Banco UBS deve finalizar hoje acordo de compra do Credit Suisse
Possível quebra do segundo maior banco suíço causou turbulência no setor financeiro global na última semana
Economia|Do R7
Pressionado pelas autoridades, o UBS, principal banco suíço, deve finalizar a compra de seu rival, o Credit Suisse, neste domingo (19) para evitar uma derrocada e uma onda contagiante de pânico nas bolsas na segunda-feira.
O Credit Suisse é um dos 30 maiores bancos do mundo e sua espetacular quebra da bolsa na semana passada gerou nervosismo no mundo financeiro, que teme um efeito de contágio após o colapso de outras duas instituições nos Estados Unidos.
Vários membros do governo suíço se reuniram na manhã de domingo no Ministério das Finanças na capital Berna, informou o jornal 20 Minutes.
O presidente da confederação, Alain Berset, e outros membros do Conselho Federal chegaram a partir das 10h30 (6h30, em Brasília), após uma série de reuniões de crise realizadas no sábado.
Um acordo de compra em que o Credit Suisse será absorvido pelo UBS será selado neste domingo em reunião extraordinária do governo e dos diretores das duas entidades, informou o tablóide Blick no sábado.
A fusão é um assunto complexo que normalmente levaria meses para ser concluído, mas sob pressão das autoridades, o UBS terá que fechar o negócio dentro de alguns dias.
As autoridades suíças consideram que não resta outra alternativa senão pressionar o UBS a superar a relutância, impulsionada pela pressão dos principais parceiros econômicos e financeiros da Suíça, que temem pela estabilidade dos seus próprios mercados financeiros, segundo o Blick.
"Quando o mercado de ações abrir na segunda-feira, o Credit Suisse poderá ser coisa do passado", disse o tablóide.
As regras da suíça determinam que o UBS deve consultar os seus acionistas durante um período de seis semanas, mas podem ser aplicadas medidas de emergência para esta operação, segundo o diário de negócios Financial Times, citando fontes que pediram anonimato.
'A fusão do século'
O mercado suíço abre na segunda-feira às 9h (5h, em Brasília), e espera-se que uma solução seja encontrada até lá, já que o Credit Suisse é visto como um elo fraco no sistema.
As ações do banco registaram uma queda recorde na quarta-feira (8), e o seu valor na bolsa de Zurique despencou para 7 bilhões de francos suíços (R$ 40 bilhões), uma cifra quase irrisória para uma entidade considerada de importância sistêmica, razão pela qual a sua falência deve ser evitada.
Segundo o Financial Times e o Blick, os clientes do banco sacaram 10 bilhões de francos suíços (R$ 57 bilhões) em depósitos em um dia no final da semana passada, uma indicação tangível de desconfiança na instituição.
O jornal SonntagsZeitung chamou o possível acordo de "a fusão do século".
"O impensável se torna realidade: o Credit Suisse está prestes a ser adquirido pelo UBS", disse o semanário.
Segundo a agência Bloomberg, o UBS exige que as autoridades públicas paguem custas judiciais e perdas potenciais que podem chegar a bilhões de francos suíços.
A negociação está estagnada em torno das atividades de banco de investimento, segundo a agência, e uma das hipóteses para sair da crise é que a compra seja parcial e deixe essa divisão de fora.
Estas negociações decorrem após uma semana turbulenta na bolsa em que o banco central suíço teve de intervir e emprestou ao Credit Suisse 53,7 bilhões de dólares (R$ 300 bilhões) para lhe dar uma lufada de ar fresco e tentar apaziguar o nervosismo dos investidores, mas sem sucesso.
No final de outubro, o Credit Suisse apresentou um grande plano de reestruturação que previa o corte de 9.000 empregos até 2025, representando 17% de sua força de trabalho.
A entidade, com um quadro de 52 mil pessoas no final de outubro, queria focar em atividades mais estáveis e transformar radicalmente sua banca empresarial.