Há menos de três meses, o Diário Digital conversou com a mãe de Jhon Wellington Maciel dos Santos, de 27 anos, durante um mutirão nacional para coletar amostras de DNA de pessoas que têm parentes desaparecidos. Nesta quinta-feira (2), a DEH (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídios) confirmou que uma das ossadas encontradas no cemitério clandestino, em julho deste ano, no bairro Jardim Santo Eugênio, na Capital, trata-se do jovem.
A identificação positiva dos restos mortais da segunda pessoa encontrada enterrada às margens do córrego Bálsamo foi possível pela numeração de uma prótese de fêmur que Jhon tinha. Conforme a Polícia Civil ainda haverá exame complementar por DNA.
Segundo familiares, Jhon Wellington havia desaparecido no dia 5 de maio de 2020, em Campo Grandel, após receber uma ligação e sair de casa com a moto do cunhado para comprar cigarros. O veículo foi encontrado abandonado, na Rua da Divisão, três dias depois. Já o rapaz, nunca retornou. As circunstâncias do homicídio continuam sob investigação.
Jhon tinha algumas passagens pela polícia por crimes como roubo e receptação. Ele havia sido preso, em 2016, com uma arma usada no latrocínio (roubo seguido de morte) de um comerciante no Distrito de Anhanduí. O jovem cumpria pena na Penitenciária Estadual Masculina de Regime Fechado da Gameleira, mas ganhou liberdade para fazer uma cirurgia e se recuperava em casa, até o desaparecimento.
Coleta de DNA - No dia 15 de junho deste ano, a diarista Lucimar de Jesus, de 50 anos, foi até a Delegacia de Homicídios para voluntariamente coletar DNA e alimentar o Banco Nacional de Perfis Genéticos (BNPG). Por meio do cruzamento de dados, o material genético é comparado ao de pessoas que morreram sem que fosse possível a identificação pelas digitais ou arcada dentária.
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Diário DigitalÀ época, a mãe não tinha qualquer informação sobre o paradeiro do filho caçula. “Vivo ou morto, eu quero saber o que aconteceu com meu filho. É muito triste viver desse jeito. Nós procuramos tanto, já viemos aqui na delegacia várias vazes, mas parece que eu vou nadar, nadar e morrer na praia. Só desejo acabar com essa agonia”, disse a mãe, em entrevista na ocasião.
Morte confirmada - Na tarde de hoje (2), logo após saber que tudo indica ser a ossada do filho, Lucimar deixou desabar em forma de pranto a dor que guardava há um ano e quatro meses. “A gente vai levando aquela vida, perdendo a esperança, se acostuma com a dor e, de repetente, vem essa reviravolta. As únicas coisas que quero agora é enterrar meu filho e que a justiça seja feita”, contou Lucimar a reportagem.
A mãe conta que dias antes do filho desaparecer, a família vinha recebendo ameaças. Uma delas, por mensagem de celular, foi direcionada a irmã de Jhon. “Eles mandaram mensagem dizendo que nós estávamos escondendo o Jhon e iriam pegar minha filha na saída do trabalho. Quatro homens também vieram de carro até minha casa, mas só estava eu e meu esposo”, lembra a diarista.
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Diário DigitalDiário Digital
Diário DigitalJhon era o filho caçula de três irmãos, ele ficou preso por um ano e sete meses e, durante todo esse período, Lucimar diz que nunca desistiu de estar com ele. “O filho pode ser o que for, mas mãe sempre vai amar. Visitei ele na prisão toda semana, não o abandonei e tinha esperança de que ele tivesse um futuro. Sempre trabalhei, lutei tanto e fiz de tudo para criar meus filhos da mesma forma, só que não aconteceu”, lamenta.
Cemitério clandestino – Os restos mortais de Jhon Wellington foi a segunda ossada encontrada pela DEH (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídios), às margens do córrego Bálsamo, no Bairro Santo Eugênio, em Campo Grande, em 14 de julho.
As investigações começaram depois de denúncias de que a área de brejo, na beira do córrego, seria um cemitério clandestino de vítimas do chamado tribunal do crime, uma espécie de julgamento, realizado por facções.
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Diário DigitalNo dia 5 de julho, equipes da DEH encontraram a primeira ossada humana. A perícia constatou se tratar de um homem, mas ele ainda não foi identificado e nem a causa da morte. A segunda vítima estava a cerca de 20 metros do local onde a ossada foi localizada, na margem oposta do córrego. Os polícias precisaram usar uma retroescavadeira e um aparelho conhecido como "detector de cadáveres" que mostra alterações no solo.
A ossada que suspostamente é de Jhon tinha marca de tiro na cabeça e um projétil de arma de fogo foi apreendido próximo ao corpo. No local, devido ao estado de decomposição do cadáver, não era possível identificar o sexo da pessoa.
“Agora, quero justiça. Enquanto eu estiver viva, vou lutar para a polícia não esquecer o caso e saber quem fez isso com meu filho e como mataram ele. Tenho fé em Deus que um dia vão pagar por tudo que estou passando”, diz em lágrima a mãe de Jhon.
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