado. Ele teria ficado cuidando do filho.

“Eu não tinha provas de nada, não sabia de muita coisa, ele não reclamava. Mas ele nunca tinha dinheiro, e quando tinha dinheiro, ele ligava para ela (para a companheira), e ela botava na conta. Eu não sei como era a situação. Sei que ele nunca tinha dinheiro para nada. Às visitas para ele eram anuais. Ele vinha (a Niterói) sempre. Todo ano passava 30 dias comigo. Até que ela disse que ia fazer doutorado. Ele não admitia que eu duvidasse dela”, afirma a mãe da vítima.

O susto seguinte foi quando soube que o filho tinha se aposentado por problemas psiquiátricos e tinha se mudado para Portugal sem avisá-la. “Meu filho foi mudando, ficando diferente, muito dependente, e eu não sabia mais o que fazer. Até que em outubro de 2019, recebi um telefonema do meu filho dizendo que estava em Portugal. Me faltaram as pernas. Sentei e disse como? ‘Eu me aposentei e estou morando em Portugal com a minha mulher e meu filho’. Eu tentei enxergar pela melhor parte. Ele está perto do filho. Ela não vai poder fazer mal a ele. Eu estava desconfiada da situação. Eu tentava tirar dele, mas ele não falava nada. E agora estou muito chocada com tudo isso que meu filho passou”, desabafa a mulher.

“Quero ver meu filho”

Já no fim da filmagem, a mãe do servidor aposentado conta que ao voltar para o Brasil, em julho último, a nora voltou a pedir dinheiro para ela. “Ela pediu dinheiro, dizendo que eu tinha que dar uma pensão para eles, para dar comida para o meu filho e meu neto. Eu disse ‘como? Sou aposentada do INSS. Aqui é Real, aí é euro. Eu não posso manter vocês’. Ela me maltratou, me xingou, praguejou. Fico muito nervosa de ver que ela tem meu filho e tem meu neto. Agora meu neto está lá, eu estou aqui, e eles estão em Brasília”, afirma.

“Eu quero meu filho. Vou cuidar dele, vou amá-lo mais que nunca. Enquanto eu tiver vida, quero meu filho perto de mim. Ele vai me fazer companhia. Eu posso cuidar dele. Ela tem que ser punida. Eu nunca vi uma pessoa tão má em toda a minha vida. Minha vida é equilibrada, calma, e eu posso e quero, desejo reatar e entregar meu amor de mãe para o meu filho. Eu preciso do meu filho agora. Preciso muito do meu filho. Se ele precisa de mim, eu também preciso dele”, desabafa a mulher no fim do vídeo. A reportagem ligou para a suspeita, mas ela não atendeu as ligações.

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