CNI considera compreensível, mas 'insuficiente', o corte de 0,5 ponto
Ricardo Alban avalia que, mantido o cenário de controle da inflação, o BC deve promover novos e mais intensos cortes
Economia|Do R7

A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de reduzir a taxa Selic em 0,5 ponto percentual, para 12,25% ao ano, foi considerada "compreensível" pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), mas "insuficiente" para impedir a queda da atividade econômica.
"A queda da Selic não é suficiente para impedir custos adicionais e desnecessários em termos de atividade econômica. Tenho a plena convicção de que a queda de juros não está na velocidade de que nós precisamos. Na verdade, estamos em uma armadilha, porque a nossa taxa Selic atingiu um patamar bastante desestimulante. Entendo que não é possível fazer uma queda abrupta, mas o Banco Central poderia ser um pouco mais desafiador e ter iniciado uma redução mais acelerada", disse o presidente da CNI, Ricardo Alban. A expectativa do executivo é que, mantido o cenário de controle de inflação, sejam realizados novos e mais intensos cortes nas próximas reuniões.
Alban ressaltou que, mesmo com as reduções na Selic realizadas em agosto e setembro, a taxa de juros real está em 8,5% ao ano, 4 pontos percentuais acima da taxa de juros neutra, "aquela que não estimula nem desestimula a atividade econômica". "Isso deixa claro quão contracionista tem sido a política monetária brasileira e que o patamar da Selic ainda é excessivo para o cenário de inflação corrente, assim como para a perspectiva de inflação futura", afirmou.
A CNI declarou ainda que o "cenário de crédito está bastante prejudicado", com retração de 6,4% em termos reais nas concessões às empresas nos oito primeiros meses de 2023. "Na atividade econômica, os resultados também são preocupantes. A produção da indústria de transformação teve queda de 1,2%, na comparação de janeiro a setembro de 2023 com o mesmo período de 2022. No setor de serviços, já há sinais de desaceleração: no bimestre encerrado em agosto houve estabilidade, enquanto no bimestre encerrado em junho tinha ocorrido alta de 0,6%."
Além da desaceleração da inflação corrente, as expectativas de inflação continuam a apontar para um cenário mais positivo, conforme indica o Relatório Focus, do Banco Central. Para 2023, espera-se o cumprimento da meta de inflação após dois anos, com as projeções em 4,63%, abaixo do teto da meta (4,75%). Para 2024, a inflação esperada está em 3,9%, apontando novamente para o cumprimento do regime de metas de inflação. Todos esses fatores justificam uma intensificação dos cortes nas próximas reuniões.