"Compre na baixa e venda na alta". Esse bordão, tão usado em negociações e ouvido em filmes de Hollywood, nem sempre é aplicável em situações cotidianas. Com a previsão de alta do dólar até o fim do ano, muitas pessoas podem se sentir atraídas em comprar a moeda estrangeira para revendê-la lá na frente. Porém, é preciso ficar atento a alguns detalhes, que podem fazer toda a diferença.
O R7 conversou com o Silvio Campos Neto, economista da consultoria Tendências, para tentar desvendar se comprar o dólar agora valeria a pena para ser revendido no final do ano. O resultado, mesmo com a previsão de alta, não é o que muitas pessoas acreditam.
— Não é muito recomendado. Tudo isso tem de ser comparativo. E hoje você tem uma taxa de juros no Brasil, a taxa básica de cerca de 12% ao ano. Então, para valer a pena, você tem de ter em um horizonte de um ano uma valorização do dólar acima desses 12%.
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Em um cálculo simples, que não reflete a realidade da maneira mais fiel, Neto usa o dólar comercial como base. Com o dólar atualmente na faixa de R$ 2,60, e a previsão do Banco Central de que ele chegue a R$ 2,80 no final do ano, a moeda teria valorização de 6%. Esse número, porém, não surtiria o impacto desejado, já que a valorização deveria ser superior aos 12% dos juros no Brasil para que o negócio valha a pena.
— Nesse caso não valeria a pena. Teria de subir muito mais para conseguir alcançar esse objetivo.
Incerteza
O valor do dólar em comparação com o real também pode sofrer muitas variações, destaca o economista.
— Há expectativa de muita oscilação ainda. Tanto em virtude de fatores locais como externos. No exterior, a perspectiva é a de alta ao longo do ano.
A justificativa pode ser explicada em dois pontos, segundo Neto.
— Primeiro, o dólar tende a continuar se valorizando em relação às outras moedas [...]. Em segundo, no Brasil pesa um pouco por causa dos preços de commodities e o recuo nos preços que temos observado nos últimos meses.