O período de seca no Espírito Santo tem deixado o volume dos rios abaixo da média. De acordo com o boletim da Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh), a vazão dos rios Santa Maria da Vitória e Jucu estão se aproximando do nível crítico.
Nesta sexta-feira (24), a agência publicou uma resolução no Diário Oficial do Estado que determina "Estado de Atenção" para a situação hídrica no Espírito Santo. A medida foi adotada devido ao risco de aumento do déficit hídrico em rios e demais cursos d'água que passam pelo território capixaba.
Segundo o diretor-presidente da Agerh, Fábio Ahnert, a queda nas vazões dos mananciais combinada com a possibilidade de baixo volume de chuvas nos próximos meses acende um alerta na sociedade, nas companhias de abastecimento e no poder público.
“Diferentemente das regiões banhadas pela bacia hidrográfica do rio Paraná, que sofrem com a falta d’água desde o primeiro semestre, o Espírito Santo ainda está conseguindo ofertar água em quantidade e qualidade para todos, mesmo em um dos meses mais críticos do período seco. No entanto, chegamos a um momento no qual os volumes dos rios seguem em queda, o que requer atenção e esforços de economia para evitarmos a escassez hídrica”, explicou.
Vazão dos rios Santa Maria e Jucu preocupam
Os dados do boletim elaborado pela Agência Estadual de Recursos Hídricos mostram que a vazão dos rios Santa Maria da Vitória e Jucu estão diminuindo e se aproximando do nível crítico.
O nível de vazão do rio Santa Maria da Vitória, por exemplo, está em 7.525,74 litros por segundo. Os dados são do boletim do dia 22 de setembro. A agência considera como "crítico" a vazão inferior a 2.895,30 litros por segundo. Veja:
No monitoramento dos últimos 30 dias, é possível observar a oscilação da vazão e uma queda a partir do início de setembro.
Já no rio Jucu, o nível de vazão está em 15.965,11 litros por segundo. É considerado nível crítico a vazão inferior a 6.260,04 litros por segundo.
Devido a uma falha na transmissão dos dados entre os dias 26 de agosto e 16 de setembro, não é possível observar o histórico completo da vazão do rio Jucu nos últimos 30 dias. No entanto, é possível observar que antes de 26 de agosto e após 16 de setembro, a vazão permaneceu baixa e próxima do nível crítico.
Estado de Atenção na situação hídrica do ES
A resolução publicada pela Agerh que determina "Estado de Atenção" para a situação hídrica no Espírito Santo recomenda uma série de medidas voltadas ao uso de água.
O diretor-presidente da Agerh, Fábio Ahnert, enfatizou a importância do comprometimento de toda a sociedade.
“É muito importante que todos os capixabas se unam em prol de um uso mais consciente da água, para que continuemos atravessando esse período seco com tranquilidade e sem prejuízo, até o retorno das chuvas”, disse.
Companhias de saneamento
A Agerh recomenda que as empresas e organizações responsáveis pelo abastecimento urbano de água adotem medidas de incentivo à economia do consumo diário de água pela população, intervenções para redução do índice de perdas do sistema de distribuição e a agilidade no atendimento às solicitações de reparos de vazamentos em suas redes.
Prefeituras
Às prefeituras dos 78 municípios do Espírito Santo são recomendadas ações que reduzam e responsabilizem atividades promotoras do desperdício de água, como lavagem de calçadas, fachadas, muros e veículos com o uso de mangueiras; a rega de gramados, jardins, vias públicas com água que não seja de reuso.
Indústrias
Medidas de reuso, reaproveitamento e reciclagem de água em suas unidades são algumas das recomendações da Agerh para a redução do consumo em empreendimentos industriais.
Agricultura
Aos usuários e empreendedores agrícolas, o "Estado de Atenção" demanda a adoção do período noturno para a irrigação de lavouras, a ampliação do uso racional e de captação de águas de chuva.
Órgãos Licenciadores
A Agerh recomenda aos órgãos responsáveis pelo licenciamento de atividades poluidoras, potencialmente poluidoras, degradadoras ou potencialmente degradadoras, que imponham aos empreendimentos a adoção de medidas para a ampliação do uso racional, do reuso e aproveitamento de águas residuais tratadas, da captação de águas de chuva e de ações de reflorestamento e conservação de água e solo. Recomenda ainda a desburocratização do licenciamento de atividades e intervenções emergenciais destinadas ao aumento da oferta hídrica.