MP investiga rede que sustentava Roger Abdelmassih no Paraguai
Médico foi preso nesta terça-feira (19) no Paraguai e foi deportado ao Brasil
Cidades|Thiago Calil, do R7

O Ministério Público de São Paulo informou, nesta terça-feira (19), que investiga uma rede de lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e falsidade de material, que sustentava o médico Roger Abdelmassih no Paraguai. Além de pessoas próximas e familiares, até empresas podem estar envolvidas no esquema.
Abdelmassih foi detido pela Polícia Federal às 13h25 (horário paraguaio), perto da escola onde deixaria os filhos. Ele estava acompanhado da mulher, Larissa Sacco. O paradeiro do médico foi descoberto após uma investigação de três anos do Domingo Espetacular.
O médico passará pelos trâmites de deportação sumária pelas autoridades paraguaias e dará entrada no Brasil por Foz do Iguaçu (PR). A expectativa é de que isso ocorra ainda nesta terça-feira. Após chegar a Foz do Iguaçu, ele será levado para São Paulo, na quarta-feira (20).
Ele vivia em Assunção, capital do país vizinho, com a mulher e dois filhos gêmeos, de três anos — um menino e uma menina.
O promotor Luiz Henrique Cardoso Dal Poz, que acompanha o caso desde o início, disse que o sentimento é de dever cumprido.
— Mais importante que a minha sensação, é a sensação da sociedade, das vítimas e seus familiares.
Abdelmassih foi condenado a 278 anos por 52 estupros e quatro tentativas de abuso a 39 mulheres. Ele teve o registro cassado pelo Conselho Regional de Medicina de São Paulo.
O procurador-geral de Justiça Márcio Fernando Elias Rosa explicou que a condenação de Abdelmassih está em fase de recurso. A defesa do médico questiona a atuação do Ministério Público na investigação do caso. Já o órgão acredita que a pena atribuída para cada crime individualmente foi baixa — mesmo resultando em 278 anos de detenção.
— O Ministério Público espera que o judiciário dê uma resposta definitiva à sociedade. Tenho a firme impressão que vai haver o agravamento da pena.
Conhecido como o médico das estrelas, Abdelmassih era especialista em reprodução assistida. O faturamento estimado de sua clínica, na época em que foi denunciado, era de aproximadamente R$ 2 milhões por mês.
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O médico é suspeito de atacar as pacientes depois de sedá-las. Cerca de 20 mil mulheres teriam passado pela clínica de Abdelmassih. Ele dizia ter ajudado a gerar 8.000 bebês. Ele teve o registro cassado pelo CFM (Conselho Federal de Medicina).
O médico chegou a ser preso em 2009, mas foi liberado às vésperas do Natal, por conta de um habeas corpus concedido pelo então presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes.