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Entrevista com Sergio Vidigal: 'Vou fazer uma ruptura na gestão da Serra'

Prefeito que assumiu novo mandato afirmou que se reciclou, aprendeu novas práticas e pretende tirar município da 'idade da pedra'

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Ele foi eleito prefeito da Serra pela primeira vez em 1996. Sergio Vidigal (PDT) começou o mandato em 1997 e cumpriu dois períodos à frente do Executivo municipal serrano. Tentou ser governador em 2006, se elegeu mais uma vez prefeito em 2008, mas não conseguiu se reeleger em 2012. Em 2014 foi eleito deputado federal, se reelegeu em 2018 e, depois de 8 anos longe do Executivo, agora com 63 anos, volta a assumir a prefeitura que comanda pela quarta vez. 

Durante a campanha eleitoral, Vidigal foi apontado como um expoente da chamada "velha política". Mas, ao assumir o mandato, o prefeito disse que aprendeu, se reciclou e está cheio de novas ideias. Ele afirmou que volta ao Executivo para dar um choque de gestão, mais uma vez, na cidade que adotou. Veja a entrevista exclusiva de Sergio Vidigal para o Folha Vitória.

Prefeito, qual foi a maior surpresa que o senhor teve quando assumiu a prefeitura?

A gente tá ainda fazendo muitos levantamentos. Em relação à gestão não posso te falar nada ainda. A surpresa, que eu observei, é que não tem computador na mesa do prefeito. Achei estranho. Um cidade transparente tem que ter informações online disponíveis o tempo todo para o gestor. Não sei se a máquina está no conserto ou o que aconteceu. Mas vamos resolver isso a partir desta segunda (4).

O senhor disse, durante o discurso de posse, que ficou distante do executivo, mas que aprendeu, se reciclou e chega com gás novo, novas ideias. Que novas ideias são essas?

Realmente eu aprendi bastante, me reciclei e tenho novas ideias. Primeiro, aprendi algumas práticas de governança de sucesso em municípios. Observei, durante o exercício da minha atividade parlamentar como deputado federal, o quanto o setor público ficou na idade da pedra em relação a ferramentas e as formas de se comunicar com o cidadão. A Serra está na idade da pedra. Essa questão de informatização, dados online sobre a gestão, precisam ser realidade no serviço público. E são coisas simples, como matricula escolar, acompanhar o desempenho do aluno na escola, marcar consulta, pegar resultado de exame, alvará de funcionamento de pequenas empresas. E tem mais... a solicitação de uma poda de árvore, reclamação no Procon, tudo isso pode ser feito online, por meio de aplicativo. Investimos muito pouco em inovação. A qualidade do serviço prestado à população também precisa melhorar e muito. Em qualquer pesquisa, o cidadão costuma dar notas baixas aos serviços. Tudo isso só pude observar estando de fora do Executivo. Quando a gente está dentro do carro não olha de fora. Quando sai, tem uma visão diferente. 

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E como será a nova gestão?

Vou fazer uma ruptura na gestão da Serra, como a que eu fiz no passado, que funcionou na época, mas agora tem que mudar. A base da estrutura administrativa da prefeitura é do ano 2000 e precisa ser revista. Precisamos eliminar coisas que acabaram entrando em desuso. Há necessidade de fazer uma nova estrutura, mais enxuta, com menos secretarias. Hoje, muitas ações de uma pasta dependem de outra. Aí temos três secretarias executando a mesma coisa. Muitas práticas do setor privado não acompanhamos no público. Os talentos do setor público somem. Tem que ser um mix de gestão. Lá atrás, por exemplo, ninguém nem discutia ceder a gestão de unidades de saúde para organizações sociais. Hoje é diferente. A gente vê que o correto é comprar o serviço. Tem muitas ações que temos que modernizar.

Como o cidadão da serra vai perceber a nova gestão, logo no início do mandato?

Eu acho que a primeira coisa é na digitalização e informatização da prefeitura. É a primeira ação. A segunda é oferecermos mais facilidades de o cidadão se comunicar com a gestão pública. 

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O senhor também disse que vai acionar a Justiça, se precisar, para garantir a vacina contra a covid-19 na Serra. O senhor acha que será preciso tomar atitudes tão drásticas?

Eu gostaria que não, mas se não disponibilizar rapidamente, teremos muitas mortes. O setor produtivo vai parar se continuar assim. Isso gera um impacto muito grande e consequentemente o empobrecimento da população. A vacina vai nos permitir economizar na saúde e fortalecer economia local. A lentidão do governo federal é muito grande. E estão politizando a vacina.

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Quando o senhor espera começar a vacinação no município?

Espero que em fevereiro já esteja disponível. 

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A Serra está pronta para vacinar?

Por isso que estou correndo com a informatização e com o agendamento por meio de aplicativo, que vai começar a operar justamente com as vacinas. E quero que a vacinação seja até fora das unidades de saúde, ainda mais na Serra que é um município muito grande. E também não podemos deixar de lado as outras doenças estão aí. O que tem morrido de gente com diabetes e hipertensão, por exemplo, por falta de atendimento médico, não é brincadeira.

O senhor também falou em cuidar das pessoas. Como, imediatamente, o senhor pretende fazer isso?

Cuidar de pessoas é a razão de eu estar na vida pública. Até dezembro as pessoas tiveram o auxilio emergencial, mas neste mês já não tem. Isso significa que muita gente vai passar dificuldade. Talvez o município se movimente para garantir uma cesta para essas famílias que mais precisam. A população de rua aumentou consideravelmente. Precisamos Implementar politicas publicas contra o empobrecimento da população. O auxílio da gestão anterior, de R$ 300, ajudou, mas não temos mais.

E de onde o senhor vai tirar dinheiro para dar essa ajuda?

Tem que economizar. Vamos rever contratos, a necessidade do que já está determinado por contratos. Vamos rediscutir valores a pagar. Hoje o custeio da prefeitura representa 39% da arrecadação, que é de aproximadamente R$ 1,6 bilhões. A folha de pessoal fica em 42%. Ainda tem amortização de dívida a pagar. Para se ter ideia, temos apenas R$ 10 milhões previstos para investimento neste ano. Vamos ter que fazer muita coisa, rever contratos, reduzir estrutura, rever contas de água, luz, combustível. Quando o momento é melhor, o setor público não se preocupa em enxugar, cortar despesas. Muito pelo contrário, a máquina incha mais ainda. Portanto é isso que vamos fazer, racionalizar. É desafiador, não é simples, mas estou com ânimo para essa nova missão. 

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