Dia do Teste do Pezinho: saiba a importância do exame e onde fazê-lo
Capaz de diagnosticar doenças genéticas, metabólicas e infecciosas, o teste de Guthrie, popularmente chamado de teste do pezinho, é um dos exames de triagem mais importantes do recém-nascido. O teste é obrigatório no Brasil deste 1992, assim, todo recém-nascido tem o direito de realizá-lo gratuitamente. O exame é realizado a partir de sangue coletado do calcanhar […]
Cidades|Do R7
Capaz de diagnosticar doenças genéticas, metabólicas e infecciosas, o teste de Guthrie, popularmente chamado de teste do pezinho, é um dos exames de triagem mais importantes do recém-nascido. O teste é obrigatório no Brasil deste 1992, assim, todo recém-nascido tem o direito de realizá-lo gratuitamente.
O exame é realizado a partir de sangue coletado do calcanhar do recém-nascido e que permite triar várias doenças graves. As principais são: hipotireoidismo congênito; fenilcetonúria; anemia falciforme; fibrose cística; hiperplasia adrenal congênita e deficiência de biotinidase. Porém, em 26 de maio de 2021, o Presidente da República sancionou uma lei que pode incluir até 50 doenças nessa triagem.
No Dia Nacional do Teste do Pezinho, lembrado neste domingo (6), o Instituto Cândida Vargas (ICV), em João Pessoa, destaca a importância desse exame como um dos processos de triagem neonatal para evitar sequelas graves permanentes como a deficiência mental.
De janeiro até maio, o ICV já realizou um total de 1.025 testes. Apenas em janeiro, foram 211 exames, em fevereiro foram 204, em março 191 crianças foram examinadas, em abril o número cresceu, chegando à marca de 225, seguido de 194 testes em maio. O teste é gratuito e é oferecido no ambulatório do Instituto Cândida Vargas.
Esta estratégia é utilizada para evitar sequelas irreversíveis das doenças genéticas que podem acometer a criança, e só dá sinais e sintomas quando os defeitos já não conseguem ser corrigidos. Sequelas graves e irreversíveis como paralisia cerebral grave, atraso no desenvolvimento, entre outros.
“O teste deve ser feito com sangue da criança, que deve ser armazenada em papel filtro. O local de mais fácil coleta e de menor dano para a criança é a lateral do calcanhar. Trata-se de um exame laboratorial que consiste na punção do calcanhar do bebê para obtenção de amostras de sangue colhidas em papel filtro”, disse a médica do ICV, Juliana Soares.
Juliana Soares informou que após 72 horas do nascimento do bebê, a criança já deve realizar o exame, pois quanto mais cedo coletar, mais rápido tem o resultado. Contudo, no caso de crianças muito prematuras em estado de saúde grave na unidade neonatal, é preciso aguardar até a estabilização clínica. Outro alerta é que não se deve ser coletado o teste após transfusão sanguínea, pois é preciso esperar 30 dias.
Resultados – Se o exame tiver alterado, o Laboratório Central (LACEM) encaminha o resultado para o ponto de referência no município de João Pessoa, que é Complexo de Pediatria Arlinda Marques (CPAM). A criança vai iniciar o processo de investigação para confirmar ou descartar a doença identificada.
Exames – As coletas são feitas diariamente no ambulatório do ICV. O agendamento é feito após a alta da paciente, com 72h após o nascimento. O resultado é programado e fixado na caderneta da criança. É necessária a apresentação do registro e do cartão SUS do recém-nascido.
Outros locais – Em João Pessoa, além do ICV, a triagem neonatal pode ser feita também no Hospital Universitário Lauro Wanderley (HUWL), Hospital Edson Ramalho e ambulatório da maternidade Frei Damião.
Expansão – No último mês maio foi sancionada pela presidência da República um projeto de lei que amplia o número de doenças que podem ser detectadas pelo teste do pezinho realizados na rede de saúde pública e a implementação deve acontece em 2022. A previsão é que o exame alcance 14 grupos de doenças.
Segundo a médica geneticista do Hospital Universitário Alcides Carneiro (HUAC-UFCG/Ebserh), Paula Frassinetti Vasconcelos de Medeiros, é importante salientar que o resultado da triagem não deve ser considerado como um diagnóstico definitivo, pois é uma indicação, uma suspeita de diagnóstico. Assim, é fundamental que seja realizada uma nova coleta de sangue para confirmação ou não da enfermidade.
“Considerando que a maioria das doenças rastreadas na Triagem Neonatal são de causa genética e de herança autossômica recessiva, isto é, pais normais, mas que portam um gene mutado, essa ampliação do Teste do Pezinho é particularmente importante aqui na Paraíba, onde a consanguinidade parental elevada favorece a ocorrência de doenças genéticas com aquele tipo de herança”, explicou a médica Paula Frassinetti.
Estado tem programação
Para marcar a data, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) promove nos dias 6, 9 e 10, capacitações e exibição de vídeo institucional sobre a importância do exame.
“O teste do pezinho é um exame obrigatório e gratuito na Rede Pública de Saúde. Por isso, aproveitamos a data para reforçar à sociedade sobre a importância da realização do exame em recém-nascidos, mesmo durante a pandemia da Covid-19”, disse a chefe do Núcleo das Linhas Prioritárias, da SES, Rachel Holanda.
Na Paraíba, o Núcleo das Linhas Prioritárias coordena o Programa Estadual de Triagem Neonatal Biológica “Teste do Pezinho “, composto por uma rede de parceiros: Banco de Leite Humano Anita Cabral – referência para capacitação dos profissionais dos Postos de Coleta do Teste do Pezinho dos municípios; Lacen PB – unidade de análise das amostras em papel de filtro e resultado dos exames de triagem; Complexo de Pediatria Arlinda Marques – referência para o seguimento clínico e tratamento das doenças e o Hemocentro – serviço de seguimento e tratamento das Hemoglobinopatias.
A coordenadora do Serviço de Referência em Triagem Neonatal da PB (SRTN-PB), no Arlinda Marques, endocrinopediatra Eugênia Montenegro, disse que o tratamento precoce das doenças triadas evita consequências graves. Ela também explicou como funciona o fluxo: “Quando o Teste do Pezinho vem alterado, a família é contatada pelo Serviço e o bebê fará nova coleta para excluir ou confirmar a doença para qual a triagem foi alterada”.
Em decorrência da pandemia da Covid-19 e das medidas de distanciamento, os Serviços de Referência se reorganizaram com mudanças de fluxos, mantendo em funcionamento a assistência ao recém-nascido, à criança e ao adolescente.