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Risco de morte em cadeias do MA é 59 vezes maior do que nas ruas

Em outros Estados, índice de assassinatos nos cárceres é equivalente à taxa das ruas

Cidades|Do R7

O Complexo de Pedrinhas, maior presídio do Maranhão
O Complexo de Pedrinhas, maior presídio do Maranhão O Complexo de Pedrinhas, maior presídio do Maranhão

No Maranhão, estar atrás das grades amplia — e muito — o risco de se perder a vida. A taxa de assassinatos na região é 59 vezes maior entre presos do que entre pessoas livres. A diferença é bem superior a de outros Estados, como São Paulo.

No ano passado, 60 detentos foram mortos no Maranhão, cujos presídios abrigavam 4.663. Ou seja, a taxa de homicídios por 100 mil presos nos cárceres maranhenses chega a 1.286,7. Em todo o Estado, o índice, em 2012, foi de 21,7 mortos para cada 100 mil habitantes, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública.

Em outros Estados, o índice de assassinatos dentro dos cárceres costuma ser equivalente à taxa das ruas. Em São Paulo, por exemplo, ocorreram, no ano passado, 22 mortes dentro das prisões. O total de detentos do Estado chega a 210.677. Ou seja: o índice foi de 10,4 mortes por 100 mil presos — muito semelhante à taxa de 11,5 assassinatos para cada 100 mil habitantes registrada no Estado todo.

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O R7 analisou relatórios de 56 das 60 mortes ocorridas nos presídios do Maranhão em 2013. Os documentos foram divulgados ao longo do ano pela Secretaria de Estado da Segurança Pública.

As facadas (que incluem os casos de decapitação) e o estrangulamento (que incluem enforcamentos) são as duas mortes mais comuns no sistema penitenciário maranhense. Ao menos 33 casos ocorreram dessa maneira: 22 detentos foram vítimas de facadas (na maior parte dos casos, foram usadas facas artesanais, chamadas de “chuchos” pelos presos do Estado) e outros 11 foram estrangulados.

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Embora haja suspeitas de influência do PCC paulista no modo de agir das duas principais facções do Estado — o Bonde dos 40 e o PCM (Primeiro Comando do Maranhão) —, não há registros de assassinatos por meio do coquetel da morte. Em São Paulo, a facção costuma obrigar seus desafetos a tomarem a poção (que mistura cocaína a medicamentos), para que a morte pareça suicídio.

Entre os mortos nas cadeias do Maranhão, há presos jovens e experientes: 27 tinham menos de 30, enquanto 25 tinham 30 ou mais. A média de idade dos assassinados é de 29 anos. A unidade mais violenta do complexo é o CCPJ (Centro de Custódia de Presos de Justiça).

Arma de fogo

Em outubro, 12 detentos foram mortos por disparo de arma de fogo. Dez foram assassinados no dia 9, na maior rebelião do ano. Os outros dois morreram pouco antes, no dia 1º. O motim de outubro aumentou a tensão entre as facções rivais no Complexo de Pedrinhas, que abriga quase a metade dos detentos maranhenses.

O mês foi o mais violento do ano — totalizando 17 vítimas. A brutalidade, porém, não superou os números de novembro de 2010: naquele ano, o PCM promoveu uma rebelião que terminou com 18 mortos, três deles decapitados.

O método bárbaro de executar rivais voltou a chamar a atenção em dezembro. No último dia 17, três detentos tiveram as cabeças arrancadas. Em 12 de janeiro deste ano, foram registradas mais duas mortes em Pedrinhas. No dia seguinte, uma onda de ataques a ônibus culminou na morte da menina Ana Clara Sousa, de seis anos.

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