Caminhões com querosene de aviação são escoltados em rodovia de Goiás
Ueslei Marcelino/Reuters - 28.05.2018Horas depois de o presidente Michel Temer (MDB) ceder às propostas feitas pelos caminhoneiros, a categoria continua com paralisações em diversas rodovias estaduais e federais por todo o País nesta segunda-feira (28).
A PRF registra manifestações de caminhoneiros no Distrito Federal e em 23 Estados. São eles: São Paulo, Alagoas, Paraná, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Santa Catarina, Espírito Santo, Goiás, Rio Grande do Sul, Maranhão, Pará, Paraíba, Sergipe, Rio Grande do Norte, Tocantins, Pernambuco, Ceará, Acre, Rondônia, Mato Grosso do Sul, Roraima, Bahia e Piauí.
A primeira medida tomada por Temer foi a redução no valor do óleo diesel de R$ 0,46 por litro, seguida da manutenção desse valor por 60 dias e, após esse período, ajustes mensais de preços. O terceiro ponto decretado pelo governo é a isenção do pagamento nos pedágios por eixo suspenso. A quarta deliberação é a garantia de 30% dos fretes da Conab e, a última, tabela mínima de frete.
No entanto, as providências tomadas pelo pemedebista não agradaram à categoria, que segue com manifestações em rodovias, provocando, então, o desabastecimento de diversos municípios. Com o intuito de encontrar uma solução, uma nova reunião de avaliação da situação de restabelecimento da normalidade em todo o País está marcada para as 10h em Brasília — não é garantida, ainda, a presença de Temer.
Confira, abaixo, os atos e pontos de bloqueio desta segunda-feira:
São Paulo
A rodovia Anchieta, que liga a capital paulista ao litoral, tem trânsito intenso do km 23 ao 25 por causa das manifestações. A situação na Imigrantes é parecida, com lentidão no trecho no km 23,5. A rodovia Régis Bittencourt, interligação entre São Paulo e Curitiba, têm trânsito lento nos km 476 no sentido Paraná, km 280 nos dois sentidos e no km 68 no sentido São Paulo.
A rodovia Presidente Dutra, que une São Paulo ao Rio de Janeiro, também tem pontos de lentidão nos km 209, na altura de Guarulhos, no sentido São Paulo; no km 51 na altura de Lorena, sentido São Paulo; e no km 92 na altura de Pindamonhangaba, também no sentido São Paulo. A Raposo Tavares, que estava bloqueada no km 29,5, foi liberada. Os caminhoneiros atearam fogo em pneus e entulhos no local.
Porto de Santos
A Codesp (Companhia Docas do Estado de São Paulo) informou que o fluxo das operações no Porto de Santos, o maior do País, permanece prejudicado pela paralisação dos caminhoneiros nesta segunda. "Com o comprometimento do acesso de veículos rodoviários de carga às instalações portuárias, verifica-se redução de recepção e entrega de mercadorias pelos terminais", diz a companhia.
As operações de carga e descarga de navios, no entanto, ainda continuam a ser realizadas. Estão previstas para esta segunda a entrada de cinco navios e saída de seis, até 13h. Na semana passada já havia relatos de princípio de lotação nos terminais, por causa da continuidade de recepção das cargas e manutenção delas no pátio do porto, sem a possibilidade de retirada pelas rodovias.
Os manifestantes continuam se concentrando nas duas margens do Porto (Santos e Guarujá), sem interdição ao tráfego de veículos leves. Na margem de Santos, o movimento atua no acesso de entrada às instalações do complexo portuário, na rotatória da Alemoa, situada na Avenida Augusto Barata, conhecida como Retão da Alemoa, e na saída da Rua Cristiano Otoni, no Valongo.
Já na margem localizada no município de Guarujá a manifestação acontece na Rua Idalino Pinez, conhecida como Rua do Adubo.
Protestos de caminhoneiros seguem pelo País, mesmo após governo ceder
Nilton Cardin / Estadão Conteúdo / 27.05.2018Alagoas
Desde o início da manhã desta segunda-feira (28), manifestantes bloqueiam parcialmente a avenida Fernandes Lima, uma das principais vias que cortam Maceió, capital do Estado, deixando o trânsito lento principalmente para quem segue no sentido do centro. Em frente ao quartel, eles estão ocupando duas faixas no sentido Farol e estacionaram cinco carretas no sentido contrário, na faixa ao lado do canteiro central.
Paraná
De acordo com balanço realizado pela PRE (Polícia Rodoviária Estadual), às 6h10, existem 157 pontos de protestos nas rodovias estaduais. Já a PRF, não divulga balanços desde a noite de sábado, quando tinham 60 pontos de bloqueio.
Trabalhadores autonômos realizaram uma manifestação pedindo o fim da paralisação, na BR-116, já que sem caminhões eles não tem trabalho. Ao chegar no local, equipes da PRF negociaram a liberação parcial da rodovia, que chegou a ser totalmente bloqueada por alguns instantes.
Minas Gerais
A Polícia Rodoviária Federal informou que são 64 pontos de bloqueio feito por caminhoneiros nesta segunda em rodovias federais do Estado de Minas Gerais, mesmo após o acordo com o governo.
A rodovia Fernão Dias, principal ligação de São Paulo à Belo Horizonte, apresenta diversos pontos bloqueados por manifestantes também nesta segunda. São eles: km 949, em Extrema, sentido norte; km 925, em Itapeva, sentido norte; km 691, em Lavras, em ambos os sentidos; em 677, em Perdões, sentido sul; km 589, em Carmópolis de Minas, em ambos sentidos; km 618, em Oliveira, em ambos sentidos; km 702, em Lavras, sentido norte; km 754, em Três Corações, sentido sul; km 485, em Betim, ambos sentidos; km 513, em Igarapé, ambos sentidos; km 734, em Carmo da Cachoeira; km 796, em São Gonçalo do Sapucaí e km 871, em Pouso Alegre, ambos sentidos.
O Aeroporto de Confins registrou 13 voos cancelados somente na madrugada e manhã desta segunda, em função do desabastecimento de querosene de aviação.
Rio de Janeiro
A rodovia Presidente Dutra registra pontos de bloqueio feitos por caminhoneiros neste oitavo dia de paralisação da categoria. Em Seropédica, o tráfego está lento na pista expressa no km 204, ambos os sentidos, e em Barra Mansa, manifestação ocorre na pista expressa o km 92, sentido capital paulista.
A Prefeitura de Nova Iguaçu, uma das maiores cidades da região metropolitana uma Rio de Janeiro, suspendeu as aulas na manhã de hoje (28) devido aos efeitos da greve dos caminhoneiros. Na capital e em Niterói, as escolas municipais também não vão funcionar nesta segunda-feira.
Mato Grosso
A PRF (Polícia Rodoviária Federal) informou que ainda são 30 pontos de manifestação em rodovias do Estado do Mato Grosso, mas sem interdição no total de vias. A Prefeitura de Cuiabá, o Tribunal de Justiça, o Ministério Público, entre outros, não funcionam nesta segunda-feira (28).
Presidente da República, Michel Temer anunciou medidas para finalizar greve
Ueslei Marcelino/Reuters - 27.05.2018Santa Catarina
Cerca de 67 pontos de bloqueio de caminhoneiros ainda são registrados pela PRF em rodovias federais que cortam o Estado de Santa Catarina nesta segunda. Escoltadas pela Defesa Civil e Guarda Civil Metropolitana, oito carretas carregadas de querosene para aviação abasteceram o Aeroporto de Florianópolis, na noite de ontem (27), garantindo, assim, a operação das próximas 48 horas.
Espírito Santo
Os caminhoneiros disseram que não vão finalizar a greve no Estado do Espírito Santo. Segundo eles, todos os pedidos não foram atendidos e por isso eles vão continuar com as manifestações. De acordo com o governo, há 1.646 veículos parados em 29 pontos de manifestação nas rodovias federais e estaduais capixabas. Foram constatados também a presença de 1.605 manifestantes e não há interdição de vias.
“Queria agradecer as pessoas do Espírito Santo pelas doações e o apoio de todos. Do que o Temer propôs para nós, alguma coisa nos interessa, mas têm muitas coisas que os caminhoneiros não concordaram. Esse tempo de 60 dias só não interessa. Nós temos o nosso representante lá e ele vai decidir”, disse um dos caminhoneiros que está em Viana.
Goiás
Com reflexo nos mais variados setores e frente ao iminente desabastecimento de combustível e produtos de necessidade básica, o protesto dos caminhoneiros nas rodovias completa oito dias consecutivos com 74 pontos de bloqueios em Goiás. Destes, 27 trechos são em vias federais e 47 em estaduais.
Na manhã deste domingo (27/5) o aeroporto Santa Genoveva recebeu o carregamento de três carretas de querosene de avião e saiu da lista de aeroportos sem combustível. De acordo com a Infraero, o aeroporto de Goiânia está operando normalmente e deixou de ter restrição de abastecimento — quando o avião só pode pousar se tiver combustível suficiente para a próxima etapa do voo. No entanto, o carregamento não será suficiente por muito tempo e se não houver novo abastecimento, em breve o aeroporto de Goiânia pode voltar para a lista de aeroportos sem combustível.
Rio Grande do Sul
No Rio Grande do Sul, há pelo menos 89 pontos de manifestação em rodovias estaduais. O protesto ganha apoio, nesta segunda-feira, dos petroleiros que também estão aderindo às manifestações. Por volta das 8h30min, o grupo de trabalhadores estava concentrado em frente à Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), em Esteio, para fazer um balanço dos protestos.
A Brigada Militar e o Exército estão escoltando caminhões com combustível na Refap e também da refinaria Ipiranga— ambas em Esteio. Devido à paralisação, falta gasolina e GNV na maioria das cidades gaúchas.
Maranhão
No Maranhão, havia 16 pontos de bloqueios em estradas até domingo (27), sendo alguns dos pontos na altura de São Luís, Balsas, Caxias e Governador Edison Lobão. Não há números atualizados na manhã desta segunda. Caminhões com escolta da Polícia Civil, Militar e Rodoviária Federal estão levando combustíveis para postos e aeroportos do Estado.
Pará
A PRF informa que 11 lugares continuam com atos de caminhoneiros em vias que cortam o Estado do Pará. Destes, dois com interdição total das rodovias estaduais, nas cidades de Paragominas e Marabá, respectivamente, ambas na região sudeste do Estado.
Paraíba
Vans escolares realizam protesto em apoio a paralisação dos caminhoneiros em João Pessoa na manhã desta segunda. Os motoristas percorrem ruas e avenidas da capital, com interdição total das vias em que trafegam, como o trevo e rotatória.
Vários pontos da cidade foram interditados, a exemplo do trecho em frente a Universidade Federal da Paraíba (UFPB), a Avenida Pedro II e Terminal de Integração do Varadouro.
Rodovia Presidente Dutra registra ato de caminhoneiros no último domingo
Nilton Cardin/ Estadão Conteúdo - 27.05.2018Sergipe
Apenas um ponto de bloqueio de caminhoneiros é registrado na manhã desta segunda no Estado de Sergipe. Segundo a PRF, a manifestação ocorre na rodovia estadual SE-070, em São Domingos.
Rio Grande do Norte
No Rio Grande do Norte, os bloqueios continuam ao longo da BR-101. O município de Parnamirim é o mais afetado pela paralisação. Há informações de que os estoques de gás de cozinha também estão zerados no estado.
Tocantins
Palmas, capital de Tocantins, também sofre com os efeitos da paralisação dos caminhoneiros. A cidade está sem combustível e nos supermercados já faltam frutas, verduras e carnes. Os estoques de gás de cozinha também se esgotaram. Algumas universidades interromperam as aulas nesta segunda-feira (28). A prefeitura prioriza os serviços de urgência.
Pernambuco
A PRF de Pernambuco também não concede mais informações. O último número refere-se à tarde de domingo (27), quando se tinha pelo menos 22 pontos de bloqueio de caminhoneiros em estradas federais no Estado de Pernambuco.
Desde segunda-feira, caminhoneiros continuam no Porto de Suape. Uma pequena confusão foi registrada na manhã de hoje, quando soldados do Exército chegaram ao local. Os agentes de segurança tinham a ordem de retirarem um caminhão que carregava gás, mas não obtiveram sucesso.
Ceará
A PRF informa que são 13 pontos de bloqueio de caminhoneiros em rodovias federais no Estado do Ceará, registrados na tarde de domingo (27). Nesta segunda, a PRF ainda não divulgou novos registros. Dezenove caminhões com querosene para aviação abasteceram o Aeroporto de Fortaleza, o que garante o funcionamento até o início da tarde de quarta-feira (30).
Distrito Federal
No oitavo dia de mobilizações nacionais pela redução do preço do óleo diesel, seis rodovias que cortam o Distrito Federal e a Região Metropolitana têm presença de caminhoneiros. Não há, segundo os órgãos de segurança, nenhum bloqueio de vias nesta segunda-feira (28). Na capital, a entidade que representa os motoristas autônomos fala em perda de controle, mesmo após o governo federal ceder às reivindicações.
Segundo a PRF, caminhoneiros se concentram em três pontos da BR-020, saída para o Nordeste. Eles estão nas alturas de Planaltina e Formosa (GO). Na BR-050, a mobilização ocorre em Cristalina (GO). A BR-060 tem concentração na região do Recanto das Emas, Gama e Alexânia (GO). A BR-070 é ocupada na altura de Ceilândia e a BR-080, em Brazilândia.
Caminhoneiros paralisam a rodovia Anhanguera, em São Paulo
Júlio Zerbatto / Estadão Conteúdo / 28.05.2018Acre
De acordo com informações da PRF, caminhoneiros realizam três atos nas rodovias no Estado do Acre. Dois são na BR-364, na capital Rio Branco, e outro na rodovia estadual AC-040.
Rondônia
Pelo menos 15 pontos são registrados com manifestações de caminhoneiros em rodovias federais do Estado de Rondônia, segundo levantamento da PRF. Por volta de 11h, caminhoneiros se encontram com a população e outras categorias como motoristas de aplicativo de transporte individual, taxistas, vans escolares, na praça das Três Caixas D’água, no centro de Porto Velho.
Mato Grosso do Sul
"A princípio vamos continuar com a manifestação. Está acontecendo reunião para decidimos o que vamos fazer, mas, não queremos somente a redução do diesel e sim também dos outros combustíveis", afirmou o caminhoneiro José Marcos Angelozi, 44 anos. Ele é um dos vários que protestam em rodovias no Estado do Mato Grosso do Sul nesta segunda.
Roraima
A PRF registra apenas um ponto de manifestação de caminhoneiros no Estado de Roraima na manhã desta segunda. Segundo a corporação, os manifestantes se encontram no km 483 da BR-174, em Boa Vista. Também na capital do Estado, população realiza ato em favor dos caminhoneiros em frente à Assembleia Legislativa.
Bahia
O oitavo dia de greve dos caminhoneiros segue com protestos nesta segunda-feira (28) na Bahia. Nas rodovias federais e estaduais o tráfego flui normalmente para carros e ônibus — apenas caminhões e carretas são retidos. Segundo a concessionária Via Bahia, que administra trechos da rodovia BR-116, há manifestações em sete cidades (Santo Estevão, Itatim, Milagres, Jequié, Poções, Manoel Vitorino e Vitória da Conquista). A BR-324, por sua vez, está parcialmente interditada no trecho de Amélia Rodrigues, sem retenção de veículos. Protesto ocorre também no km 13 da BR-526, em ambos os sentidos, e no km 10 da BR-535.
Piauí
Pelo menos quatro pontos de bloqueio persistem em rodovias federais do Piauí, segundo a PRF — os caminhoneiros permanecem no acostamento da via.
Manifestantes bloquearam os dois sentidos da rodovia Santos Dumont, em Campinas
Denny Cesare / Estadão Conteúdo / 28.05.2018Fim da greve?
Após a publicação de MPs com as demandas dos caminhoneiros no DOU (Diário Oficial da União), na noite de domingo (27), os caminhoneiros autônomos demonstraram satisfação com a proposta do governo e, ao longo desta segunda-feira (28), podem colocar fim à greve. Em entrevista à RecordTV, o presidente da Fecam (Federação dos Caminhoneiros Autônomos do Estado de São Paulo), Claudinei Pelegrini, que representa cerca de 300 mil caminhoneiros, afirmou que a greve “acabou”.
— Graças a Deus acabou. Nós temos assinado isso. Temos dito, desde o início, que só teria validade esse acordo a partir do momento em que fosse publicado no Diário Oficial. O governo, quando quer, faz. Editou uma edição especial do Diário Oficial, saiu por volta de 1h da manhã [desta segunda-feira], dando cabo das decisões que foram tomadas. Se fosse aguardado o Senado votar o que a gente reivindicava, isso ia demorar semanas e a paralisação ia se manter. Com isso, o presidente se comprometeu, soltou as medidas provisórias, mais os outros acordos que tinham sido assinados na semana passada, e eu acredito que hoje, durante o dia, nós vamos estar passando aos caminhoneiros que estão nas rodovias.
Por sua vez, a Abcam (Associação Brasileira dos Caminhoneiros) afirmou que decidiu assinar acordo com o governo para finalizar greve. Em nota, a entidade diz que considera o resultado uma "vitória", uma vez que "o acordo anterior previa uma redução de apenas 10% por apenas 30 dias. Entretanto, a Associação acredita que até dezembro deste ano o Governo encontre soluções para que essa redução seja permanente".
*Colaboraram Giuliana Saringer e Fabíola Perez, do R7, com informações da Agência Brasil e Agência Estado