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Vida além da tela: a importância de uma infância ao ar livre

Os números não mentem: as crianças estão cada vez mais imersas em uma realidade digital e, por consequência, cada vez mais distantes da natureza

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Vivemos conectados. A tecnologia faz parte de todas as partes do nosso dia a dia, e os tablets e smartphones fazem parte da nossa rotina. Muitas pessoas dizem, inclusive, que suas vidas inteiras estão nos telefones celulares. Toda essa conexão não fica distante do universo infantil. De acordo com a pesquisa TIC Kids Online Brasil 2018, 24,3 milhões de jovens entre 9 e 17 anos estão conectadas à internet no país.

O foco principal desses jovens na rede é consumir produtos multimídia, como vídeos, programas, filmes e séries. De acordo com a pesquisa, esta é a atividade preferida de 83% dos jovens entrevistados. Além disso, o principal meio de acesso é o telefone, que corresponde a 93% dos acessos.

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Os números não mentem: as crianças estão cada vez mais imersas em uma realidade digital e, por consequência, cada vez mais distantes da natureza. Foi pensando em aproximar os pequenos da realidade fora das telinhas que os ambientalistas Renato Rizzaro e Gabriela Giovanka criaram o projeto “Roda de Passarinho”.

A ideia dos idealizadores é oferecer às crianças atividades focadas em aprender a observar, reconhecer e investigar as aves. Para isso, são estimulados o ver, ouvir, registrar e interagir com a natureza. “A floresta fala, e nós somos provocadores. Trazemos elementos como fotografias, penas, sementes e essências da floresta para estimular as crianças a conhecerem o ambiente em que vivem”, disse Renato. Conheça mais sobre o projeto Roda de Passarinho:

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Esse reconhecimento do meio em que vivemos, de acordo com a coordenadora do programa “Território do Brincar”, Renata Meirelles, é fundamental para que a criança se reconheça como ser que habita um lugar no espaço e desenvolva a sua autonomia. “A criança é puro movimento, bem como tudo no mundo. Tudo que ela aprende, como se vincula e como se relaciona com o ambiente, é com o corpo, se movimentando. Com o corpo e com os sentidos”, disse.

“Território do Brincar” foi produzido em uma viagem de 21 meses pelo Brasil. Ao todo, foram percorridas 14 comunidades, em nove estados, para estudar e mostrar as brincadeiras das crianças. O projeto passou por comunidades rurais, indígenas, quilombolas, no sertão, no litoral e em grandes cidades.

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“O que foi muito curioso foi ver o igual. Vimos que em uma comunidade quilombola, em uma comunidade indígena ou no centro de São Paulo, por exemplo, as crianças gostam de brincar de casinha. Obviamente, a brincadeira da casinha é diferente dependendo do meio, mas o impulso é o mesmo. Os elementos, os fenômenos são os mesmos. São seres humanos fazendo as mesmas coisas em espaços diferentes”, destacou.

Em uma entrevista informal, Renata falou um pouco mais sobre a importância de as crianças se desconectarem e se desenvolverem por meio da brincadeira e do contato com a natureza. Ouça abaixo uma parte dessa conversa:

Desafios do desconectar

Desconectar os filhos das redes é um desafio para a maior parte dos pais. De acordo com o estudo da TIC Kids Online Brasil, 93% das crianças e adolescentes acessam a internet pelo telefone celular. Apontou ainda que uso da internet para atividades multimídia, 83% dos entrevistados, é maior que a utilização da internet para o envio de mensagens instantâneas (77%), que o hábito de jogar sem conexão com outros jogadores (60%) ou conectados com outros jogadores (55%) e pouco maior que o uso da internet para escutar música (82%).

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A professora Delizete Quelles contou que faz o possível para controlar o acesso do filho, Pedro Afonso Quelles Machado, de 12 anos. “Eu e meu marido pegamos o celular dele e conversamos bastante. Assim conseguimos controlar um pouco. Colocamos limite de hora também. Depois de um certo horário, não pode mais mexer no celular, precisa interagir com a família”, contou.

Delizete disse que observa o uso excessivo das tecnologias em determinados ambientes e, por isso, faz o possível para mostrar ao filho a importância de desconectar. “Às vezes vemos pessoas sentadas almoçando, por exemplo. Estão todos ali, mas ninguém conversa. A gente estimula ele a ter outros tipos de brincadeiras”, finalizou. 

Educação, natureza e infância

Na era da tecnologia, como conectar a infância com a natureza? Investir em uma educação mais sensível às questões atreladas à preservação da natureza é uma forma de ensiná-las sobre a importância do meio ambiente e de uma rotina mais verde.

Pensando nisso, o segundo dia de programação no Cine.Ema – Festival de Cinema Ambiental do Espírito Santo – promoveu uma discussão sobre como a natureza é o meio no qual a criança poderá estar mais livre e conectada com sua essência. Com o tema "Desligar para conectar, é possível?", a atividade reuniu professores, pedagogos e especialistas ligados a área da educação. O encontro foi realizado na Reserva Águia Branca, em Vargem Alta, região serrana do Estado.

“Há uma pulsão expansiva que habita a criança e ela precisa de espaços amplos para se expressar. Hoje, se entende que cuidar bem é super proteger, mas na verdade os pais estão tirando a oportunidade dos filhos se desenvolverem”, explicou Laís Fleury, coordenadora do projeto "Criança e Natureza" e palestrante do evento.

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Laís acredita que o contato 'infância-natureza' promove o desenvolvimento integral das crianças. "Quando está em um ambiente aberto, ao ar livre, a forma como [a criança] se comunica é através do corpo. Quando está presente em um ambiente com bastante espaço, numa praia, por exemplo, ela sente, naturalmente, vontade de correr, de pular, e esses são os verbos da infância. Ela se sente convidada, dialoga, é uma criança que, fisicamente, tende a ser mais saudável, tende a não ter problema com sobrepeso, porque está em constante movimento, desenvolvendo a força motora, a coordenação, o equilíbrio", pontua.

Durante dois dias, a Reserva Ambiental Águia Branca foi sede do Cine.Ema, em Vargem Alta. O local foi homologado como Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), de propriedade do Grupo Águia Branca, em junho de 2017.

A Reserva Águia Branca possui uma área total de 2.225,64 hectares, a maior RPPN do Espírito Santo. 

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