Lembro como se fosse hoje as primeiras notícias do vírus em Wuhan, a cidade chinesa onde surgiu a Covid-19. As grandes avenidas totalmente desertas, escolas, empresas e comércios fechados, era um cenário assustador. Ao ler e ver tudo isso refleti e logo imaginei que tempos difíceis estariam se aproximando. Infelizmente eu tinha razão, não demorou muito e novos casos de coronavírus foram surgindo em todo o planeta.
No Brasil a primeira contaminação ocorreu no final de fevereiro de 2020, enquanto a Europa já registrava centenas de casos. Particularmente na mesma época eu comemorava com a minha família e amigos o primeiro aniversário da minha filha, mal sabia que seria o último encontro com muitos que ali estavam.
Em junho de 2021 completamos um ano e quatro meses de pandemia, novos hábitos foram implantados, os cuidados com a higiene foram redobrados e a máscara passou a ser uma extensão do corpo. A regra para sobreviver é ficar distante, principalmente de quem mais amamos.
Enquanto a gente se fecha em nossas casas, muitos lares mundo afora se esvaziam, os idosos são os primeiros e principais alvos do vírus mortal. À medida que a doença se alastra os hospitais superlotam, pacientes morrem sufocados, procurando pelo que temos naturalmente desde o nascimento: o ar!
Após meses de pandemia, a ciência descobriu a vacina, que finalmente chegou ao Brasil em janeiro deste ano, foi então que Mato Grosso do Sul começou a imunizar as primeiras pessoas, os profissionais da saúde, considerados grandes heróis dessa guerra contra o invisível.
Diário Digital
Diário DigitalA gente então começa a ver a luz no fim do túnel. A passos lentos as cidades são abastecidas pelos imunizantes e até que chegasse a tão sonhada hora da vacinação dos meus pais, o meu coração continuava apertadinho e preocupado.
Alguns profissionais aderiram ao home-office, porém eu como jornalista, sempre estive na linha de frente. E apesar de todos os cuidados, o temor de trazer o vírus para casa é uma constante.
Os grupos prioritários para receber o imunizante foram ampliando até que surgiu a minha vez! Senti um misto de gratidão e alívio que invadiu meu coração. Neste instante tive a certeza do quão sou abençoada. A vacina chegou para mim simplesmente por eu ser mãe de uma linda menina de dois aninhos de idade, que ainda mama no peito e que também recebeu os anticorpos através do leite materno.
Sempre muito disputada, a imunização costuma formar grandes filas e na minha vez não foi diferente. Tenho anjos em minha vida entre eles estão meus pais, que nunca medem esforços pelo bem de suas filhas. Meu pai madrugou em frente ao local de vacinação, graças a ele eu fui a primeira.
A emoção tomou conta de minha alma, sabia que entre tantos que anseiam por esse momento, eu recebia a bênção da vacinação.
Hoje o Brasil chega a quase meio milhão de mortos pela Covid-19, e em meio ao caos, com as taxas de ocupação de leitos de UTI ultrapassando 100% e pacientes sendo transferidos para outros estados, paira em mim a dose da esperança, pois meu corpo agora tem forças para lutar contra o vírus mortal, caso ele resolva fazer morada por aqui.
Infelizmente a batalha ainda é longa, a grande maioria da população precisa ser vacinada, a pandemia não acabou!
Mas eu devo esses "soldadinhos", que agora protegem meu corpo, à ela, minha filha Alice Paiva de Quevêdo, que tanto bem me faz e que pela sua vida, pela sua existência, a mamãe aqui teve direito à vacinação.
Diário Digital
Diário DigitalO post Relato de uma mãe: ‘Amamentar e vacinar é bênção em dose dupla’ apareceu primeiro em Diário Digital.