Jornalista Dom Phillips questiona Bolsonaro sobre preservação da região amazônica, em 2019
Marcos Corrêa / PR / 19.07.2019Em julho de 2019, o presidente Jair Bolsonaro afirmou ao jornalista britânico Dom Phillips, desaparecido desde o último domingo (5), que a Amazônia "é do Brasil, não de vocês". A declaração foi registrada num vídeo publicado nas redes sociais pelo próprio chefe do Executivo nacional.
Phillips havia questionado como Bolsonaro pretendia mostrar para as demais nações de que forma o governo brasileiro está comprometido com a redução do desmatamento na região amazônica. "Primeiro você tem que entender que a Amazônia é do Brasil, não de vocês. A primeira resposta é essa aí, tá certo?", respondeu o presidente.
"[Com] toda essa devastação que vocês nos acusam que estamos fazendo, que já foi feita no passado, a Amazônia já teria sido extinta, já seria um grande deserto", acrescentou, destacando que o Brasil é o que mais preserva a região. "Nenhum país do mundo tem moral para falar da Amazônia", defendeu Bolsonaro.
Na ocasião, a área desmatada da Amazônia em julho havia atingido uma área total de 2.254 km², o equivalente a mais de um terço de todo o volume desmatado nos 12 meses anteriores, entre agosto de 2018 e julho de 2019, período em que o volume total do desmatamento chegou a 6.833 km².
Os dados são do Sistema de Detecção do Desmatamento na Amazônia Legal em Tempo Real, ferramenta do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. O volume de 6.833 km² supera em 33% o desmatamento medido nos 12 meses anteriores.
"A gente sabe que é do interesse mundial pelo que resta do planeta, basicamente, a Amazônia. Eu não tenho provas, mas o interesse em criar agora uma grande área de preservação da Amazônia, de 136 milhões de hectares, se discute lateralmente quando há reuniões de clima pelo mundo afora", completou Bolsonaro.
Phillips e o indigenista Bruno Araújo, que também é servidor da Funai, estão desaparecidos desde o último domingo (5) no Vale do Javari, no Amazonas. Como o R7 mostrou, a região, segunda maior terra indígena do país, é pressionada por pesca ilegal, garimpo, tráfico e extração de madeira , além de ser palco de conflitos com pescadores e garimpeiros.
Na última terça-feira (7), Bolsonaro disse que Phillips e Araújo estavam numa "aventura que não é recomendável" e levantou suspeitas de que eles possam ter sido mortos, apesar de esperar que sejam encontrados em breve.
"Realmente, duas pessoas apenas num barco, numa região daquela, completamente selvagem, é uma aventura que não é recomendável que se faça. Tudo pode acontecer. Pode ser um acidente, pode ser que tenham sido executados. A gente espera, e pede a Deus, que sejam encontrados brevemente", afirmou Bolsonaro.
A Polícia Federal investiga o caso e ouviu duas testemunhas do desaparecimento do jornalista, que é colaborador do The Guardian, e do servidor da Funai. Eles prestaram depoimento no início da noite da última segunda-feira (6) e foram liberados.