Economia 4 em cada 10 tinham dificuldade de acesso à água no pré-pandemia

4 em cada 10 tinham dificuldade de acesso à água no pré-pandemia

Indicadores Sociais do IBGE alertam para a dificuldade da higienização das mãos e objetos no enfrentamento á covid-19

  • Economia | Do R7

3,4% dos domicílios não estão ligados à rede de água

3,4% dos domicílios não estão ligados à rede de água

Anushree Fadnavis/Reuters - 21.11.2018

Quase 38% da população brasileira encarava alguma dificuldade de acesso à água no período que antecedeu o início da pandemia do novo coronavírus, de acordo com dados divulgados nesta quarta-feira (21) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

O percentual sinaliza para a dificuldade do grupo na higienização correta das mãos, objetos e alimentos, medidas consideradas necessárias para o enfrentamento da covid-19.

Os Indicadores Sociais de Moradia no Contexto Pré-Pandemia apontam que, enquanto 22,4% das famílias moravam em domicílios sem abastecimento diário ou estrutura de armazenamento de água, 11,9% eram abastecidos por outra forma que não a rede geral. Além disso, 3,4% dos domicílios não estavam ligados à rede geral de água nem contavam com canalização.

O analista do estudo, Bruno Mandelli Perez, avalia que os dados tornam ainda mais evidente a desigualdade no abastecimento de água nos domicílios brasileiros. "Somente 62,2% da população dispunha de água oriunda de rede geral de distribuição, com abastecimento diário e com estrutura de armazenamento em seu domicílio, e, portanto, tinha melhores condições de cumprir as recomendações de higienização”, afirma ele.

As dificuldades de higienização eram ainda maiores entre as grandes regiões do país. No Norte, 10,7% da população brasileira residia em domicílios sem canalização interna de água e abastecidos principalmente de outra forma, que não a rede geral de distribuição de água. No Nordeste, essa proporção era de 7,9%. Ambos os valores estavam acima da média nacional. Entre as unidades da federação, o maior valor foi verificado no Pará, com 13,8%.

O percentual de pessoas pretas ou pardas (4,8%) que viviam em domicílios que não tinham na rede geral a sua principal forma de abastecimento de água e não contavam com canalização interna nos domicílios era bem maior do que a população de brancos (1,6%).

O estudo revela ainda, que 10,4% das pessoas que residiam nas áreas urbanas do Brasil viviam em domicílios que, mesmo abastecidos principalmente pela rede de água, tinham frequência de abastecimento inferior à diária. Já nas áreas rurais, 18,8% das pessoas moravam em domicílios que não tinham na rede geral a sua principal forma de abastecimento de água e não contavam com canalização interna nos domicílios.

Domicílios

Outra preocupação das autoridades sanitárias para controle da disseminação do vírus, o número de pessoas por domicílio e a possibilidade de isolamento na residência no caso de infecção de algum morador também foi avaliado pelo estudo.

Segundo os indicadores sociais, 27% da população brasileira vivia em domicílios com três pessoas. Já 9,8% da população brasileira residia em domicílios com seis ou mais moradores.

O estado do Amapá (32,5%), assim como a região metropolitana de Macapá (32,4%) e a capital, Macapá (32,0%), apresentaram a maior proporção de pessoas vivendo em domicílios com seis pessoas ou mais no período pré-pandemia.

Além das dificuldades de acesso à água e o excessivo número de moradores por cômodo, algumas famílias brasileiras ainda viviam em domicílios sem banheiro. Isso foi verificado em 2,6% da população. No Norte do país, 11% dos moradores não tinham banheiro em casa.

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