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João Trindade: Emprego do Ponto e vírgula

Vocês já devem ter percebido que o ponto e vírgula anda fora

Cidades|

Vocês já devem ter percebido que o ponto e vírgula anda fora de moda. E o pior é que o leitor sofre pra danado ao ler a maioria dos escritos, uma vez que a falta do sinal aludido faz a gente ficar relendo o texto várias vezes para entendê-lo; sobretudo os períodos longos, em que o excesso de vírgula confunde bastante.

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O ponto e vírgula é uma pausa um pouco longa (maior do que a da vírgula e menor do que a do ponto) e que representa continuidade de pensamento. Ou seja: você dá uma pausa um tanto longa, mas continua o mesmo pensamento, como no exemplo:

Aqueles que não leem pagam caro, a certa altura da vida; infelizmente, só muito tarde é que vão perceber isso.

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Em verdade, usaremos o ponto e vírgula quando fizermos uma pausa longa, mas haja uma continuidade de pensamento. Se a pausa for rápida, usa-se a vírgula; se for longa e encerrar o pensamento, usa-se o ponto. 

O emprego do ponto e vírgula é mais estilístico do que gramatical e depende, substancialmente, do contexto; não havendo regras infalíveis para todos os casos. Na verdade, a única maneira de aprender a empregar tal sinal é ler muito; sobretudo em voz alta.

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É possível, no entanto, destacar algumas orientações.

Usa-se o ponto-e-vírgula:

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1.Para separar, num período, orações da mesma natureza, que tenham certa extensão:

“Os dois primeiros alvitres foram desprezados por impraticáveis; Ernesto não tinha dinheiro nem crédito tão alto.”

2.Para separar partes de um período já dividido por vírgulas:

“O incêndio é a mais impaciente das catástrofes; a explosão, a mais impulsiva e lacônica; o abalroamento, a mais colérica; a inundação, a mais feminina e majestosa.”

Para separar os diversos itens de enunciados enumerativos (em leis, decretos, regulamentos, portarias, etc.). Tomemos como exemplo o título I (Dos Princípios Fundamentais) da Constituição da República Federativa do Brasil:

“Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e o Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:

I – a soberania;

II – a cidadania;

III – a dignidade da pessoa humana;

IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

V – o pluralismo político. 

(…).”

Observações importantes

1.O ponto e vírgula divide períodos longos em partes menores, geralmente quando os elementos são simétricos, dando-se um ritmo encadeado ao período. Observem este exemplo de Ruy Barbosa, acerca de Machado de Assis, citado por Celso Cunha:

“Modelo foi de pureza e correção, temperança e doçura; na família, que a unidade e devoção do seu amor converteu em santuário; na carreira pública, onde se extremou pela fidelidade e pela honra; no sentimento da língua pátria, em que prosava como Luís de Souza, e cantava como Luís de Camões; na convivência dos seus colegas, dos seus amigos, em que nunca deslizou da modéstia, do recato, da tolerância, da gentileza.”

2.Costuma-se empregar o ponto e virgula em lugar da vírgula, antes das conjunções adversativas (mas, porém, contudo, todavia, no entanto, etc.) e das conclusivas (logo, portanto, por isso, etc.) colocadas no início de uma oração coordenada, para, com o alongamento da pausa, acentuar-se o sentido adversativo ou conclusivo das referidas conjunções, com nos períodos seguintes:

“Desgostou-se, sofreu, mas não maldisse a Pátria.”

“Desgostou-se, sofreu; mas não maldisse a Pátria.”

Ele está doente, por isso não poderá vir às aulas.

Ele está doente; por isso, não poderá vir às aulas.

Em certos casos, o tom enfático aconselha mesmo o uso do ponto em tal posição, como no exemplo:

Ele estava triste; resolveu, então, não sair de casa.

Poder-se-ia muito bem escrever:

Ele estava triste. Resolveu, então, não sair de casa.

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