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Jovens do bairro Bela Vista em Guarapari irão gravar clipe no Rio de Janeiro

O trabalho dos jovens chegou a um empresário musical do Rio de Janeiro e a viagem para a gravação tem data marcada

Folha Vitória|

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De um grupo do jogo free fire e da participação no Projeto Fênix, o bairro Bela Vista, em Guarapari, despertou sete talentos que contribuem fortemente com a valorização da comunidade, através do estilo musical rap. Além da dedicação dos integrantes do ‘BLV’ na trajetória que se iniciou em 2019, três empresários da cidade passaram a admirar o talento dos jovens e apresentaram uma das músicas a um empresário musical do Rio de Janeiro e, na quinta-feira (30), eles viajam para gravarem clipes na favela da Rocinha, uma das maiores da Cidade Maravilhosa.

A realização do sonho aconteceu de forma breve e inesperada. Contando com o apoio da faculdade Multivix Guarapari e da Pousada Estrela da Praia, através do incentivo inicial do amigo Caiê Hofstatter e da mãe dele, Neiva Deecken, que se tornaram mediadores para a concretização do sucesso, os jovens que são apelidados de Rasen, Donadella, Teaga, Texas, Psicho, Stefano Beat e Lucas, em menos de uma semana, geraram grandes expectativas ao empresário musical e artístico Marcos A. Lúcio, do Rio de Janeiro.

“Nós apoiamos o esporte, a cultura, e estamos apoiando a guilda de free fire do Bela Vista. Quando eles tiveram a ideia de criar um rap exclusivo para o jogo, incentivamos. Quando eu vi o resultado, fiquei encantada! Logo apresentei para um empresário musical do Rio de Janeiro e, quando ele ouviu, não acreditou que o grupo seria de Guarapari. A produção será financiada pelo Marcos, que já pensa muito além da gravação, mas o transporte e despesas da viagem ficam por conta do grupo”, relata a gestora da faculdade Multivix Guarapari e do Captes Pré-vest e EAD.

Apesar da atitude de incentivo ter dado certo, Neiva relata que costuma ser criticada por apoiar o desenvolvimento dos jovens, em momento de pandemia.”Recebemos criticas por estar incentivando a cultura neste atual momento, mas penso que não é insensibilidade a quem está em situação de fome, mas sim sensibilidade a jovens de uma comunidade, que estão com portas abertas agora, e que também merecem o espaço deles . Não podemos procrastinar, devido à pandemia. Muitas oportunidades surgem, por quê não ser aquele que pode orientar, ajudar e mudar a vida deles?! A educação, a cultura e o esporte, colaboram para a mudança de vida”, comemora Neiva.

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Com o objetivo de dar visibilidade a guilda, termo usado para denominar grupos do jogo free fire, o líder do grupo, Rasen, como é apelidado entre os amigos, decidiu partir para a composição musical, e convidou alguns amigos próximos. “Inicialmente, tínhamos um time de futebol com o nome do bairro Bela Vista, mas chegou ao fim e queríamos dar continuidade em divulgar o nome do bairro. Então, como eu sempre gostei muito de videogame, e gastava tempo no free fire, eu tive a ideia de montar uma guilda com o nome do bairro, pois todas as outras eram desorganizadas. Por eu ser também do Projeto Fênix, tive contato com a música e com os artistas da cidade. Então, pensei em aumentar as visualizações da guilda, através da música”, detalha o jovem Rasen, de 26 anos.

Tirando o projeto do papel

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“O Caiê foi o primeiro a saber da ideia e me apoiar. Chegou um momento, que não estávamos mais com visualizações, convidei o Teaga, ele começou a escrever. Mandei o beat da internet para o Yuri e e ele produziu o beat do zero, mas vimos que ainda faltava algo; foi quando a gente pensou na Donadella, fizemos o convite para ela e para o Lucas, que faz as imagens e edição, e formamos esse quinteto inicial: Teaga, Donadella, Lucas, Stefano Beat e eu. Então, pensamos na parte dois: pedi ajuda a Neiva e ao Caiê e eles apoiaram. Consegui cinco patrocinadores, mas somente três cumpriram com a palavra, que foi o Caiê, a Neiva e a Barbearia do Índio. Nós já tínhamos uma guia pronta, mas estava “seca”, enviei a música para ela na sexta e foi assim que aconteceu tudo”, relembra Rasen.

As letras

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As músicas são inspiradas na vida e rotina de cada um. Todos compõe também de forma individual, além das melodias exclusivas do grupo ‘BLV’ e têm a autonomia para compor a parte cantada nas músicas, de acordo com os temas propostos. Até o momento, o grupo possui quatro músicas autorais, segundo o líder Rasen. “A melhor forma de a gente se expressar é falando a verdade e a realidade, pois conseguimos tirar muitas coisas de um simples dia. Naquele dia, pode ter caído a ficha de toda sua história. As vezes batemos cabeça por horas, mas a ideia vem de repente. A partir do momento que acertamos nossa viagem, não paramos de trabalhar; nas músicas e na organização do grupo”.

Mulheres na voz

Apesar do grupo ser em maioria com integrantes do sexo masculino, é uma voz feminina que se destaca e faz toda diferença. Donadella, aos 24 anos, leva o talento para o BLV. “Fui convidada para fazer parte do clipe “Bela Vista é o Bixo”, que teve eu e o Teaga. Tenho minhas músicas solo e o grupo veio após o convite para o trabalho no Rio de Janeiro. Ser mulher em meio aos homens é bom, pois sobressai e incentiva outras mulheres para se sentirem livres! Estou muito feliz com a junção do grupo”.

Orgulho de fazer parte

O empresário Caiê Hofstatter acompanha os jovens antes mesmo da iniciativa de criarem uma guilda que representasse o bairro Bela Vista. Ao ver o avanço repentino, ele se vê no papel de incentivar. “Eu jogava futebol com o Rasen, antes dele iniciar com a proposta de música. Sempre oriento para não fazerem apologias ao sexo, drogas e armas. Me sinto muito feliz, pois quero fazer algo por alguém, para que este alguém faça a diferença na vida de outro, para se tornar uma corrente do bem. Se todo mundo fizer um pouco, o conjunto fica muito maior. Além de ser uma oportunidade de levar Guarapari para fora e valorizar a cultura local, que está esquecida. Através da música, jovens da periferia vão conseguir ganhar o mundo”, celebra Caiê.

Raízes de Guarapari

Os jovens, exceto a Donadella, apresentavam os trabalhos nos encontros do Projeto Fênix. Esta acensão se torna positiva também para a imagem do projeto, fundado por Leo Ribeiro. “Para mim é um grande orgulho pelo trabalho que eu iniciei. A maioria não sabia o que era rap, quando começaram. Saber que cada um deles entraram e hoje fazem sucesso, através do que aprenderam com o meu trabalho, me dá uma gratidão muito grande, além de abrir portas para outros. Mostra que outros também são capazes, e eles serão oportunidades para outros”, comemora Léo Ribeiro.

Recursos financeiros

Apesar da grande oportunidade adquirida, o grupo busca patrocínio para custear a viagem ao Rio de Janeiro. Em uma ida no estilo “bate e volta”, eles precisam de R$1.500,00 para suprir as despesas de dois veículos e alimentação. Em busca de doações em qualquer valor, além de venderem doces para conseguirem parte do dinheiro, também abrem a opção para quem quiser doar. Picpay: @jonatas.brito.santos / Caixa Econômica: Ag: 4192 Op:013 Poupança: 10198-0 CPF: 143585377-66 / Mercado Pago: jonta.corintiano1994@gmail.com. Quem tiver interesse em apoiar, pode entrar em contato com o Caiê, que estará presente durante a viagem, pelo telefone 27 99930-2112.

Confira o clipe “Bela Vista é o Bixo”:

Texto: Larissa Castro

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