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Suspeitos de envolvimento em incêndio podem ser julgados por homicídio qualificado por asfixia, diz delegado

Polícia Civil afirma que eles utilizaram sinalizador “sabendo do resultado”

Cidades|Paulo Robertos Tavares, especial para o R7 em Santa Maria

Mauro Hoffmann
Mauro Hoffmann Mauro Hoffmann

A Polícia Civil de Santa Maria tem convicção que os quatro suspeitos de envolvimento no incêndio da boate Kiss agiram sabendo do resultado. De acordo com o delegado Sandro Meinnerz, em coletiva realizada nesta sexta-feira (1º), um dos responsáveis pelas investigações do caso, eles podem ser enquadrados por homicídio qualificado por asfixia, com a conduta de dolo eventual.

O delegado disse que a conclusão se baseia em testemunhas e no fato de, há cerca de seis meses, um dos proprietários da boate ter dado um entrevista a um jornal local afirmando ter 1,4 mil pessoas na Kiss, mais que o dobro da capacidade do estabelecimento.

Na tarde da última quinta-feira (31), a polícia cumpriu mandado de busca e apreensão em uma casa de Elissandro, à procura de documentos. Até o momento, 72 pessoas foram ouvidas. Na documentação enviada pelo Corpo de Bombeiros da Brigada Militar, foi encontrada uma pasta onde está escrito PPCI (Plano de Prevenção a Incêndios), porém, segundo o delegado não há assinatura de um responsável técnico. "Vamos averiguar isso", ressaltou.

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A Perícia não tem data para terminar, adiantou o delegado. Estão sendo colhidas, paralelamente, provas testemunhas e periciais. Técnicos da Polícia Federal se ofereceram para ajudar. Eles são especialistas em informática e farão a perícia dos mais de 60 telefones celulares encontrados no salão da Kiss.

Também na última quinta-feira, a polícia colocou no ar um e-mail para que as pessoas possam colaborar nas investigações, enviando fotos ou gravações de vídeo: denunciapoliciasantamaria@gmail.com.

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— Resolvemos colocar este endereço no ar para as pessoas poderem coloborar conosco. Fotos ou vídeos podem ajudar e muito no inquérito.

A falta de segurança, de acordo com o delegado, era grande. Segundo ele, quando a fumaça tomou conta do salão, ninguém conseguiu ver nada; se havia sinais orientando a saída, eles derreteram ou não existiam. O que havia, de acordo com o delegado, eram pontos de saída, escritos em cima da porta, que com a pouca luminosidade, não havia como vê-los.

No chão, ressaltou Meinerz, deveria haver indicações de saída, o que não existia. Além disso, destacou o delegado, se o show fosse na parte da frente da boate, o número de vítimas seria infinitamente maior.

— Analisamos todos os pontos de incêndio e também a questão da segurança. Além disso, a banda usou material (sputnik) que não deveria, assumindo, assim o risco.

Alguns obstáculos também fizeram com que as pessoas tivessem dificuldade em sair do local. Grades de ferro colocadas próximo à saída delimitavam a chegada e saída do público. Na hora do incêndio, elas serviram como obstáculos, fazendo muita gente cair.

Na perícia, estas barras foram erguidas e foi constatado, segundo o delegado, que serviram como uma barreira. Além disso, de acordo com o chefe das investigações, as saídas de ar estavam fechadas.

Segundo ele, a perícia constatou que isto ocorreu de forma deliberada.

— Com isso, a fumaça não teve como escoar para fora da casa. E inundou o ambiente.

Outro ponto que ainda está sendo analisado é o alcance do braço do vocalista até o teto, onde estava a espuma que, ao queimar, acabou gerando gás tóxico. O delegado critica ainda a atitude do músico da banda, Marcelo de Jesus dos Santos, assim como os outros integrantes da banda gurizada Fandangueira.

— Em um primeiro momento, Marcelo tentou apagar o fogo, com não conseguiu, saiu correndo. Ele estava com o microfone na mão e poderia orientar o público a sair de forma ordeira, dizendo que tinha ocorrido um problema no local.

A espuma não estava somente no teto. Meinnerz afirmou que ela também revestia a parede de trás do palco e os caixas, onde eram pagas as contas. Isso, de acordo com ele, era para melhorar a acústica.

De acordo com o delegado, um funcionário da casa colocou o material, revelando que parte do material era novo e a outra, já usada. O estabelecimento também não tinha brigada de incêndio e, segundo foi apurado, nenhum funcionário tinha treinamento para atuar em casos como o da tragédia.

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