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Turma viaja ao Rio e 25 escapam da tragédia no Sul

Incêndio na boate Kiss, em Santa Maria (RS), deixou 235 mortos e mais de 100 feridos

Cidades|

Divididos entre a dor de perder os amigos e o alívio de não presenciar o horror da tragédia na Kiss, um grupo de 40 alunos da UFSM (Universidade Federal de Santa Maria) está no Rio desde o domingo (27). Alunos do curso de educação física, o grupo partiu da cidade gaúcha na noite de sexta-feira para uma visita às instalações dos Jogos Olímpicos de 2016. Naquela madrugada, por volta das 5h, a notícia do incêndio chegou pelo celular, em uma ligação cortada por falhas da telefonia na estrada, segundo conta o estudante Lucas Machado, de 23 anos.

Ele disse que às primeiras informações, seguiu-se "um silêncio e uma angústia". Pouco depois, já perto de desembarcar no Rio, veio a confirmação.

— A mãe de um colega ligou perguntando onde ele estava. Quando entendemos o que aconteceu foi uma comoção só, o ônibus veio abaixo. Fiquei aos prantos, perdi um amigo muito próximo e muitos outros conhecidos.

Perícia faz nova vistoria na boate Kiss nesta quinta-feira

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Veja a cobertura completa da tragédia

Maioria das vítimas era de estudantes. Veja o perfil

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Ao saber da notícia, cogitaram voltar para Santa Maria, mas retornar significaria mais 1.700 quilômetros de estrada ou 25 horas de viagem sem descanso. Mesmo consternados, a programação foi mantida. Daniel Carvalho, de 21 anos, lembra o alívio que sentiu.

— Graças a Deus estávamos no Rio.

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Entre os estudantes que viajaram, ele e outros 24 jovens afirmaram que estariam na boate naquela noite caso permanecessem em Santa Maria, como é o caso da universitária Mônica Teló, de 21 anos.

— Muitos que não vieram estão mortos. Para mim, a viagem surgiu dois dias antes, alguns alunos não puderam vir, desistiram e a vaga sobrou. Eu estaria lá, na festa, mas vim. Um deles morreu.

A viagem teve visitas no Complexo do Alemão, Corcovado e canteiros de obras da Olimpíada. Nesta quarta-feira (30), os estudantes participaram de um encontro com representantes da APO (Autoridade Pública Olímpica). A concentração, entretanto, era pouca. Alguns liam jornais, distraídos, outros buscavam pelo celular notícias dos amigos.

Assim como os jovens que organizaram a festa Agromerados na boate Kiss, o grupo de educação física planejava um evento no local, em abril, para arrecadar fundos para a formatura. Maiara Becker, de 23 anos, diz que o namorado, que era da turma de agronomia perdeu 27 amigos.

— Ele só não foi à boate pois eu vim para cá e ele não queria ir sozinho.

Volta para casa

O grupo deixa o Rio nesta quinta-feira ( 31) e deve chegar a Santa Maria no sábado (2), conta Machado.

— A nossa família sabe que a gente está bem, mas não importa. Eles querem ver, abraçar. A todo momento vemos a TV, as manchetes de jornal, não tem como fugir. Nós não estávamos lá, não sentimos na pele. Não sabemos o que vamos encontrar.

Para Amanda Strassburguer, de 18 anos, será preciso uma nova geração de estudantes para que o trauma da cidade seja superado. Ela perdeu um primo e quatro amigos.

— Santa Maria era viva, as pessoas andavam pelos calçadões, se encontravam nas praças. Eram muitos jovens. Era muito divertido, tinha uma alegria grande no ar. Agora...

De acordo com Lucas Machado, pela internet, amigos de Santa Maria contam que não conseguem dormir no escuro, temem ficar sós, "se sentem desprotegidos". Outros contam que a cidade está em silêncio profundo, cortado apenas pelas sirenes de ambulâncias.

— Uma coisa é você ser solidário com quem perdeu os amigos, outra coisa é perder os amigos. Não sei quando isso vai curar.

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