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Conheça 3 histórias de gratidão entre médicos e pacientes do ES

Dia do Médico: Relações entre “doutores” e pacientes que salvaram e transformaram vidas

Folha Vitória|

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No dia 18 de outubro comemora-se o Dia do Médico. Um profissional que, nesses últimos dois anos, mereceu ainda mais homenagens. Mas, para além desse momento desafiador da pandemia, a data serve para lembrar daqueles que escolheram se dedicar a salvar vidas.

Alguns marcaram a vida de pessoas que “nasceram de novo”, venceram doenças “incuráveis” ou muito graves, realizaram sonhos e superaram enormes desafios. Pacientes que vão ter sempre na mente e no coração os nomes de médicos que fizeram a diferença.

Mas o contrário também acontece. Histórias de pacientes ficam gravadas na memória desses profissionais tão acostumados a viver no limite entre vida e morte. Veja abaixo algumas dessas histórias:

Uma paciente, a janela de um helicóptero e o amor à Medicina

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Infectologista e coordenadora do Comitê de Controle de Infecção de um hospital, a médica Polyana Gitirina relembra de uma paciente de 94 anos. 

“A primeira vez que nos vimos, antes da pandemia, toquei suas mãos para me apresentar e ela negou o cumprimento. Apenas me olhou de relance. Não falava e nem interagia, lutando há alguns anos contra o Mal de Parkinson”, conta.

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O filho temia um estado de demência, mas pressentia que havia ali um quadro depressivo, que justificaria à relutância na interação. 

“Ela teria que passar por uma cirurgia de quadril agressiva que só se justificaria diante de um benefício inequívoco para a paciente”, explica Polyana, que se dispôs a sentar com o filho para entender melhor o caso, a vida da mãe, suas funcionalidades.

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Ele, então, disse a frase que, segundo a médica, marcou a relação e a trajetória da profissional e daquela família: “qualidade de vida pra minha mãe é ir até a janela olhar o mundo lá fora. Se a cirurgia der a ela essa possibilidade, queremos fazer."

Polyana lembra que essa frase tocou seu coração, fazendo dela uma aliada junto à Ortopedia para realização da cirurgia. Depois de 10 dias do procedimento, no entanto, ela ainda não havia acordado e a médica passou a discutir com a família conceitos de cuidados paliativos.

“As pessoas têm uma visão equivocada da paliatividade. Não se trata de desistir de um paciente, mas focar em seu bem-estar, colocando um limite para que a Medicina não mantenha alguém vivo a preço de um sofrimento sem perspectiva de solução”, explica.

Ela lembra que o filho encerrou o diálogo com maestria: "doutora, continuo achando que, pra mamãe, viver e não poder ir até a janela nao é viver."

A paciente teve alta da UTI e, a partir daí, as medicações foram sendo reduzidas e a equipe médica manteve o foco em atividades que traziam prazer à senhora. Menos de duas semanas depois, ela teve alta acordada, já sorria.

“Mais recentemente, buscando no meu encontro matinal com o mar a força que tem me faltado depois desse longo período de pandemia, recebi do filho uma imagem improvável. A mãe, diante da janela de um helicóptero, olhava o mundo lá fora, enchendo minha alma de propósito, reacendendo a chama da paixão pela Medicina”, relembra, emocionada.

Um bebê saudável, depois de sete abortos

Ginecologista e obstetra, Remegildo Gava Milanez tem mais de 30 anos de carreira, já fez mais de cinco mil partos, acumulando histórias de superação e amor e tendo no “currículo” o privilégio de ter feito parto de mães e, anos depois, de filhas.

Uma das histórias mais marcantes, para ele, é a de uma paciente que já tinha passado por cinco gestações que não foram adiante. “Ela queria muito engravidar e já tinha perdido cinco bebês por problemas ligados ao colo do útero”, explica o médico, de forma simplificada.

Remegildo conta que assumiu esse desafio de acompanhá-la na tentativa de engravidar novamente e que, nesse período, ela duas gestações que não foram adiante. Mas a parceria entre médico e paciente prosseguiu e, não sem esforço, ele afirma, feliz, que viu sonho da família se realizar. 

“Nessa terceira gestação, já aos meus cuidados, precisamos colocar a mãe de repouso absoluto aos cinco meses de gravidez. Não podia levantar da cama nem para as necessidades básicas sob risco de perder novamente mais um bebê só por ficar de pé”, lembra.

O médico apoiou paciente e família para que todos os exames e acompanhamentos fossem feitos, como num pré-natal “normal”, que exigiu inclusive cuidados extras como consultas com outros especialistas, como pneumologistas e cardiologistas. 

Aos oito meses e meio, nasceu um bebê saudável e a termo, ou seja dentro do período em que não se trata mais de um caso de prematuridade. 

“Foi muito marcante pra mim como médico, porque, em alguns momentos, nem eu mesmo acreditava que poderia dar. Acho que houve um misto de dedicação e da mão de Deus nos fazendo de instrumentos”, considera.

Três milagres de uma só vez numa mesma família

A jornalista Caroline Polese sabe o que é experimentar uma profunda gratidão a profissionais médicos, além de ter sentido na pele e no coração a força da fé ao vivenciar experiência considerada pelos próprios profissionais um “milagre”.

Um milagre, não. Na verdade, Carol e sua família viveram três deles ao mesmo tempo. Grávida de 28 semanas, ela foi orientada por seu obstetra a repousar e a realizar alguns exames por conta de uma alta de pressão e de um inchaço.

“Na época, meus pais moravam em Colatina e fui fazer esse repouso por lá. Nem imaginava o que estava por vir. Meu pai, nesse período, tinha descoberto pólipos no intestino e havia feito uma cirurgia, que acabou gerando uma infecção. Ao mesmo tempo, quando saíram os resultados dos meus exames, o médico me pediu que voltasse para Vitória. Mesmo assim, não nos preocupamos muito. Viemos e meu pai foi internado para controlar a infecção e concluir que teria que passar por outra cirurgia. Ao mesmo tempo, eu e o pai da minha filha, Alice, fomos encontrar o obstetra e ouvimos dele que o parto precisaria ser feito imediatamente. Ele nos encaminhou para o mesmo hospital porque disse que Alice precisaria da UTI neonatal e o hospital era referência e que eu também poderia precisar de tratamento intensivo. Ao meu marido na época, ele foi mais enfático: disse que havia poucas chances de sobrevivência para Alice e que minha situação também era muito grave. Eu desenvolvi uma doença chamada Síndrome do Hellp, cujas causas até hoje não são bem conhecidas, mas que, se não diagnosticada e tratada rapidamente, expõe a mãe e o bebê a um grande risco de morte”, conta.

Alice nasceu, depois de um parto difícil em que médico e o pai da criança, ao final do procedimento, se abraçaram e choraram juntos. Carol precisou ficar hospitalizada por um período, mas suas taxas comprometidas começaram a se estabilizar por conta da retirada da placenta, que causa a reação do sistema imunológico.

Por outro lado, Alice seguia lutando pela vida com 900 gramas, que chegaram a 600 depois do nascimento. E o pai de Carol foi mantido na UTI para controle da infecção e o cirurgião responsável fazendo o possível para esperar meu parto para depois fazer a nova cirurgia, também de risco. 

“Imagina a situação da minha mãe, com marido, filha e neta, internados e correndo risco, ao mesmo tempo. Ela foi muito forte e é uma pessoa de muita fé. Acho que só assim conseguiu suportar, mesmo na dor”, diz Carol.

A cirurgia foi realizada com sucesso e melhora gradativa a filha teve alta em uma semana e o pai depois de 48 dias. Alice permaneceu na UTI por dois meses e meio e hoje é uma adolescente de 15 anos, linda, saudável e alta. 

Amiga e sócia de Carol, Ana Paula Alcantara lembra de cada momento como se estivesse estado presente o tempo todo. “No fundo, de coração e alma, eu estava na sala de parto, na UTI de Popó – apelido do pai de Carol – na Utin neonatal com Alice e ao lado de Rita, a mãe, esposa e avó que cuidava de tudo em oração”, diz.

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